Surgida há dois anos de uma associação entre a Ediouro e a Futuro Comunicação, a Pixel Media chegou com a proposta de publicar HQs de qualidade a preços mais acessíveis. Surpreendendo inicialmente com ótimos lançamentos, como os álbuns da série Corto Maltese e o inédito Curupira de Flavio Colin, a editora estabeleceu-se no último ano com uma seleção de títulos das linhas Wildstorm, ABC e Vertigo. Esta última, em especial, teve uma trajetória acidentada no Brasil, o que está exigindo da Pixel algum trabalho para simplesmente “por ordem na casa”.
No início dos anos 90, as editoras Abril e Globo dividiam a publicação das HQs de terror e suspense da DC Comics, Monstro do Pântano, Hellblazer e Sandman, bem como das minisséries escritas por Neil Gaiman, Os livros da magia e Morte. Mas a trajetória do selo Vertigo no Brasil começou mesmo em 1995, quando foi lançada pela Abril a revista Vertigo, um pacote que reunia as séries Livros da Magia, Sandman: Teatro do Mistério e Hellblazer. A publicação durou apenas um ano, e logo as séries da Vertigo passaram às mãos de outra editora nacional. Era a vez de a Metal Pesado fazer sua tentativa de emplacar a linha de quadrinhos adultos da DC, privilegiando personagens já conhecidos no Brasil, como Monstro do Pântano, Homem Animal e John Constantine. Apesar de alguns acertos, a experiência também não durou muito e os leitores ficaram mais uma vez “a ver navios”.
A partir daí, tudo foi só se complicando, uma vez que as HQs da Vertigo passaram a ser divididas por diferentes editoras, com as mais variadas propostas e periodicidades. Brainstore e Opera Graphica foram talvez as que mais títulos lançaram nesse período, privilegiando séries como Preacher e 100 Balas, mas deixando um legado de confusões na continuidade e edições impressas com qualidade bastante duvidosa. Nos últimos anos, somou-se ao quadro a Conrad com sua luxuosa coleção de Sandman e a Devir com suas coletâneas em formato reduzido de Monstro do Pântano, Hellblazer, entre outras séries. Mas foi aí que entrou em cena a Pixel. Conseguindo um contrato de exclusividade para a publicação no Brasil das linhas Wildstorm, ABC e Vertigo, a editora tem primado por edições bem impressas, a preços mais “camaradas”. Além disso, parte de seu trabalho tem sido organizar e completar a publicação de séries que não haviam recebido um tratamento adequado por outros editores.
Um bom exemplo disso são alguns dos lançamentos mais recentes da editora. Preacher: Guerra ao sol dá continuidade à “saga” do pastor descrente Jesse Custer, de sua namorada Tulipa e de seu amigo vampiro Cassidy. Com direito a algumas cenas escatológicas, um pouco de sexo, muitos palavrões e bastante violência, a edição escrita por Garth Ennis e desenhada por Steve Dillon é uma “dádiva” para os fãs de Preacher. Lembrando muito uma versão mais abismal do seriado Arquivo-X ou do filme Dogma, a série tornou-se um dos carros chefes da Vertigo, conquistando uma legião de fãs também no Brasil. Eu não me incluo entre os admiradores da série, mas é admirável o cuidado da Pixel com sua publicação. Além de seguir o formato utilizado pela editora anterior, Guerra ao sol conta com textos para situar o leitor na história, uma apresentação dos principais personagens, a reprodução das ilustrações de capa originais e a indicação do número da revista e data de publicação nos Estados Unidos.
Outro lançamento para os fãs da Vertigo é 100 Balas: Dia, hora, minute... man. Reunindo os números 8 a 11 da série original, a revista traz duas HQs completas e outra em duas partes com roteiros de Brian Azzarello e desenhos de Eduardo Risso. Como de costume, tramas criminais, dramas cotidianos e muitos tiros dão o clima para uma edição com um pouquinho de sexo e muito sangue. Melhor mesmo é o número 12 da Pixel Magazine, revista mensal com séries das linhas Wildstorm, ABC e Vertigo. Abrindo a edição, uma ótima história com o Monstro do Pântano, escrita por Will Pfeifer e desenhada por Richard Corben. A seguir, pegamos carona com John Constantine num roteiro escrito por Brian Azzarello e desenhado por Marcelo Frusin. Mas o melhor desse número fica por conta, é claro, do nono capítulo da série Promethea de Alan Moore e J.H. Williams III. Fechando a revista, Warren Ellis e John Cassidy levam os personagens de Planetary numa explosiva visita a um suposto Rio de Janeiro.
