Nesta semana que antecede o Natal, ruas e lojas estão lotadas de pessoas engajadas na maratona da escolha e compra de presentes. E se você ainda não conseguiu encontrar o presente ideal para uma pessoa querida, uma boa opção pode ser o livro Calvin e Haroldo - E foi assim que tudo começou. Lançado recentemente pela Conrad, o volume traz as primeiras tiras e páginas da saudosa série criada por Bill Watterson, no formato 21,5cm x 22,5cm, com 128 páginas e preço de R$29,90, podendo ser comprado com desconto na loja da editora.
Tirinhas envolvendo personagens infantis são um lugar-comum na longa trajetória dos quadrinhos. Podemos dizer que os pontos altos dessa tradição são as séries Peanuts de Charles Schulz e Mafalda de Quino. Enquanto na primeira Charlie Brown e sua turma servem de pretexto para o cartunista norte-americano discutir questões existências e a psicologia humana, na outra o cartunista argentino utiliza a intelectualizada protagonista e seus amiguinhos para apresentar questões sociais e também existenciais. Os dois trabalhos tornaram-se clássicos dos quadrinhos e leituras obrigatórias para os amantes dessa arte. A eles se somou, nos anos 80, a série Calvin and Hobbes de Bill Watterson, que inovou na representação do universo infantil.
Lançada em novembro de 1985 e encerrada em dezembro de 1995, Calvin e Haroldo é considerada por alguns a melhor tirinha cômica já produzida. Apresentando-nos o impagável Calvin, um hiperativo menino de seis anos, e seu inseparável amigo Haroldo, um tigre de pelúcia com muita “personalidade”, a série traz uma galeria de coadjuvantes que inclui os pais do garoto, sua babá, professora e coleguinhas de escola. Invariavelmente, todos acabam vistos e julgados pela ótica implacável de Calvin, quando não são vítimas de sua fértil e incontrolável imaginação. Este, aliás, é o elemento que fez da tirinha uma obra-prima dos quadrinhos: as fantasias e a lógica de uma criança são apresentadas de forma incrivelmente autêntica.
Colecionando algumas centenas de tiras e páginas dominicais, E foi assim que tudo começou é publicado no formato e características de sua edição original, lançada há dez anos nos Estados Unidos. O livro é o segundo editado pela Conrad em seu projeto de relançar toda a série no Brasil, no ritmo de dois volumes por ano. Como o subtítulo indica, essa nova edição reúne o começo do trabalho de Bill Watterson, que parte da apresentação do elenco da tira, passando ao estabelecimento das personalidades e interações entre os diversos personagens. Sendo uma obra em construção, alguns pontos destoam da qualidade geral. Por exemplo, a solução visual no fim de algumas tiras deixa um pouco a desejar, e em um ou dois momentos as falas de Calvin parecem um tanto inverossímeis. No todo, porém, o livro é o “velho e bom” Calvin e Haroldo, com os dinâmicos desenhos, a narrativa eficiente e o humor inteligente e caloroso.
Se por si sós os desenhos já valeriam a leitura, sobram motivos quando nos deliciamos com as acaloradas discussões dos protagonistas, ou nos sentimos tocados por suas reflexões sobre o sentido da vida. Em outros momentos, são os desabafos dos pais de Calvin ou as broncas de sua amiguinha Susie. Muitas vezes a imaginação toma conta e somos envolvidos pelos devaneios de um faminto tiranossauro ou pelas aventuras do sempre dramático e encrencado Astronauta Spiff. Certamente os fãs da série reencontrarão no livro alguns momentos favoritos e muitas imagens inesquecíveis. Para este leitor, nada se compara à emocionante tirinha em que Calvin entra em casa gritando desesperado que um “cachorrão” tinha roubado o Haroldo; no quadro seguinte, agarrado à perna de sua mãe seu rosto traz a expressão do desolado desespero de alguém que acabara de perder seu “melhor amigo”.
Calvin and Hobbes surgiu nos Estados Unidos num momento em que os quadrinhos autorais se afirmavam e produziam uma fase de altíssimo nível qualitativo e grande reconhecimento social. Artista que se recusa a permitir que sua obra seja banalizada em camisetas, canecas e outras bugigangas, após dez anos de produção, Bill Watterson soube o momento de interromper a trajetória da tira. Para os milhões de fãs em todo o mundo, Calvin e Haroldo realmente deixaram saudades. Mas temos, é claro, a compensação de podermos reencontrar esses velhos amigos nas várias coletâneas e reedições de seus quadrinhos. Para quem ainda não conhece a série, este lançamento pode ser um ótimo ponto de partida e um bom pedido para o Papai Noel!
Tirinhas envolvendo personagens infantis são um lugar-comum na longa trajetória dos quadrinhos. Podemos dizer que os pontos altos dessa tradição são as séries Peanuts de Charles Schulz e Mafalda de Quino. Enquanto na primeira Charlie Brown e sua turma servem de pretexto para o cartunista norte-americano discutir questões existências e a psicologia humana, na outra o cartunista argentino utiliza a intelectualizada protagonista e seus amiguinhos para apresentar questões sociais e também existenciais. Os dois trabalhos tornaram-se clássicos dos quadrinhos e leituras obrigatórias para os amantes dessa arte. A eles se somou, nos anos 80, a série Calvin and Hobbes de Bill Watterson, que inovou na representação do universo infantil.
