31/07/2008

Erotismo e belas imagens em álbuns europeus.


Um dos modelos de publicação mais bem-sucedidos dos quadrinhos é o álbum europeu (ou “franco-belga” como é mais conhecido por lá). Com uma elaboração plástica superior e um conteúdo literário ausente nos comics em geral, o formato álbum já originou algumas das melhores criações da arte dos quadrinhos (Verão Índio, Companheiros do Crepúsculo e Tangências, para citar alguns favoritos). Recentemente, tive acesso a dois interessantes trabalhos: Predadores I lançado pela brasileira Devir (capa cartonada, 20cm x 28cm, 64 páginas, R$29,90) e Vidas a Contraluz da espanhola Diábolo (capa-dura, 22,5cm x 30cm, 72 páginas, 15 euros).

Escrita pelo belga Jean Dufaux e ilustrada pelo italiano Enrico Marini, a série Predadores foi lançada há dez anos, somando cinco volumes. A história se passa em Nova York, onde misteriosos assassinatos chamam a atenção da tenente Vicky Lenore e do detetive Benito Spiaggi. Avançando em sua investigação, a dupla de policiais acaba deparando com uma antiga e poderosa sociedade secreta. Mas os mistérios só começam a despontar quando os crimes investigados colocam em cena o que parecem ser duas raças de vampiros inimigas. Embora haja algum sangue derramado neste primeiro volume, os supostos vampiros não exibem as tradicionais presas afiadas.

Na verdade, os irmãos Camilla e Drago (principais destaques do álbum) preferem um estilo mais contido, trocando o terror, pela sensualidade. Se essa primeira edição não vai muito além de colocar as “peças no tabuleiro”, as primeiras cinquenta páginas de Predadores devem agradar a quem gosta de tramas envolvendo sociedades secretas. De qualquer forma, o melhor do álbum são suas imagens de traços elegantes, finalizadas com técnicas de pintura (algo que se tornou característica dos álbuns europeus). Com páginas atraentes e bem finalizadas, a HQ ainda nos brinda com cenas de sexo e belas personagens seminuas, não trazendo, contudo, todo o erotismo de outros quadrinhos europeus (de Manara ou Crepax, por exemplo).

Vidas a Contraluz, produzida pela dupla Raule e Roger, é uma coletânea de histórias curtas que haviam sido publicadas em 2002 e 2003. O trabalho dos autores evidencia um bom entrosamento que envolve o leitor na ambientação cotidiana de suas narrativas. O melhor fica por conta da primeira parte (“Amores Muertos”) que tem como tema central fantasmas; mas não os espectros das histórias de terror, e sim a lembrança e o vazio deixados pelos amores perdidos. Aqui também o erotismo e belas mulheres nuas são atrativos à parte, com páginas em que o sexo é bastante explícito e por vezes poético. Uma HQ para “gente grande”, o álbum da Diábolo narra dramas reais, com personagens não mais que humanos, em belas sequências ilustradas.

Em linhas gerais, Vidas a Contraluz é um trabalho bastante profissional, publicado de forma exemplar por uma pequena editora voltada aos quadrinhos do próprio país (repetindo a valorização dos autores locais que sempre beneficiou e fundamentou os álbuns europeus).

14 comentários:

Nuno Amado disse...

A série Rapaces apenas contêm quatro volumes.

Wellington Srbek disse...

A edição da Devir traz a informação de que a série Rapaces tem os Tomos de 1 a 4, mais Les Carnets de Costanza. Portanto, são cinco volumes.

Nuno Amado disse...

Eu não sei o que a Devir fez à série "Rapaces", que eu conheço muito bem porque a possuo, mas que só tem quatro volumes... só!
Não quero com isto estar a discutir um volume a mais ou a menos, nem tenho nada com isso, pois o blog é teu, mas como podes verificar aqui neste link (Bedetheque), http://www.bedetheque.com/serie-264-BD-Rapaces.html
Não pretendo com isto estar a "desatinar" contigo... apenas estou a constatar um facto!
Quando quiseres informação real sobre Franco-Belga, esse é o site a consultar :)

Nuno Amado disse...

http://bongop-leituras-bd.blogspot.com/2008/07/rapaces.html
:)

Wellington Srbek disse...

Certamente, bongop, e eu aprecio e agradeço comentários com opiniões, informações e críticas, que fazem este blog ser não só meu, mas de todos que o visitam e participam.
Porém, o fato é que um quinto volume existe sim. Você pode vê-lo aqui:
http://www.evene.fr/livres/livre/jean-dufaux-et-enrico-marini-les-carnets-de-costanza-23800.php
e pode também comprá-lo aqui:
http://livre.fnac.com/a1862971/Rapaces-Coffret-5-volumes-T1-a-T4-plus-Les-carnets-de-Costanza-Rapaces-Marini
Aproveito, por fim, para convidar a todos para conferir o link que você colocou no comentário anterior, com sua boa resenha de Rapaces/Predadores.
Abraço!

Nuno Amado disse...

Olá Wellington
O álbum que tu falas é uma "fora-de-série", que não está editado em Portugal. Quando eu disse que a série Rapaces (Predadores) tinha quatro volumes foi apenas porque a estória é na realidade de quatro volumes... está bem, existe um "quinto" volume, mas que não tem relevo para a estória. É como dizem em França, um "hors série", assim como é o livro "Apaches" na série Blueberry.

Abraço

Anônimo disse...

novo blogs de quadrinhos:
n-rod.blogspot.com

Anônimo disse...

Olá, gostaria de aproveitar o espaço relacionado a quadrinhos europeus (franco-belgas) de qualidade para informar sobre o lançamento do livro “O Terceiro Testamento”. Originalmente feita em francês, essa história em quadrinhos conta com as assinaturas de Alex Alice, responsável pelas ilustrações, e de Xavier Dorison, pelos textos. Quem traz esse título ao Brasil é a Multi Editores.
São quatro volumes e o primeiro já está disponível em algumas bancas e livrarias e também no site http://multieditores.com.

Hunter disse...

O quinto volume de Rapaces é um "sorcebook", que mostra material de bastidores, esboços e afins. Tipo o 13º álbum de XIII, que saiu no Brasil no número 7 da Panini. Não é essencial para a série.

Hunter (Pedro Bouça)

Wellington Srbek disse...

Sim, é um volume completar que não faz parte da história dos Tomos I a IV de Predadores.
Abraço!

ArtCrew Comics disse...

Kra, o estilo europeu, me parece mais sombriu, mais medieval de fazer quadrinhos.

Wellington Srbek disse...

Na verdade, os quadrinhos europeus em geral têm uma abordagem mais artística, mais autoral que a dos quadrinhos norte-americanos em geral.
Mas misturando o que você falou sobre quadrinhos europeus sombrios e medievais, sugiro a leitura do fantástico Os Companheiros do Crepúsculo.

Lucas Pimenta disse...

com quatro ou cinco volumes, só sei que a série é fantástica e vou comprar todas... Assim que a Devir voltar a lançar o restante...

Wellington Srbek disse...

Falou e disse!
E pelo que vi, Lucas, as páginas vão ficando cada vez mais bonitas e eróticas...