18/12/2007

Alguns dinossauros dos quadrinhos.


Muito populares entre crianças e adolescentes, os dinossauros são antigos frequentadores dos quadrinhos. Em suas aventuras, Tarzan geralmente enfrentava leões, gorilas ou nativos africanos; porém, em algumas HQs, ele se deparou com ferozes tiranossauros. Essas feras saídas do passado habitavam Pal-ul-don, uma terra escondida no coração da África, na qual os dinossauros sobreviveram até os tempos modernos. Mesmo valendo-se apenas de sua destreza e de armas rudimentares, é claro que o homem-macaco sempre conseguia domar ou vencer esses fantásticos animais.

Flash Gordon, outro herói clássico dos quadrinhos de jornais dos anos 30, também teve que encarar criaturas baseadas nos monstros pré-históricos. Em suas aventuras no planeta Mongo, o herói criado pelo desenhista Alex Raymond lutava contra gigantescos lagartos inspirados em estegossauros ou brontossauros. E apesar de ter acesso à tecnologia futurista (como armas de energia), às vezes Flash Gordon acabava também enfrentando os enormes monstrengos apenas com sua coragem e força física.

Mas foi com as aventuras de Brucutu que os quadrinhos mergulharam de vez no mundo dos dinossauros. O personagem é um habitante do Reino de Mu, uma terra em que homens das cavernas e dinossauros coexistiam (algo que, na realidade, jamais aconteceu, pois milhões de anos separam a extinção dos dinossauros e o surgimento dos humanos). Lançado em 1933, Brucutu foi criado pelo desenhista V.T. Hamlin, que imaginou o Reino de Mu após encontrar fósseis de dinossauros em um campo de petróleo no Texas.

Nos anos 50 e 60, criaturas vindas do espaço sideral ou criadas a partir de acidentes científicos tornaram-se comuns no cinema e nos quadrinhos. Algumas delas não passavam na verdade de versões modernizadas ou estilizadas dos dinossauros então conhecidos. Nessa onda, os quadrinistas Jack Kirby, Steve Ditko e Stan Lee fizeram sucesso com suas HQs de ficção científica da chamada “Era dos Monstros Marvel” (cujo sucesso lançou as bases para o universo de super-heróis que surgiria em 1961).

Do outro lado do mundo, os filmes de Godzilla e as HQs de Astroboy (personagem criado pelo mestre Osamu Tezuka) deram origem à linhagem de monstros que tornou-se a marca registrada dos desenhos, seriados e quadrinhos japoneses. No Ocidente, foi na passagem para os anos 70 que os clássicos dinossauros disseminaram-se de vez. Tiranossauros, estegossauros, brontossauros ou pteranodontes tornaram-se as estrelas de filmes, desenhos e revistas, em que contracenavam com homens das cavernas ou aventureiros modernos.

A Terra Selvagem das aventuras de Kazar e o desenho O Vale dos Dinossauros lembram muito a terra de Pal-ul-don das HQs de Tarzan, que por sua vez é baseada no Mundo Perdido da literatura de Arthur Conan Doyle (o criador de Sherlock Holmes). Na mesma época, os trabalhos de desenhistas como Joe Kubert (Tor), Steban Maroto (Wolff), Moebius (Arzach) e Richard Corben (Den) mostraram realidades fantásticas, em que bárbaros e exuberantes mulheres convivem com monstros baseados nos dinossauros (neste sentido, estes mundos fantásticos seriam uma versão heavy metal do Reino de Mu).

As feras pré-históricas fazem parte da cultura contemporânea, e nos últimos anos inspiraram interessantes HQs. Aparecendo como monstros ameaçadores ou amigos cordiais, os dinossauros povoam nosso imaginário e têm um apelo especial junto ao público infanto-juvenil. Partindo desta idéia, o cartunista Bill Watterson criou sequências inusitadas nas tirinhas de Calvin e Haroldo. Assim, a visita a um museu de História Natural, uma fantasiosa viagem ao tempo dos dinossauros ou imaginar-se transformado em um tiranossauro rex são algumas das situações vividas pelo incontrolável Calvin.

A série Love and Rockets, estrelada pelo grupo de apaixonantes heróinas criadas pelos irmãos Hernandez, misturou questões cotidianas com a temática de HQs de super-heróis e ficção científica. Em uma das histórias, lançada em 1983, a mecânica de foguetes Maggie viaja para Pellucidar, uma floresta habitada por tiranossauros, braquiossauros e brontossauros (outro Mundo Perdido!). Nesta história, as sensuais personagens dos irmãos Hernandez são as protagonistas e os dinossauros aparecem como coadjuvantes (um deles acaba até se apaixonando por uma das integrantes da expedição!).

Em 1994, foi lançado por uma pequena editora norte-americana a revista Tyrant, escrita e ilustrada por Steve Bissette (desenhista de Monstro do Pântano, que já entrevistei para este blog). Publicada em preto e branco, a série narrava a vida de uma tiranossauro rex, colocando em primeiro plano a luta pela sobrevivência nas florestas do período Cretáceo. Em Tyrant, Bissette mostra toda sua expressividade artística e habilidade técnica, criando um ambiente em que plantas, dinossauros, insetos e as primeiras aves e mamíferos interagem formando um verdadeiro ciclo vital.

Os quadrinhos brasileiros também têm seus representantes do mundo jurássico. Nosso dinossauro mais famoso é sem dúvida o Horácio, personagem cartunístico criado por Maurício de Sousa. Vivendo em uma paisagem composta por vulcões e escassa vegetação, Horácio é um pequeno tiranossauro verde, que geralmente aparece envolvido em reflexões existenciais. Nas revistas da Turma da Mônica surgiu ainda Piteco, um homem das cavernas que enfrenta problemas cotidianos e dramas pessoais bastante modernos.

Nos anos 70, a influência das HQs de ficção científica e fantasia norte-americanas e européias, bem como as influências dos desenhos animados e quadrinhos japoneses, originaram algumas versões nacionais de monstros pré-históricos. O desenhista Watson Portela foi um dos principais representantes dessa fase. Um pouco mais recentemente, o quadrinista Ofeliano deu vida ao Leão Negro, um bárbaro com feições de felino que viajava sobre um réptil voador (seguindo o exemplo de Tarzan e Arzach).

2 comentários:

Anônimo disse...

Por falar em dinossauros, vale lembrar do mangá Gon. É muito engraçado e criativo, não usa nenhuma fala! Vale a pena conferir.

Wellington Srbek disse...

Bem lembrado, Aline. Eu tenho o primeiro volume e é mesmo um mangá legal!