Embora os preços da Pixel tenham subido um pouco neste mês, devido ao aumento dos custos gráficos, suas revistas mais simples continuam relativamente baratas. A editora lançará ainda este mês a nova revista mensal Fábulas Pixel, além de ter anunciado para breve os relançamentos de Os Invisíveis e Homem Animal de Grant Morrison, do segundo volume de Monstro do Pântano de Alan Moore e da versão “remasterizada” de Sandman de Neil Gaiman. Com tantos planos e exibindo saúde editorial, seria excelente se agora a editora voltasse um pouco de sua atenção novamente para os quadrinhos europeus e, principalmente, brasileiros. No mais, até aqui, a Pixel tem dado um bom exemplo de competência e respeito pelos leitores. Preacher: Guerra ao sol tem 176 páginas, “formato paraguaio”, como se tem chamado jocosamente, e custa R$35,90. Já 100 Balas: Dia, hora, minute... man e Pixel Magazine n°12 têm 96 páginas e “formato americano”, sendo vendidas por R$9,90.
No início dos anos 90, as editoras Abril e Globo dividiam a publicação das HQs de terror e suspense da DC Comics, Monstro do Pântano, Hellblazer e Sandman, bem como das minisséries escritas por Neil Gaiman, Os livros da magia e Morte. Mas a trajetória do selo Vertigo no Brasil começou mesmo em 1995, quando foi lançada pela Abril a revista Vertigo, um pacote que reunia as séries Livros da Magia, Sandman: Teatro do Mistério e Hellblazer. A publicação durou apenas um ano, e logo as séries da Vertigo passaram às mãos de outra editora nacional. Era a vez de a Metal Pesado fazer sua tentativa de emplacar a linha de quadrinhos adultos da DC, privilegiando personagens já conhecidos no Brasil, como Monstro do Pântano, Homem Animal e John Constantine. Apesar de alguns acertos, a experiência também não durou muito e os leitores ficaram mais uma vez “a ver navios”.
A partir daí, tudo foi só se complicando, uma vez que as HQs da Vertigo passaram a ser divididas por diferentes editoras, com as mais variadas propostas e periodicidades. Brainstore e Opera Graphica foram talvez as que mais títulos lançaram nesse período, privilegiando séries como Preacher e 100 Balas, mas deixando um legado de confusões na continuidade e edições impressas com qualidade bastante duvidosa. Nos últimos anos, somou-se ao quadro a Conrad com sua luxuosa coleção de Sandman e a Devir com suas coletâneas em formato reduzido de Monstro do Pântano, Hellblazer, entre outras séries. Mas foi aí que entrou em cena a Pixel. Conseguindo um contrato de exclusividade para a publicação no Brasil das linhas Wildstorm, ABC e Vertigo, a editora tem primado por edições bem impressas, a preços mais “camaradas”. Além disso, parte de seu trabalho tem sido organizar e completar a publicação de séries que não haviam recebido um tratamento adequado por outros editores.
Um bom exemplo disso são alguns dos lançamentos mais recentes da editora. Preacher: Guerra ao sol dá continuidade à “saga” do pastor descrente Jesse Custer, de sua namorada Tulipa e de seu amigo vampiro Cassidy. Com direito a algumas cenas escatológicas, um pouco de sexo, muitos palavrões e bastante violência, a edição escrita por Garth Ennis e desenhada por Steve Dillon é uma “dádiva” para os fãs de Preacher. Lembrando muito uma versão mais abismal do seriado Arquivo-X ou do filme Dogma, a série tornou-se um dos carros chefes da Vertigo, conquistando uma legião de fãs também no Brasil. Eu não me incluo entre os admiradores da série, mas é admirável o cuidado da Pixel com sua publicação. Além de seguir o formato utilizado pela editora anterior, Guerra ao sol conta com textos para situar o leitor na história, uma apresentação dos principais personagens, a reprodução das ilustrações de capa originais e a indicação do número da revista e data de publicação nos Estados Unidos.
Outro lançamento para os fãs da Vertigo é 100 Balas: Dia, hora, minute... man. Reunindo os números 8 a 11 da série original, a revista traz duas HQs completas e outra em duas partes com roteiros de Brian Azzarello e desenhos de Eduardo Risso. Como de costume, tramas criminais, dramas cotidianos e muitos tiros dão o clima para uma edição com um pouquinho de sexo e muito sangue. Melhor mesmo é o número 12 da Pixel Magazine, revista mensal com séries das linhas Wildstorm, ABC e Vertigo. Abrindo a edição, uma ótima história com o Monstro do Pântano, escrita por Will Pfeifer e desenhada por Richard Corben. A seguir, pegamos carona com John Constantine num roteiro escrito por Brian Azzarello e desenhado por Marcelo Frusin. Mas o melhor desse número fica por conta, é claro, do nono capítulo da série Promethea de Alan Moore e J.H. Williams III. Fechando a revista, Warren Ellis e John Cassidy levam os personagens de Planetary numa explosiva visita a um suposto Rio de Janeiro.
