21/12/2007

“Super-sagas” Marvel: Onslaught.


Desde a publicação de Crise nas Infinitas Terras pela DC Comics em 1985, as grandes editoras de quadrinhos dos Estados Unidos vêm lançando regularmente séries que reúnem seus principais super-heróis na luta contra um misterioso e “invencível” vilão. No final de cada epopéia apocalíptica o vilão é derrotado, um ou outro herói morre ou sofre transformações. Onslaught (Massacre) lançada pela Marvel em 1996, foi um exemplo de uma dessas supostas “super-sagas”.

Onslaught foi anunciada como a maior ameaça jamais enfrentada pelos heróis Marvel ao longo de sua carreira. Mais uma vez, um enigmático vilão surgiu para “transformar definitivamente” o destino do universo. Se na maioria das séries anteriores isso não passou de uma jogada de marketing, em Onslaught as coisas foram ligeiramente diferentes (mas só ligeiramente!). Isso se deveu ao fato de esta série estar diretamente ligada a Heroes Reborn (Heróis Renascem) o projeto de reformulação dos heróis clássicos da Marvel, realizado por Jim Lee e Rob Liefeld.

Os eventos que levaram a Onslaught começaram nas revistas dos heróis mutantes (de longe as mais populares da editora na época). De Uncanny X-Men a Excalibur, passando por X-Force e X-Man, surgiram referências ao nome da série. Em seguida, as demais revistas da editora foram envolvidas, colocando lado a lado heróis como Hulk, Homem-Aranha, Wolverine e Coisa. No final de uma batalha apocalíptica (como não poderia faltar!), os principais heróis Marvel da década de 60 (o Quarteto Fantástico e os Vingadores, incluindo aí Capitão América e Homem de Ferro) simplesmente já não existiam mais.

Como se costuma dizer: “em time que está ganhando não se mexe”; portanto, o fato de a Marvel ter levado adiante um projeto como esse era um claro indício de que a editora ia “mal das pernas”. Em meados dos anos 90, houve uma queda considerável nas vendas das grandes editoras norte-americanas, além da participação de novas editoras, como a Image, que tomaram uma parte considerável de um mercado já restrito. Com isso, apenas os heróis mais populares conseguiram manter ou até ampliar seu público, como foi o caso dos X-Men e de suas crias.

Já para outros personagens, como o Capitão América e o Quarteto Fantástico, os “novos tempos” representaram perda de popularidade e espaço no mercado. Com a saturação das antigas fórmulas e modelos, os “grandes heróis” passaram por uma crise de credibilidade. Suas histórias já não atraíam os leitores, que preferiam o visual, a temática e a ação das revistas dos heróis mutantes. Para contornar um problema semelhante, em 1985 a DC Comics lançou Crise nas Infinitas Terras, um projeto que estabeleceu um novo ponto de partida para seus personagens clássicos (como Super-Homem, Batman e Mulher-Maravilha).

Por incompetência dos editores e por falta de criatividade dos roteiristas, os avanços daquela ótima fase da DC acabaram sendo anulados. Mesmo assim, a maior concorrente da editora inspirou-se em Crise nas Infinitas Terras para tentar “reorganizar a casa”, lançando Onslaught. Afinal, o objetivo dessa série era estabelecer um novo marco zero, a partir do qual surgiria um “Universo Marvel” parcialmente reformulado, que atendesse melhor à demanda da época. Assim surgiu o projeto Heroes Reborn, a reformulação dos heróis clássicos da Marvel: Quarteto Fantástico e Homem de Ferro por Jim Lee, Capitão América e Vingadores por Rob Liefeld.

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