07/02/2008

A verdadeira origem e história de Wolverine.


Hoje pode parecer incrível, mas não muito tempo atrás era possível que alguém recém-chegado ao mundo dos quadrinhos jamais tivesse ouvido falar de um herói chamado Wolverine. O fato é que, desde os anos 80, a popularidade desse personagem e sua exposição nas HQs, animações e filmes foi tanta que, mesmo para alguém que não lê quadrinhos, “Wolverine” pode ser um nome familiar. Embora nos últimos tempos as várias transformações, reviravoltas e revelações, sem falar nas muitas cópias e plágios, tenham levado a uma superexploração e ao desgaste do personagem, houve um momento em que Wolverine esteve na "vanguarda" dos quadrinhos de super-heróis.

O wolverine (carcaju, em português) é um pequeno mamífero peludo e de garras afiadas, que vive no norte da América do Norte. No início dos anos 70, o roteirista Len Wein em parceria com o desenhista John Romita Sr. inspiraram-se no feroz bichinho para criar um novo super-herói. Com isso, o herói mutante Wolverine fez sua estréia na revista The Incridible Hulk n°180, desenhada por Herb Trimpe, participando de sua primeira HQ completa na edição seguinte, em novembro de 1974. Nesta edição, o “Gigante Verde” enfrenta um monstro lendário chamado Wendigo e acaba esbarrando no Wolverine, então um agente do governo canadense que já colocava em ação suas garras de “adamantium”.

Mas foi no ano seguinte que o personagem ganhou sua primeira grande chance, quando Len Wein e o desenhista Dave Cockrum integraram-no ao elenco dos novos X-Men. Posteriormente, Chris Claremont e John Byrne deram-lhe maior destaque entre os heróis mutantes, além de um visual mais moderno. Byrne teve ainda um papel importante na biografia de Wolverine ao relacioná-lo ao grupo de heróis canadenses Tropa Alfa e ao nome Arma-X. Já Claremont, em parceria com Frank Miller, apresentou a versão mais marcante do herói, em sua minissérie lançada em 1982. Assim, a partir de HQs dos X-Men, como “Dias de um futuro esquecido”, e da minissérie Wolverine, o personagem abriu caminho direto para o topo do “Universo Marvel”.

Além de um papel cada vez mais predominante na revista The Uncanny-X-Men e nas “sagas” dos heróis mutantes, o baixinho briguento passou a fazer aparições ao lado de outros heróis, como Capitão América, Demolidor, Hulk e Destrutor (neste último caso na ótima minissérie com arte pintada Fusão). Em fins dos anos 80, tendo ganhado uma revista própria, e num contexto em que os quadrinhos de super-heróis se tornavam mais violentos e os personagens mais agressivos, Wolverine assumiu a condição de principal estrela da Marvel (afinal, num verdadeiro “matadouro”, um herói com garras afiadas teria que ser mesmo o açougueiro-mor!). E com uma grande popularidade entre os leitores, na virada para os anos 90, várias edições e HQs especiais foram dedicadas a ele.

Um bom exemplo foi “Arma-X”, uma das primeiras e a melhor história a contar o passado de Wolverine. Lançada em 1990, em capítulos na Marvel Comics Presents n°s 72 a 84, a HQ foi escrita e desenhada por Barry Windsor-Smith. O artista já havia mostrado um excepcional trabalho numa HQ-solo de Wolverine para a revista The Uncanny X-Men n° 205 (publicada no Brasil em Heróis da TV n°100). E quando surgiu a oportunidade de fazer uma nova história com o personagem, Barry enfocou o passado até então desconhecido do herói. Com uma abordagem direta, ótima narrativa e desenhos incrivelmente detalhados, “Arma-X” conta como o mutante Logan adquiriu suas garras e esqueleto de adamantium, num projeto para criação de um super-soldado.

Wolverine voltaria a ser destaque nas páginas de Marvel Comics Presents em HQs e capas desenhadas por Sam Kieth, para os números 85 a 92, 100 e 117 a 122 (a maior parte delas publicada no Brasil, na revista Wolverine da editora Abril). Com seu traço que incorpora elementos caricaturais e experimentações estilísticas, Kieth conseguiu suavizar o caráter violento do herói, ao mesmo tempo em que introduzia alguns elementos novos às HQs de super-heróis. Esses trabalhos, lançados entre 1991 e 1993, também serviriam de base para o que o desenhista faria na série The Maxx, lançada pela Image Comics. E Kieth ainda desenharia o herói mutante na minissérie, com bela arte pintada, Wolverine/Hulk (lançada no Brasil em revista única pela Panini).

A partir de 1990, Wolverine apareceria em diversas edições no chamado “Prestige Format” (com capa cartonada, papel e impressão de melhor qualidade no miolo). Os destaques: The Jungle Adventure, com os desenhos de Mike Mignola na fase de consolidação de seu estilo; Bloodlust produzido pela dupla Alan Davis e Paul Neary, responsável por outras revistas de heróis mutantes; Inner Fury com o traço fortemente estilizado e caricaturizado de Bill Sienkiewicz; e por fim Killing, que traz o estilo originalíssimo de Kent Williams (boa parte dessas HQs foi publicada pela editora Abril). Com esses trabalhos, Wolverine assumiu uma posição semelhante à que Batman teve na segunda metade dos anos 80, estando na “vanguarda” dos quadrinhos de super-heróis.