Lançada em novembro de 1985 e encerrada em dezembro de 1995, Calvin e Haroldo é considerada por alguns a melhor tirinha cômica já produzida. Apresentando-nos o impagável Calvin, um hiperativo menino de seis anos, e seu inseparável amigo Haroldo, um tigre de pelúcia com muita “personalidade”, a série traz uma galeria de coadjuvantes que inclui os pais do garoto, sua babá, professora e coleguinhas de escola. Invariavelmente, todos acabam vistos e julgados pela ótica implacável de Calvin, quando não são vítimas de sua fértil e incontrolável imaginação. Este, aliás, é o elemento que fez da tirinha uma obra-prima dos quadrinhos: as fantasias e a lógica de uma criança são apresentadas de forma incrivelmente autêntica.
Colecionando algumas centenas de tiras e páginas dominicais, E foi assim que tudo começou é publicado no formato e características de sua edição original, lançada há dez anos nos Estados Unidos. O livro é o segundo editado pela Conrad em seu projeto de relançar toda a série no Brasil, no ritmo de dois volumes por ano. Como o subtítulo indica, essa nova edição reúne o começo do trabalho de Bill Watterson, que parte da apresentação do elenco da tira, passando ao estabelecimento das personalidades e interações entre os diversos personagens. Sendo uma obra em construção, alguns pontos destoam da qualidade geral. Por exemplo, a solução visual no fim de algumas tiras deixa um pouco a desejar, e em um ou dois momentos as falas de Calvin parecem um tanto inverossímeis. No todo, porém, o livro é o “velho e bom” Calvin e Haroldo, com os dinâmicos desenhos, a narrativa eficiente e o humor inteligente e caloroso.
Se por si sós os desenhos já valeriam a leitura, sobram motivos quando nos deliciamos com as acaloradas discussões dos protagonistas, ou nos sentimos tocados por suas reflexões sobre o sentido da vida. Em outros momentos, são os desabafos dos pais de Calvin ou as broncas de sua amiguinha Susie. Muitas vezes a imaginação toma conta e somos envolvidos pelos devaneios de um faminto tiranossauro ou pelas aventuras do sempre dramático e encrencado Astronauta Spiff. Certamente os fãs da série reencontrarão no livro alguns momentos favoritos e muitas imagens inesquecíveis. Para este leitor, nada se compara à emocionante tirinha em que Calvin entra em casa gritando desesperado que um “cachorrão” tinha roubado o Haroldo; no quadro seguinte, agarrado à perna de sua mãe seu rosto traz a expressão do desolado desespero de alguém que acabara de perder seu “melhor amigo”.
Calvin and Hobbes surgiu nos Estados Unidos num momento em que os quadrinhos autorais se afirmavam e produziam uma fase de altíssimo nível qualitativo e grande reconhecimento social. Artista que se recusa a permitir que sua obra seja banalizada em camisetas, canecas e outras bugigangas, após dez anos de produção, Bill Watterson soube o momento de interromper a trajetória da tira. Para os milhões de fãs em todo o mundo, Calvin e Haroldo realmente deixaram saudades. Mas temos, é claro, a compensação de podermos reencontrar esses velhos amigos nas várias coletâneas e reedições de seus quadrinhos. Para quem ainda não conhece a série, este lançamento pode ser um ótimo ponto de partida e um bom pedido para o Papai Noel!
8 comentários:
Bacana... Calvin e Haroldo são divertidos, e são quadrinhos inteligentes... Tem umas sacadas legais... Cansei de ver quadrinhos deles em questões provas, por exemplo...
Nos anos 90, a primeira coisa que eu lia no jornal eram as tirinhas do Calvin, que eram sempre originais e surpreendentes (exceto, é claro, nos dias em que o jornal repetia uma tira).
Para quem, gosta de quadrinhos nem precisa de tanta explicação.
http://somagui.zip.net
Não concordo de forma alguma com você.
Um dos problemas com os quadrinhos é que a maioria das pessoas os consideram uma mera diversão, que não precisa de muita reflexão ou qualquer explicação. O que venho fazendo há mais de dez anos e me proponho a fazer neste espaço é exatamente mostrar que se trata de uma forma de arte tão interessante e complexa quanto qualquer outra, e que portanto merece e precisa ser estudada e levada a sério.
Mas este de fato não é um blog para quem procura textos superficiais e generalistas.
Bill Waterson é um dos grandes senhores da BD cómica, adoro Calvin & Hobbes.
Agora um aparte, já li Mad Love é praticamente igual ao cartoon, tinhas dito que o cartoon foi criado primeiro não foi?
Pa terminar pergunto-te se já viste o trailer do the dark knight? e as tuas primeiras impressões de heath ledger como Joker
Um Grande Abraço
Certo, os quadrinhos xa non somente posuen complexidade na composiçao da estructura da página. Os seus temas e as suas formas abranguem moito máis.
Logo que voltei a escriver nesta mistura tan rara de galego e português (desculpenme) atrevereime a por este link dun blog argentino adicado a recuperaçao de fanzines notávels da historieta argentina:
http://argenzines.blogspot.com/
Olá _loot_,
O seriado de desenhos Batman - The Animated Series (1992) é anterior à graphic novel Mad Love (que creio ser de 1994 e surgiu a partir dele). Mas depois eles fizeram também uma adaptação da graphic novel para um episódio do seriado de animação.
Ainda não vi o trailer do novo filme do Coringa, mas vou conferir!
Hola Ismael,
Não precisas te desculpar que aqui estamos te compreendendo.
Vou conferir o endereço que enviaste.
Mas agora teu blog está com acesso limitado, não está?
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