30/08/2010

Homem-Aranha: dos quadrinhos para a telona.


Uma produção cinematográfica com o Homem-Aranha estava nos planos da Marvel Entertainment há bastante tempo, tendo sido adiada por limitações técnicas e problemas legais. Mas, no ano 2000, os executivos da empresa puderam enfim voltar suas atenções para o herói aracnídeo; o resultado foi uma “verdadeira sensação”! Com produção executiva de Avi Arad e Stan Lee, direção de Sam Raimi, Homem-Aranha estreou em maio de 2002, precedido por uma esmagadora campanha publicitária. No elenco, o razoável Tobey Maguire como protagonista, a esquisitinha Kirsten Dunst no papel Mary Jane e o intenso Willem Dafoe como Norman Osborn / Duende Verde (além de boas atuações nos papéis coadjuvantes de J. Jonah Jameson, Tio Ben e Tia May). Com efeitos visuais convincentes, uma ótima fantasia para o Aranha e interpretações que não comprometiam, o filme foi bem recebido, batendo recordes na estreia.

Algumas situações e cortes ecoam outras produções com super-heróis (como Superman – O Filme de 1978 e Batman – O Filme de 1989). Mas o primeiro longa do Aranha tem caráter próprio, o que se deve especificamente ao que ele pegou dos quadrinhos. A começar por elementos adaptados da primeira HQ escrita por Stan Lee, como a personalidade de Peter Parker, o desafio de luta livre, o acidente no laboratório e a participação indireta na morte do Tio Ben (que no filme é quem diz a versão mais corrente da frase célebre: “Com grande poder vem grande responsabilidade”). Dos quadrinhos clássicos, também saiu a amizade com Harry Osborn, a luta com o Duende Verde sobre uma ponte de Nova York (na qual se trocou Gewn Stacy por Mary Jane) e ainda a morte do vilão. Já da versão Ultimate de Bill Jemas e Brian Michael Bendis, o filme tomou emprestado a ideia de uma aranha geneticamente alterada, o fato de ser um animador de luta livre quem bola o nome para o herói, além de mais algumas cenas.

Mas o longa também trouxe suas contribuições originais, como a boa sequência com a descoberta dos poderes (que seria "citada" no segundo filme do herói e parodiada em outras produções). A alteração mais significativa da versão cinematográfica, em relação aos quadrinhos, é o fato de o Aranha de Sam Raimi produzir biologicamente sua teia, que sai de seus pulsos (estando ausentes, portanto, os atiradores de teia sintética das HQs). Embora o final seja excessivamente violento (para um filme que, na certa, seria assistido por crianças), Homem-Aranha foi um sucesso de bilheteria. Com isso, diretor e elenco ganharam a chance de fazer um trabalho ainda melhor numa continuação. Lançado em junho de 2004, Homem-Aranha 2 foi aguardado ansiosamente pelos fãs do herói e por todos que haviam assistido ao primeiro filme. E dando continuidade à história iniciada dois anos antes, a nova produção correspondeu às expectativas, superando em qualidade seu antecessor.

A história começa com Peter às voltas com as dificuldades de conciliar trabalho, estudo e a vida-dupla como super-herói. Sempre atrasado e correndo atrás de uns trocados, ele tem ainda que lidar com o ressentido amigo Harry (que culpa o Homem-Aranha pela morte de seu pai) e com seu próprio amor reprimido por Mary Jane (da qual se afastou por temer que algum vilão pudesse lhe fazer mal). Se não bastasse, seus poderes começam a falhar e sua amada aceita o pedido de casamento do filho de J. Jonah Jameson (este, aliás, continua sua campanha difamatória contra o Aranha). Para completar, um acidente de laboratório transforma o físico Otto Octavius no vilão Dr. Octopus (interpretado pelo ótimo ator Alfred Molina). Tantas complicações acabam sendo demais para nosso herói, que decide pendurar a máscara; mas isso até sua amada ser capturada pelo supervilão, agindo em acordo com Harry Osborn.

No final, o herói triunfa, vence o vilão, salva a cidade e fica com a mocinha. Já para os que foram ao cinema em 2004, ficou a sensação de um filme de ação que valeu a pena! Pois se continua a história e até se inspira no longa anterior, Homem-Aranha 2 também traz uma evolução, encontrando seu estilo e sua linguagem própria. Os acertos já começaram na escolha do Dr. Octopus para o vilão, o que acabou rendendo cenas interessantes com seus tentáculos e nas lutas contra o Aranha (embora às vezes os bonequinhos de computação gráfica estraguem a ilusão). Com mais espaço para os ótimos coadjuvantes Tia May (Rosemary Harris) e J. Jonah Jameson (J.K. Simmons), para o desenvolvimento de personagens e para sequências dinâmicas, a continuação superou em muito o primeiro filme. Com isso, criou-se uma grande expectativa para a terceira parte da “trilogia”; expectativa esta que, infelizmente, não foi correspondida.

Lançado em abril de 2007, Homem-Aranha 3 pecou pelo excesso. Vilões demais, tramas paralelas demais, autorreferências demais, draminhas demais (como se para superar o que foi feito antes bastasse empilhar mais e mais informações). A história começa de forma oposta ao filme anterior: o Aranha é agora um herói amado e aclamado pelos habitantes de Nova York, enquanto a carreira teatral de Mary Jane passa por uma péssima fase. A situação não melhora quando Gwen Stacy entra em cena, o vingativo Harry Osborn assume a identidade do novo Duende Verde e surge o Homem de Areia (que teria tido uma participação na morte do Tio Ben). Somos apresentados então ao lado sombrio de Peter e à versão cinematográfica do "uniforme negro", que irá assumir as características do vilão Venon. No final, o herói e seus oponentes se enfrentam numa luta, tendo (mais uma vez) a vida de Mary Jane por um fio.