Embora os preços da Pixel tenham subido um pouco neste mês, devido ao aumento dos custos gráficos, suas revistas mais simples continuam relativamente baratas. A editora lançará ainda este mês a nova revista mensal Fábulas Pixel, além de ter anunciado para breve os relançamentos de Os Invisíveis e Homem Animal de Grant Morrison, do segundo volume de Monstro do Pântano de Alan Moore e da versão “remasterizada” de Sandman de Neil Gaiman. Com tantos planos e exibindo saúde editorial, seria excelente se agora a editora voltasse um pouco de sua atenção novamente para os quadrinhos europeus e, principalmente, brasileiros. No mais, até aqui, a Pixel tem dado um bom exemplo de competência e respeito pelos leitores. Preacher: Guerra ao sol tem 176 páginas, “formato paraguaio”, como se tem chamado jocosamente, e custa R$35,90. Já 100 Balas: Dia, hora, minute... man e Pixel Magazine n°12 têm 96 páginas e “formato americano”, sendo vendidas por R$9,90.
8 comentários:
Srbek, vou viajar para a Argentina, o que é essencial para eu conhecer dos quadrinhos argentinos antes de chegar lá (e o que trazer de lá)? Quem sabe um post especial sobre isso?
Dedé, não conheço muito a produção argentina atual, infelizmente.
Mas indispensável mesmo é a série Mafalda e os cartuns do Quino, os álbuns e HQs curtas de Osterheld e Breccia, como a série Mort Cinder. E há também o Carlos Nine que é bastante celebrado por lá. Certamente estou esquecendo de alguém.
Pessoalmente, eu não deixaria de comprar algo do Breccia - que é um gênio que influenciou muita gente e é o verdadeiro "pai" do estilo que fez o sucesso de Frank Miller em Sin City.
Abraço!
Claro que eu estava me esquecendo de alguém: a dupla Muñoz e Sampayo da série Alack Sinner e do álbum Bilie Holiday!
López (só conheço a edição conmemorativa 1957-2007, a outra foi anunciada especialmente para estudantes pelo que deve ser mais barata). Um álbum especial de 'Ernie Pike' com diferentes histórias de Juan Giménez, José Miñoz, Ricardo Villagrán e Alberto Breccia.
De Alberto Breccia 'Los Mithos de Cthulhu' e o álbum 'Breccia Negro', que inclui uma história que eu não li.
'El Sueñero' Enrique Breccia (Doedytores, boa editorial) lino fai dois meses. E outro autor clássico que voltou a ser publicado é Horacio Lalia com seu 'Lovecraft. O Manuscrito esquecido' (Thalos). Eu gosto do Alcatena, dois álbums: 'Nuggu y los cuatro' e 'El libro secreto de Marco Polo'.
Acho que já se estreou o documental sobre cómics argentino Sonhadores.
Sr. Sbrek, hoje mandarei um email a Marca de Fantasia perguntando se vendem suas publicações também para Espanha. E podemse ler historietas argentinas neste grande blog (dum quadrinhista):
http://www.argenzines.blogspot.com/
Eternauta de Oesterheld e Solano López...
Gracias por tu auxilio, Ismael!
Alberto Breccia é um dos grandes mestres dos quadrinhos. Mas, assim como o gênio brasileiro Flavio Colin, ele é relativamente pouco conhecido. Dele, só tenho um capítulo de Mort Cinder. Queria ter muito mais coisas, como os Mitos de Cthulhu por exemplo. Porém, embora sejam países vizinhos, Brasil e Argentina pouco se comunicam...
Mas, Sr. Ismael, gostaria muito de saber tua opinião sobre meus livros! Sugiro-te a leitura de "Um mundo em quadrinhos" e "O riso que liberta" - acho que conseguirás os livros com o Henrique Magalhães da Marca de Fantasia.
Saludos!
Valeu as dicas! É sempre bom se integrar na cultura de países que visitamos. Como eu não gosto de tango, nem de vinho, nem como churrasco, vou cair dentro dos quadrinhos argentinos. Obrigado e boa sorte com o blog!
Boa viagem então! E não deixe de conferir os trabalhos de Breccia.
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