22/06/2008

Coletâneas trazem sociedades secretas e tramas conspiratórias.


Quem gosta de HQs com tramas conspiratórias e sociedades secretas tem motivos para comemorar. O principal deles é Os Invisíveis - Revolução 1, primeiro volume da Pixel com a série escrita por Grant Morrison e desenhada por Steve Yeowell e Jill Thompson. Outro lançamento que pode agradar aos fãs do gênero é Rex Mundi - Livro Dois de Arvid Nelson e Eric J, lançado pela Devir.

Publicada entre 1994 e 2000, Os Invisíveis é considerada por muitos a melhor criação do roteirista escocês Grant Morrison (mais conhecido no Brasil pela reformulação do Homem Animal e pela graphic novel Asilo Arkham). Reunindo as oito primeiras edições originais, Revolução 1 atira os leitores direto numa trama de dominação que mistura história, misticismo, anarquia, psicodelia, seres extradimensionais e um pouco de devassidão. Contemporânea do seriado Arquivo-X, a série de Morrison antecipa muitos dos elementos vistos nos filmes da trilogia Matrix (o que gerou acusações de plágio), formando uma trama bastante complexa, muitas vezes hermética e até mesmo perturbadora.

A história começa quando o jovem e rebelde Dane McGowan é convocado a tomar parte de um grupo secreto auto-intitulado “Os Invisíveis”. O que vemos nos capítulos seguintes é o processo de iniciação do rapaz em fundamentos da magia e conhecimentos secretos. Na segunda metade do volume, acompanhamos o treinamento e primeira missão do novo Invisível, num passeio pelas ruas da Paris nos tempos do Terror jacobino. Contando com a participação de libertinos, libertários e literatos (como Marquês de Sade, Lorde Byron e Percy Shelley), as últimas HQs da edição são formadas por saltos históricos, referências literárias, poesia simbolista, mitologia hindu e asteca.

Com suas referências históricas e literárias, além de um texto elaborado, a série de Grant Morrison deve agradar aos fãs de Sandman e de outras séries da Vertigo. Porém, os desenhos de Steve Yeowell, para os quatro primeiros capítulos, são bem ruinzinhos, embora as coisas melhorem, nas quatro partes finais, quando o lápis fica a cargo de Jill Thompson (a mesma desenhista de Sandman: Vidas Breves). Os Invisíveis - Revolução 1 tem 228 páginas em formato reduzido, sendo vendido ao preço (um tanto salgado) de R$44,90.

Com o segundo volume de Rex Mundi, a Devir dá continuidade à publicação de quadrinhos no esteio do sucesso de O Código Da Vinci (a mesma editora lançou há pouco Revelações de Paul Jenkins e Humberto Ramos). A HQ criada por Arvid Nelson e Eric J se passa em 1933, quando o roubo de um manuscrito medieval dá início a uma série de assassinatos, desvelando segredos de uma trama conspiratória. Informações criptografadas, ordens medievais, cavaleiros mascarados e celebrações blasfemas dão o tom dos capítulos desse volume. Em meio a tudo, o Doutor Julien Saunière continua em busca de uma verdade que pode levá-lo a encontrar o Santo Graal ou a própria morte.

Série lançada em 2001 (portanto anteriormente a O Código Da Vinci), não se pode deixar de notar algumas intercessões de Rex Mundi com Os Invisíveis, a começar pela temática conspiratória e principalmente nas referências aos Templários e a João Batista (talvez meras coincidências). Além disso, na HQ de Arvid Nelson e Eric J, os desenhos também não são da melhor qualidade, parecendo muito estáticos e pouco expressivos. Rex Mundi - Livro Dois tem 192 páginas em formato reduzido, sendo vendido ao preço (também salgadinho) de R$43,50.

4 comentários:

Loot disse...

Já ando para ler este há imenso tempo, qualquer coisa que tenho o nome do Morrison atrai-me instantâneamente.

Ele é formidável.

Abraço

Wellington Srbek disse...

Depois de Animal Man e Doom Patrol, Os Invisíveis é um dos melhores trabalhos de Morrison, Loot. Abraço!

Loot disse...

Já leste o The Filth? Esse será o meu próximo dele.

Achei um piadão ao "Kill your Boyfriend" e o "Asilo Arkham" é terrífico dos melhore slivros do Batman :)

Wellington Srbek disse...

The Filth não me interessou e, na verdade, embora tenha The Invisibles completo, ainda não li até o final. Kill your Boyfriend achei bem fraquinho. Asilo Arkham é muito interessante, mas em especial pela arte de Dave McKean. Falei sobre este trabalho em meu texto sobre a insana relação entre Batman e Coringa. Abraço!