10/01/2008

Mangás, os quadrinhos japoneses.


No Japão, as histórias em quadrinhos são consideradas uma forma de arte tão importante quanto qualquer outra, fazendo parte do cotidiano de pessoas de todas as idades. Naquele país, as HQs são utilizadas inclusive como instrumentos para facilitar a alfabetização das crianças, uma vez que o sistema de escrita japonês é extremamente complexo. As publicações mais populares, com histórias para o público jovem de ambos os sexos, chegam a vender centenas de milhares de exemplares por semana.

As revistas em quadrinhos japonesas são chamadas "mangás", têm em média 400 páginas e são impressas em papel de cores diferentes, embora as HQs em si não sejam coloridas, excetuando eventuais páginas introdutórias. Com uma produção gráfica barata, os mangás em geral são objetos descartáveis, deixados de lado logo após serem lidos. Cada edição traz várias histórias em capítulos, sendo que as séries de maior sucesso são reeditadas em coletâneas especiais, com papel e impressão de qualidade superior. Nascidas de uma indústria voltada para o público e os autores nacionais, algumas séries são publicadas durante anos, formando coleções com milhares de páginas.

Além de designar a linguagem artística e as revistas em quadrinhos em si, a palavra “mangá” acabou por representar também o estilo mais característico das HQs japonesas. E o principal responsável pelo estilo japonês de fazer quadrinhos foi Osamu Tezuka, um médico que dedicou sua vida às HQs e animações, sendo considerado o "pai" dos mangás modernos. Inspirado pelos primeiros desenhos animados de Walt Disney e por figuras do teatro japonês, Tezuka criou os olhos gigantescos que são o elemento característico dos quadrinhos japoneses, desenvolvendo um estilo cartunístico que conjuga um traço conciso a uma narrativa bastante dinâmica.

O personagem mais famoso criado pelo quadrinista foi Tetsuwan Atomu (Astro Boy), um menino-robô movido a energia atômica, que luta pela paz mundial. O sucesso das HQs de Tezuka possibilitou que seus personagens fossem parar em desenhos animados, tornando-o também um pioneiro dos animes. Osamu Tezuka faleceu aos 60 anos, em 1989, deixando mais de 100 mil páginas de quadrinhos e centenas de horas de animação. Um dos mais importantes quadrinistas de todos os tempos, sua influência na história dos quadrinhos japoneses é tanta que ele é venerado por fãs como "o deus dos mangás".

A cultura japonesa privilegia os aspectos visuais, o que influencia diretamente os mangás. Em algumas HQs, várias páginas se passam sem que uma palavra seja dita, havendo no máximo a presença de onomatopéias. Mas a velocidade das sequências de ação contrasta com as cenas contemplativas em que a paisagem domina ou os momentos de introspecção dos heróis nipônicos. Os quadrinistas japoneses também aprimoraram o uso das “linhas de movimento”, traços retos ou curvos que auxiliam na ilusão de movimento espacial, dando mais "velocidade" e impacto às cenas. O fato é que, nos melhores mangás, a ênfase nas imagens não prejudica o elemento fundamental dos quadrinhos, que é a narrativa. Com isso, os quadrinhos japoneses acabaram trazendo importantes inovações que possibilitaram uma renovação na linguagem das HQs ocidentais.

Mas a sociedade japonesa é também marcada pelo contraste entre a modernidade e a tradição, o que se reflete nos quadrinhos produzidos naquele país, povoados por samurais e seres míticos, robôs e monstros alienígenas. A verdadeira explosão mercadológica e cultural dos quadrinhos japoneses aconteceu após a Segunda Guerra Mundial. Num país arrasado e humilhado, os mangás tornaram-se um meio de fuga da tensão cotidiana, bem como uma forma de reafirmação da identidade nacional, frente à dominação e influência estrangeira.

Com isso, os autores japoneses buscaram na história de seu país os samurais, representantes da honra e dos costumes, símbolos de um passado em que os guerreiros seriam invencíveis. Surgiram também os robôs e os seres mitológicos, heróis fantásticos encarregados de representar a "superioridade japonesa". Na verdade, violência e guerra são temas constantes nos mangás, pois não é raro encontrarmos nessas publicações lutas entre robôs e monstros, simbolizando a resistência japonesa a uma invasão real. Afinal, as bombas atômicas que explodiram em Hiroshima e Nagasaki deixaram marcas permanentes no Japão, e os quadrinhos acabam tendo uma função de alertar e educar as novas gerações para que tragédias como essa não aconteçam novamente.

2 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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