Com orçamento multimilionário e bons efeitos visuais, a terceira aventura cinematográfica do Homem-Aranha tinha tudo para ser um ótimo filme de ação. Mas, dividido entre vilões saídos dos anos 60, 70 e 80, o longa se arrasta e dá voltas em torno de si mesmo, até um final sentimentalista. Mas Homem-Aranha 3 teve ótimo retorno financeiro, o que asseguraria a realização de um quarto (e até um quinto) filme da série, também dirigido por Sam Raimi e com o mesmo elenco principal. A produção chegou a ser iniciada, porém, diretor e estúdio entraram em desacordo e o filme acabou sendo cancelado. Com o anúncio do encerramento da série de Raimi, o Marvel Studios deu partida numa nova sequência de aventuras cinematográficas do Aranha, com um novo diretor e um novo elenco. Informações dão conta de que o novo filme, agendado para 2012, terá como base a revista Ultimate Spider-Man. É aguardar para ver...

10 comentários:

Jaison disse...

É, eu concordo com o que vc disse. O primeiro filme é bom pela aventura e o segundo deu uma melhorada - eu fiquei pensando: 'será que o aranha conseguiria parar um trem em alta velocidade com teia e as pernas no quadrinho? hehee.. - O terceiro é ruim, não gostei nada. Mesmo gostando dos dois primeiros, não é um filme que me faça ir ao cinema pra ver assim com tanta ansiedade.

Wellington Srbek disse...

Pois é, caro Jaison, um bom filme se faz no roteiro, e HA3 nem de longe tem um bom roteiro.
Nessas horas eu fico imaginando o que eu conseguiria fazer com os recursos vultuosos que esses caras desperdiçam em filmes ruins...

Flávio Túlio disse...

Realmente, HA 1 e 2 foram bons e o 3 decepcionou. Mas uma coisa que me irritou nesses filmes, foi a quantidade de vezes que o Peter tirava a máscara. Nos quadrinhos ele quase nunca faz isso. Será que foi pra valorizar o ator? Aliás, não gosto desse Tobey Maguire como Peter Parker. Tudo bem que o personagem é um Nerd, mas ele exagerou na dose.

Wellington Srbek disse...

Acho que é por isso mesmo, para as meninas poderem ver a carinha do Tobey Maguire.

Lillo Parra disse...

Primeiro, parabéns pela série Wellington! Ficou ótima!
Realmente, o 3º filme foi uma meleca. Ruim demais. Só que ruim com um baita de um visual. Mas quem disse que visual segura um filme? Se não tem roteiro não há Venon que segure. ó segundo é meu preferido (e acho que é meio uma opinião geral). Parece covardia o Maguire ao lado do Molina, a diferença técnica é grande demais. Mesmo atrás dos tentáculos você sente o peso do personagem. Agora vamos aguardar a nova série. Espero que eles acertem a mão como nos dois primeiros.

Wellington Srbek disse...

Pelo pouco que li até agora sobre o novo filme do Aranha e também sobre X-Men - First Class, pareceu-me que a ideia deles é fazer uma coisa mais "teen", Lillo. Começar com os personagens bem jovens para ir rendendo continuações. Isso sem falar na busca de indentificação com o público, já que quase tudo hoje é pensado para os adolescentes.
Mas muito legal que tenha gostado da série do Aranha! Não sei quando terei tempo de me dedicar novamente a uma sequência como esta. Mas vamos ver... Abraços!

Jaison disse...

Nossa! Será que esse negócio de onda Teen ainda vai continuar pegando?! X Men Evolution foi demais... eu gostaria de ter visto continuação. Smallville, Dark Knight em desenho animado, SpiderMan 3D, etc, etc... tudo na decada que se passou. Só quero ver se pega... os personagens de comics vão acabar perdendo espaço para os personagens de games já que hoje esse é o maior entretenimento do mundo (nada a ver com o assunto, mas...).

Wellington Srbek disse...

O mundo hoje é dos "teens", Jaison, o cinema então nem se fala...

Marcus disse...

Olha, fazia tempo que não entrava aqui, e quando volto, meus pedidos foram atendidos! Valeu Mestre Srbek.

Homem Aranha é muito importante para mim. Meu herói de infância e adolescência que me acompanha ate hoje (Pelo menos as historias do passado, por que as atuais são uma lastima...). Acredito que poucos heróis tenham tamanho carisma e empatia com o publico. E com certeza o Homem Aranha é um deles (Os outros, em minha opinião seriam Batman e Superman – o ultimo mais em crianças). Muito, mais muito obrigado pelos Artigos.

Agora so falta um sobre Star Wars...

Abraços de seu padawan!

Wellington Srbek disse...

Sabe que eu já tinha pensado em escrever uma postagem sobre Star Wars? Faltou oportunidade...
Mas aí estão os textos sobre Homem-Aranha, para você ler, reler e indicar aos amigos.
No mais, que a força esteja com você, meu jovem aprendiz!