24/07/2010

Os Supremos e os Ultimate X-Men se enfrentam em Ultimate War.


Quando chegava ao fim de sua fase na série Ultimate X-Men e em meio à produção da excelente The Ultimates, o roteirista Mark Millar escreveu uma minissérie que colocou frente a frete os dois grupos de heróis. Publicada pela Marvel no primeiro semestre de 2003, dividida em quatro edições, Ultimate War contou com os bons desenhos de Chris Bachalo, arte-final de Tim Townsend e cores de Paul Mounts.

Lançada em 2001 na trilha do sucesso de bilheteria e tendo como inspiração X-Men – O Filme, a série Ultimate X-Men chegou com um ritmo dinâmico e o traço comercial dos irmãos Adam e Andy Kubert. Apresentando um novo começo alternativo para os heróis mutantes, essa revista voltada ao público jovem logo se tornou um sucesso, atraindo leitores que haviam descoberto os personagens através do filme e não precisariam conhecer décadas de cronologia para entender suas HQs.

Lançada em 2002, The Ultimates por sua vez trouxe uma abordagem mais adulta e menos comercial dos super-heróis, em que cenas de luta dão lugar a diálogos e a ação bombástica é substituída por um ritmo mais compassado. Reinventando os heróis Marvel clássicos para o século 21, a revista ilustrada pelo talentoso Bryan Hitch superou as expectativas, sendo a melhor série de super-heróis dos últimos dez anos e também uma fonte de inspiração para os filmes da Marvel.

Reunindo os dois principais grupos da linha Ultimate, em termos estilísticos e narrativos, Ultimate War foi um encontro dessas duas abordagens distintas. Traduzida no Brasil como "Guerra Suprema", devido ao nome dado por aqui ao grupo liderado pelo Capitão América, a minissérie tem como grande vilão Magneto, dando inicialmente mais destaque aos Supremos do que aos X-Men. Ainda assim, pelas implicações de disputa racial, a história está mais para uma aventura mutante.

Tudo começa com um atentado terrorista na Ponte do Brooklyn, que deixa centenas de vítimas. Enquanto Thor e Homem de Ferro resgatam os corpos das vítimas, Capitão América, Viúva Negra e Gavião Arqueiro saem à captura da Irmandade dos Mutantes. Os X-Men só dão mesmo as caras na segunda edição, mas logo Os Supremos roubam de novo a cena. Embora os diálogos e a interação dos personagens seja a tônica principal, eles não funcionam tão bem quanto em The Ultimates.

Uma razão para isso está no estilo de desenho e nas escolhas narrativas dessa HQ. Em 1994 e 1995, Chris Bachalo era o melhor artista das revistas de super-heróis, com fases excepcionais nas séries Ghost Rider 2099 e Generation-X. Com o passar dos anos, porém, seu trabalho pendeu para o lado dos mangás e animes, ganhando mais estilização no traço e recortes na narrativa. Assim, apesar de seu desenho em Ultimate War ser interessante, ele não serve tão bem ao roteiro de Millar.

Não faltam referências ao clima político e a fatos ocorridos nos primeiros anos após o 11 de Setembro; com isso, as sequências de ação foram deixadas para o final da segunda e terceira edições, explodindo no último número da minissérie. Aí sim as coisas ficam interessantes, com Colossus encarando o Homem de Ferro, Tempestade enfrentando o Thor, Wolverine versus Capitão América, etc. Infelizmente, já é tarde e as páginas da minissérie chegam ao fim, com um pouco mais de conversa.

Uma possível conclusão é que a abordagem que funcionou tão bem em The Ultimates e um estilo visual que serve às HQs de ação de Ultimate X-Men acabaram de certa forma se anulando em Ultimate War. Como resultado, a história avança na trajetória dos Ultimate X-Men, à qual esta minissérie pertence. Para os rumos dos Supremos, a história não interfere realmente, não fazendo falta aos fãs desses heróis, vistos em sua melhor forma nas revistas assinadas por Millar e Hitch.

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