02/09/2008

Um novo começo para os X-Men?


No início dos anos 90, eu acompanhava assiduamente as HQs dos heróis mutantes da Marvel, comprando as revistas da Abril (com seus cinco anos de atraso em relação à publicação original) e também as edições importadas de The Uncanny X-Men, The New Mutants, X-Factor e Excalibur. Embora eu não siga mais as revistas dos “filhos do átomo” há muitos anos, decidi conferir a estréia de Warren Ellis como roteirista da Astonishing X-Men e a chegada da Uncanny X-Men a seu número 500 (com a capa de Alex Ross que ilustra esta postagem).

Obedecendo a uma lógica de produção e consumo massificados, os quadrinhos de super-heróis em geral sustentam-se nas marcas e modelos de sucesso. Com isso, de tempos em tempos, edições e histórias especiais precisam ser produzidas pelas editoras, para reavivar o interesse dos leitores. Este é o caso de Astonishing X-Men n°25 e Uncanny X-Men n°500, publicações lançadas recentemente nos Estados Unidos, que anunciam um novo começo para o grupo de heróis mais popular dos quadrinhos norte-americanos.

Na primeira página de uma das revistas, uma nota editorial anuncia: “Uma nova era na história mutante começou. Com sua antiga base destruída, os X-Men transferiram-se para São Francisco, na esperança de estabelecer um novo refúgio para sua raça. Com os mutantes agora reduzidos a poucas centenas, o líder dos X-Men, Ciclope, está determinado a proteger essa frágil comunidade por quaisquer meios necessários”. Concentrando-se em demarcar esta fase de transição, as duas edições trazem alguns elementos atípicos às HQs dos mutantes.

Astonishing X-Men n°25 tem como principal chamariz a estréia do roteirista Warren Ellis, que faz parceria com o desenhista Simone Bianchi e o colorista Simone Peruzzi. A história parte de elementos cotidianos: Wolverine cochilando numa árvore, o Fera cantarolando uma canção, a nova x-man Armadura reclamando de seu codinome, Ciclope e Emma Frost acordando juntos... Seguem-se então questões acerca da qualidade do café, algum cinismo nos diálogos e explicações sobre a nova estratégia de atuação do grupo de heróis.

Quando a revista está caminhando para o fim, finalmente os X-Men entram (quase) em ação, ao serem chamados pela polícia local para auxiliar na investigação de um assassinato. Ellis ainda tem espaço para uma de suas explicações pseudo-científicas, antes de encerrar seu primeiro roteiro para os X-Men anunciando uma trama envolvendo (de novo) naves e tecnologia alienígenas. Já as imagens de Bianchi e Peruzzi, com seu traço realista, efeitos de sombras e meios-tons, foge ao visual comum às HQs dos heróis mutantes.

Por sua vez, Uncanny X-Men n°500 aproxima-se mais das HQs tradicionais dos personagens da Marvel, o que é explicitado na bela capa de Alex Ross (uma composição com diversos momentos do grupo). Na página de abertura, uma nota editorial com referência à trajetória dos heróis: “Por todo o tempo que têm existido, os X-Men têm protegido um mundo que os odeia e teme. Agora, com a raça mutante reduzida a poucas centenas, eles deixaram sua antiga escola e passaram a se dedicar à sobrevivência de sua espécie a todo custo”.

O que vem a seguir, contudo, é uma HQ bem menos dramática, repleta de inusitadas sequências envolvendo o mundo das celebridades e a relação dos X-Men com a tolerante cidade de São Francisco. Nos capítulos seguintes, entra em cena Magneto (o primeiro e principal vilão mutante) e também os robôs assassinos Sentinelas (que acrescentam uma peça nostálgica ao roteiro). Também o visual, produzido por duas equipes de ilustradores, segue uma linha mais tradicional, não destoando do que se possa esperar de uma HQ de super-heróis atual.

No geral, Astonishing X-Men n°25 e Uncanny X-Men n°500 são revistas interessantes e bem produzidas, com alguns elementos originais. Entretanto, só o tempo poderá dizer se se trata mesmo de um “novo começo” para os heróis mutantes da Marvel, ou apenas mais uma jogada editorial amparada em modismos passageiros (como as mudanças visuais e temáticas sofridas pelos personagens há alguns anos, como reflexo do sucesso dos filmes dirigidos por Bryan Singer). Para quem quiser saber mais sobre a história e os quadrinhos dos X-Men, basta clicar na palavra em destaque abaixo.

5 comentários:

Bira disse...

Grande Srbek, como vai?
Teu blog tá bom pacas. O que não é novidade pra quem conhece o teu trabalho e a qualidade do que pensas e escreves!
Aliás, teu livro sobre Humor tá duca!
Parei na metade, mas devo retomar a leitura!
Fiz uma homenagem ao Nilson e reproduzi uma parte de teu texto sobre ele, com crédito e link pro teu blog.
Parabéns, cara!

Wellington Srbek disse...

Grande Bira,
Valeu demais pelas palavras, meu caro, e fico contente em saber que você está gostando de "O riso que liberta"! Quando concluir a leitura, mande aí sua opinião.
Foi lançando aqui um livro muito bacana em homenagem ao Nilson, com prefácio meu e até a reprodução de uma entrevista que fizemos em 1997. Acho que você consegue o livro com o pessoal do Sindieletro.
Valeu pela lembrança do aniversário do mestre. Aliás, aqui vai o link para quem quiser conferir: http://caricasdobira.blogspot.com/2008/08/parabns-ao-cartunista-nilson-fez-60.html
Grande abraço, Bira!

Cleber Campos disse...

Oi Wellington,
Você conhece este site?

http://www.barnaclepress.com/

O conceito dos Flintstones está lá em "Our Antidiluvian Ancestors"

Um abraço

Ps: eu sei, eu sei, eu sou mesmo um tratante...

Wellington Srbek disse...

Não conhecia, não, Cleber, mas dei uma passada lá e me pareceu um saite bem interessante. Vou conferir melhor.
Valeu pela dica!

P.S. pois é, é um enrolado mesmo! Ô choppinho mais difícil de acontecer!

Dolgorúki disse...

Parabéns pelo Blog. Excelente!