Pode parecer difícil de acreditar, meninos e meninas, mas houve um tempo em que filmes baseados em personagens dos quadrinhos eram algo raro de se ver (o lançamento de Batman - O Filme, por exemplo, foi um acontecimento realmente único e especial para os fãs do Homem-Morcego). Nos últimos tempos, porém, quase toda semana temos um novo filme inspirado em HQs. O resultado disso é o fato de que nem todas as produções alcançam a mesma qualidade (como a dos filmes X-Men 2, O Cavaleiro das Trevas e From Hell), chegando a gerar verdadeiros fiascos (como Hulk, Demolidor e A Liga Extraordinária) que não valem uma ida na esquina. Este certamente não é o caso de Hellboy II: O Exército Dourado, o novo e bom filme de Guillermo del Toro, co-escrito por Mike Mignola e estrelado por Ron Perlman.
Arrumei um tempinho hoje e, dando prosseguimento à minha carreira de cinéfilo solitário (pois só eu mesmo para ir ao cinema em plena quarta-feira à tarde), fui conferir o segundo longa com o personagem de Mike Mignola. O filme, é claro, não é uma obra-prima da cinematografia internacional. Mas, como entretenimento e transposição de um personagem dos quadrinhos para a telona, Hellboy II não decepciona em nada e tem até uns momentos de brilhantismo (a morte do elemental gigante chega a ser poética, mas não vou dar detalhes para não estragar a graça de quem ainda não assistiu).
O fato é que, passados quatro anos desde a primeira adaptação e após realizar O Labirinto do Fauno, Guillermo del Toro demonstra ter amadurecido em seu ofício. Toda a produção é muito bem cuidada, com uma riqueza de detalhes e um sentido de conjunto que realmente transportam o expectador para dentro da história. Se as caracterizações de Hellboy e Abe Sapiens continuam simplesmente perfeitas, as demais criaturas e monstros parecem mais verossímeis e desenvoltas (nada dos demônios de roupa de borracha do primeiro filme ou da corridinha flutuante ridícula de Hellboy na sequência da ponte que desaba).
Desta vez, o roteiro do filme não se baseia predominantemente num dos álbuns de Mignola, trazendo um ou outro elemento de suas HQs. Além disso, o terror é substituído pela fantasia, pois as criaturas cósmicas saídas da literatura de H. P. Lovecraft dão lugar a elfos, fadas e ogros inspirados pelos livros de J. R. R. Tolkein (atualmente, del Toro está até envolvido na adaptação de O Hobbit). Para completar, há algumas citações cinematográficas (como uma sequência de A Noiva de Frankenstein de James Whale) e elementos inspirados por outros filmes (como as figuras que parecem saídas do bar intergaláctico de Guerra nas Estrelas, no qual Luke Skywalker e Obi-Wan Kenobi encontram Han Solo).
No geral, a história não é das mais originais, tampouco muito complexa (na verdade, desde o início, toda a ameaça poderia ter sido eliminada com um simples gesto, que acontece na sequência final). Por outro lado, há bastante ação e monstrengos interessantes, embora o principal desafio que Hellboy e seu amigo Abe Sapiens enfrentem seja de outra natureza: o amor e a difícil relação entre homens e mulheres (neste caso, entre um demônio-macaco de bom coração e uma bela jovem). Esta questão, aliás, proporciona uma das melhores sequências do filme, envolvendo latas de cerveja e música romântica. Já bastante confortáveis em seus papéis, os atores principais oferecem atuações bastante convincentes.
Ao final, a temática central do personagem criado por Mignola é relembrada, abrindo a porta para um terceiro filme, no qual o duelo entre predestinação e livre-arbítrio deverão retornar como temas centrais. Em resumo, Hellboy II: O Exército Dourado vale a ida ao cinema. Quem gostou do primeiro filme, provavelmente gostará deste também. Boa diversão, com um visual interessante e personagens cativantes.
Arrumei um tempinho hoje e, dando prosseguimento à minha carreira de cinéfilo solitário (pois só eu mesmo para ir ao cinema em plena quarta-feira à tarde), fui conferir o segundo longa com o personagem de Mike Mignola. O filme, é claro, não é uma obra-prima da cinematografia internacional. Mas, como entretenimento e transposição de um personagem dos quadrinhos para a telona, Hellboy II não decepciona em nada e tem até uns momentos de brilhantismo (a morte do elemental gigante chega a ser poética, mas não vou dar detalhes para não estragar a graça de quem ainda não assistiu).
O fato é que, passados quatro anos desde a primeira adaptação e após realizar O Labirinto do Fauno, Guillermo del Toro demonstra ter amadurecido em seu ofício. Toda a produção é muito bem cuidada, com uma riqueza de detalhes e um sentido de conjunto que realmente transportam o expectador para dentro da história. Se as caracterizações de Hellboy e Abe Sapiens continuam simplesmente perfeitas, as demais criaturas e monstros parecem mais verossímeis e desenvoltas (nada dos demônios de roupa de borracha do primeiro filme ou da corridinha flutuante ridícula de Hellboy na sequência da ponte que desaba).
