30/04/2008

Spawn Origem Vol.2 reúne McFarlane, Moore & Miller.


Quando lançada em 1992, a revista Spawn de Todd McFarlane foi um sucesso imediato, ajudando a projetar a Image Comics como uma importante força do mercado norte-americano. O que se viu nos meses e anos seguintes foi uma trajetória de sucesso comercial tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Lançada por aqui inicialmente pela Abril Jovem, a revista mensal da “cria do inferno” passou a ser publicada pela Pixel a partir de seu número 151. Além da revista regular (atualmente em seu número 174), a editora tem lançado a coleção Spawn Origem, que reimprime as primeiras HQs da série. O segundo volume reúne os números 6, 7, 8 e 11, sendo os dois últimos escritos por Alan Moore e Frank Miller.

As HQs desse volume trazem o típico Spawn dos primeiros dias. Muitas páginas de um só quadro, composições confusas repletas de emaranhados de traços, sequências narrativas fragmentadas, enquadramentos cortados e, é claro, os enredos fracos e desenhos tecnicamente deficientes de McFarlane. O fato, porém, é que toda a violência sem-sentido e o traço caricaturizado do quadrinista agradaram em cheio aos leitores da época, tendo grande apelo ainda hoje. Na história publicada originalmente em Spawn número 6 e 7, o “soldado do inferno” tem que enfrentar Chacina, um ciborgue assassino criado pela máfia (!?) para dominar as ruas de Nova York. Após muita pancadaria e algumas sequências sentimentalóides envolvendo a ex-mulher de Spawn, a história conclui com o sádico herói executando sumariamente seu já derrotado adversário.

Logo quando lançada, apesar do sucesso entre os leitores, a série Spawn foi bombardeada pela crítica, que não perdoou os péssimos roteiros de McFarlane. Foi com o objetivo de aplacar os críticos mais ferrenhos que o quadrinista-empresário (já então esbanjando dinheiro) contratou quatro dos mais conceituados roteiristas da época para escrever edições especiais da revista. Mas, apesar dos renomados colaboradores, os roteiros dos números 8 e 11 deixam muito a desejar. No primeiro, Alan Moore guia os leitores por uma viagem aos círculos do Inferno, com direito a um pomar de almas condenadas, demônios travestidos de Elvis e um humor um tanto duvidoso. Já no último, Frank Miller traz os leitores de volta às ruas de Nova York para uma historinha pueril, envolvendo duas improváveis gangues que se exterminam numa disputa pelo beco onde mora o sanguinário herói.

Em Spawn Origem Vol.2, são notáveis as ausências dos números 9 e 10 da revista, escritos por Neil Gaiman e Dave Sim. O primeiro deles introduziu os personagens Ângela e Cagliostro (além do Spawn medieval), enquanto o segundo contou com a participação do personagem Cerebus, sendo uma espécie de alegoria para a situação do mercado de quadrinhos nos Estados Unidos. O problema com Spawn n°9 é que Gaiman e McFarlane acabaram se desentendo sobre o pagamento de direitos autorais dos personagens criados pelo roteirista e também em relação aos direitos de publicação do herói Miracleman. Quanto ao número 10, ao que consta existe um acordo de não-republicação da história, embora pareça que Sim também não tenha ficado muito satisfeito quando McFarlane e seus companheiros da Image passaram a praticar relações de trabalho semelhantes às das grandes editoras.

Spawn Origem Vol.2 tem capa cartonada, 112 páginas, formato 17cm x 26cm, sendo vendido por R$32,90. Apesar da baixa qualidade das HQs, a edição é uma boa pedida para os novos fãs de Spawn que não acompanharam a série quando lançada originalmente no Brasil. Após as histórias publicadas nesse volume, Alan Moore voltou ao "universo" de Spawn com a dispensável minissérie Feudo de Sangue, enquanto Frank Miller escreveu um roteiro de terceira para o especial Spawn / Batman. Quanto a Todd McFarlane, depois de ganhar mais dinheiro, ele decidiu apostar suas fichas numa série de animação para a HBO, num filminho para o cinema e numa linha de brinquedos que leva seu nome (deixando sua cria infernal a cargo de outros quadrinistas, alguns até bem mais competentes do que ele, como Greg Capullo por exemplo). Para quem quiser saber mais sobre os quadrinhos de Moore, Miller e McFarlane, basta clicar nos nomes em destaque abaixo.

2 comentários:

ubirata disse...

e aí meu, nossa vc mete pau no trampo do cara, não vou dizer que ele é o melhor e tal, mas quando se cria algo original deve ser aplaudido, a critica veio, sim , mas olha, eu leio mais coisas boas do que más, eu tô acompanhando o trabalho do Todd, e vejo que pelo menos ele se esforça, (mesmo que seja pra ganhar mais dinheiro)em fazer algo novo, um heroi, uma istoria que fique na lembrança de quem curte HQ, abraço aí valeu.

Wellington Srbek disse...

Eu discordo de você. Não acho que haja nada de original no Spawn. Ele praticamente só mistura coisas de outros caras, para fazer uma HQ ruim.
Valeu pela participação, abraço!