31/10/2008

Convenção dos Monstros.


Sou daquelas pessoas que acham estranho festas de Halloween no Brasil. Afinal, essa celebração de origem celta, muito popular nos Estados Unidos, não faz parte da tradição cultural brasileira. Claro que não vou aqui defender qualquer purismo cultural, pois isso é coisa de fascistas, nazistas e outras aberrações políticas. Mas o fato é que, na onda do colonialismo cultural que nos acomete há décadas, muitas vezes assimila-se inconscientemente o que vem de fora, sem se questionar os interesses sociopolíticos envolvidos.

Por outro lado, há o desejável e produtivo jogo de trocas culturais, no qual o que vem de fora dinamiza e enriquece uma produção local. O ideal, obviamente, é que se tenha uma “via de mão dupla”, na qual ambas as partes se influenciam mutuamente (seria o que se chama de “polinização cruzada”). Contudo, isso nem sempre é assim, e muitas vezes as periferias político-econômicas acabam apenas consumindo o que se produz nos grandes centros mundiais. Quando criança (eh, lá vou eu de novo abrir o baú de memórias)...

Quando criança, sendo de classe média e morando numa cidade grande, eu era um quase completo alienado cultural. Em grande parte a televisão era todo meu mundo simbólico. E se não fosse pelos episódios da versão original do Sítio do Pica-Pau Amarelo, minha mente seria dominada exclusivamente por naves, alienígenas e superamigos made in USA. A verdade é que os desenhos e seriados norte-americanos influenciaram decisivamente meu imaginário e meus gostos e escolhas pessoais (“para o bem e para o mal”).

Certamente, poucas coisas a que assisti foram tão marcantes quanto duas animações exibidas em especiais da Disney para o Dia das Bruxas: O Velho Moinho e A Lenda do Cavaleiro Sem-Cabeça. Mais tarde, seria a vez dos oito episódios do incomparável e impagável anime Dom Drácula. Obras-primas quase acidentais, essas animações foram responsáveis por meu gosto por histórias de terror. Com o tempo, é claro, acabei descobrindo os clássicos da literatura, os filmes do expressionismo alemão e os quadrinhos de terror.

Misturando todas essas influências vindas de fora, há alguns anos escrevi um poema narrativo intitulado “Convenção dos Monstros”, que reproduzo acima (para ler o poema, basta clicar na imagem). Nele, reúno alguns dos mais conhecidos personagens do terror, incluindo uma ou duas figuras históricas e outros seres mais obscuros. Todos os personagens citados são de domínio público, tendo saído de alguma fonte literária, cinematográfica ou popular. Enfim, espero que gostem desta história de terror em versos, e vida longa a nossos queridos monstros!

6 comentários:

Velho disse...

Muito bacana cara, gostei principalmente do tom da crítica no poema. Mas pergunto: a Mãe da ignorância seria a indústria cultural?
Agora, fugindo completamente do tema, mas tenho que comentar isso; cara a Conrad fez uma promoção para o dia do livro (29/10) onde estava o Estórias Gerais por 12,90!!! Só que só vi dias depois, praga! Você tem algum contato com a Conrad? Podia interligar as noticias com o teu blog assim mais gente teria acesso às promoções, até porque nem todo mundo esta cadastrado com a Conrad, nem que fosse só para o seu material.

Wellington Srbek disse...

Olá Velho,
Que bom que gostou de "Convenção dos Monstros"!
A Mãe da Ignorância no poema é a própria Besta Pandemônica, que ali reúne e simboliza todas as mazelas do mundo. Então, o lado negativo da indústria cultural também está incluído.
Que pena que você perdeu a promoção! Tenho um contato com a Conrad, mas é só burocrático, então não acho que seria viável a interligação que você sugeriu.
De qualquer forma, na listagem de links aqui no blog, o "Conrad Editora", vai direto para a página do EG na loja deles.
Abraço!

Velho disse...

Tudo bem, a idéia era usar seu blog para avisar mais pessoas quando houvesse essas promoções e tals..

Wellington Srbek disse...

A idéia é boa, e eu já até utilizei o blog para anunciar o lançamento do EG em São Paulo, dezembro passado. Quando (e se) eu lançar uma nova revista, certamente utilizarei o Mais Quadrinhos como canal de divulgação.
A questão com a Conrad é só de viabilidade, pois eu mesmo só vi aquela promoção no dia 29 à noite.
Abraço!

Hitlercito disse...

o halloween deveria estar ao servicio do Estado!!

Wellington Srbek disse...

Como este é um espaço aberto à livre expressão de idéias, fica aí o seu comentário.