Desta vez, o roteiro do filme não se baseia predominantemente num dos álbuns de Mignola, trazendo um ou outro elemento de suas HQs. Além disso, o terror é substituído pela fantasia, pois as criaturas cósmicas saídas da literatura de H. P. Lovecraft dão lugar a elfos, fadas e ogros inspirados pelos livros de J. R. R. Tolkein (atualmente, del Toro está até envolvido na adaptação de O Hobbit). Para completar, há algumas citações cinematográficas (como uma sequência de A Noiva de Frankenstein de James Whale) e elementos inspirados por outros filmes (como as figuras que parecem saídas do bar intergaláctico de Guerra nas Estrelas, no qual Luke Skywalker e Obi-Wan Kenobi encontram Han Solo).
No geral, a história não é das mais originais, tampouco muito complexa (na verdade, desde o início, toda a ameaça poderia ter sido eliminada com um simples gesto, que acontece na sequência final). Por outro lado, há bastante ação e monstrengos interessantes, embora o principal desafio que Hellboy e seu amigo Abe Sapiens enfrentem seja de outra natureza: o amor e a difícil relação entre homens e mulheres (neste caso, entre um demônio-macaco de bom coração e uma bela jovem). Esta questão, aliás, proporciona uma das melhores sequências do filme, envolvendo latas de cerveja e música romântica. Já bastante confortáveis em seus papéis, os atores principais oferecem atuações bastante convincentes.
Ao final, a temática central do personagem criado por Mignola é relembrada, abrindo a porta para um terceiro filme, no qual o duelo entre predestinação e livre-arbítrio deverão retornar como temas centrais. Em resumo, Hellboy II: O Exército Dourado vale a ida ao cinema. Quem gostou do primeiro filme, provavelmente gostará deste também. Boa diversão, com um visual interessante e personagens cativantes.
8 comentários:
Wellington, não sinta-se solitário, depois que eu descobri as matinês de quarta-feira, minha vida mudou e mudou para melhor! Continue com o blog, ele é muito bom.
Valeu pela solidariedade, amalio! Eu estava sendo um pouco dramático, mas também nas quartas à tarde tem umas promoções de meia entrada para todos e (como não sou mais estudante) é bom aproveitar.
Sobre a continuidade do blog, estou tentanto! Estou tentando! Não tenho mais como manter a regularidade dos meses anteriores (com uma postagem a cada 2 ou 3 dias), mas pode deixar que o Mais Quadrinhos seguirá em frente.
Grande abraço e volte (e comente) sempre!
Você diz que entende tudo de quadrinhos e NUNCA mencionou o meu blog (http://wagnerebeethoven.blogspot.com/)? Faz-me rir.
Esquivoca-se, pois eu nunca disse que "entendo tudo de quadrinhos".
Mas fica aí sua propaganda grátis.
Eu também gostei do filme. Lamentei o destino da Princesa Nuala, mas antes disso, pô, maravilhoso. Entrei na sala esperando ver um filme de ação, e até o é, mas o que vi foram elementos de fantasia muito bem empregados. Eu achava o Principe Nuada mais assustador nos trailers, pois achava que a origem dele que a origem dele era semelhante a do Hellboy, e me pareceu no filme uma espécie de Magneto, um cara perverso, mas com uma ideologia a favor de uma raça, e acaba que quando ele conversa com o Hellboy, ele acaba equiparando o vermelho a a raça dele, e o pé de feijão, como raças em extinção. E partindo desse preceito, o filho do Anjo Caído conversando com uma criatura mística da floresta. É muita doideira, se você for analizar à sério. E muito bom aquele momento em que ele caminha pelo mundon místico e diz por rádio prá Liz(Selma Blair), que aquele lugar é ótimo, pois ninguém para para olhar para eles. Mas, será que se a Liz fosse para lá ninguém ia se vira para olhar para ela? E falando do Abe e da Nuala, duas criaturas estremamente feias, mas vc acaba torcendo por eles, por causa de todo o sentimento inserido ali.
Isso aí, valeu vou ler os posts de Cavaleiro das Trevas
Olá Queiroz,
Ótimas observações, que complementam bem meu texto. Você entregou um pouquinho mais do enredo, mas valeu a pena pelas comparações.
Volte sempre. Abraço!
Ta certo que não vi o filme ainda, somente o primeiro o qual não achei nada a ver com os quadrinhos.
não tem a o sentimento dos rostos, não é dramatico não tem os sacrificios que faz agente se morder nas hqs, não tem originalidade, não tem terror...
É só um filme tipo tartarugas ninjas, egraçados e tal...
O primeiro é Bom entreterimento acho que podia ficar melhor, porem tem certas coisas que não tem como ADAPTAR!!!
Quando lembramos de labirinto de falno (del toro) + hellboy (Mike mignola), esperava algo mais cult...
Bom, dê uma conferida, pois esse segundo é mais próximo de um filme autoral, menos "Tartaruga-Ninja".
Abraço!
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