Após anos de sucesso, Wolverine passou a ser um modelo a ser copiado, como mostra o Lobo, personagem da DC Comics que satiriza o herói da Marvel. Mas a “wolverinemania” também gerou péssimas crias, como os diversos clones surgidos nas revistas da Image Comics nos anos 90. A interminável galeria de plágios acabou afetando o original, que já não causava o mesmo impacto. A saída encontrada pela Marvel foi lançar revistas recontando o passado e a “origem” do personagem, ou até mesmo mudando radicalmente seu visual. O resultado foram anos de mudanças físicas, lavagens cerebrais e muita bobagem editorial, que só contribuíram para complicar suas HQs e afastar antigos leitores.

Nos últimos anos, talvez o que melhor se viu de Wolverine não tenha sido nos quadrinhos, mas sim no cinema. Perfeito no papel do personagem na trilogia X-Men, o ator Hugh Jackman se prepara agora para estrelar o filme-solo do temperamental e violento mutante (com lançamento previsto para 2009). Mas, apesar dos recentes erros e jogadas editoriais, houve um momento em que Wolverine foi o personagem mais popular dos quadrinhos norte-americanos, contribuindo para o desenvolvimento das revistas de super-heróis.

15 comentários:

Anônimo disse...

Fala Wellington!
Eu fui muito fã do Wolverine. Conheci ele na mini-série: Wolverine/Kitty Pride, de Chris Claremont e (Arghh)All Milgrom! Apesar de ser um péssimo desenhista, é o melhor trabalho de Milgrom na minha opinião!
Gostava muito dos X-mem também! Mas meu interesse nos "X" e no Wolverine acabou logo quando Chris Claremont os deixou órfãos. Na fase Claremont, a Marvel ainda mantinha sua cronologia em ordem, tudo acontecia como no mundo real, era interligado. Era a grande vantagem da Marvel sobre a DC. Mas depois tudo virou zona. A gente só confia quando tem artistas estrelas nos créditos, e olha lá!
Quando os "X" foram pro cinema então? Desanimei de vez! Até assisti a série animada "Revolutions", achei bacaninha... Mas cadê os X-men que conhecia? Como franquia, todo mundo mete a mão e recria a vontade. Até a fase do Grant Morrison, que é muito boa por sinal, não foi o suficiente pra que eu voltasse a acompanhar os mutantes Marvel.
O Wolverine pra mim, virou um Batman da vida. Personagem famoso que precisa de histórias constantes, e que por sua vez, acerta pouco, e somente quando há artistas de boa vontade por trás delas.
E Wolverine "Origens"... meu Deus que é que foi aquilo?!?

Desabafei...

Abraço!

Anônimo disse...

Ops! escrevi "Revolution", mas é "Evolutions"! Revolutions é Matrix pô... Sorry!

Wellington Srbek disse...

Olá Anderson,
Concordo com o que você disse, como você pode ver na parte final do texto, que acabo de postar. Para mim, os quadrinhos dos X-Men, enquanto história, acabaram lá por 1992. Depois virou uma bagunça sem nenhuma coerência ou respeito pelos leitores (como, aliás, os quadrinhos de super-heróis como um todo nos últimos anos).
E Origens, bom, eu nem me dei trabalho a ler - parei na capa!

Ismael Sobrino disse...

Em Espanha lhe seguimos chamando Lobezno ('Lobeto', uma criança de lobo ), seguramente unha tradução errada mas que já resultaria impossível mudar.
Eu segui aos X Men (Patrulha X em Espanha) fielmente até a primeira marcha de Claremont, depois comprei de cando en vez alguns números até que lhe tiraram o adamantium a Wolverine e voltaram a Magneto malvado (¡outra vez!, o novo rejuvenecimiento de Magnus non o quisen ler).
A série de Claremont e John Buscema é uma grande história, uma boa reação ao processo de comercialização do personagem. Uma fugida para a aventura num palco cinematográfico com secundários excelentes que as posteriores continuações de Peter David e Archie Goodwin, com Byrne, souberam continuar com grande estilo.
Encanta-me Wolverine, é como um abuelo selvagem, assim que qualquer garoto naquele tempo podia pegar-lhe carinho. Ainda que não sei que será dele agora. Creio que em Origins o converteram num jovem mineiro de princípios do século vinte... E o já tinha lutado com os índios do canada muito antes.
As únicas aparições especiais em outras coleções dos anos noventa que recordação com agrado são na Tropa Alpha, nos 4F e nos roteiros de Ann Nocenti. Os projetos especiais como Arma X também são algo grande, ainda que eu sempre recordarei com mais força essa história com a menina de Power Pack, Dama Mortal (Yuriko, não recordo seu nome original) e os ex-soldados do Clube Fogo Infernal.

Wellington Srbek disse...

Muito engraçado o Wolverine ser chamado de "lobinho" aí na Espanha! Na verdade, o nome em inglês sugere mesmo uma relação com "wolf" (lobo), embora se trate de outro animal que só existe na América do Norte: o tal carcaju (em português). Mas incrível mesmo é o nome "Patrulha X", que mistura os X-Men com a Patrulha do Destino (Doom Patrol).
Muito interessante e original sua abordagem mais psicológica do Wolverine, como um "avô selvagem". Acho que esse efeito afetivo foi resgatado pelas HQs desenhadas por Sam Kieth. Não deixe de conferir Marvel Legends Wolverine/Hulk (o roteiro é meio fraquinho, mas as ilustrações são primorosas!).
Quanto a Origem, quando vi a capa em estilo "As aventuras de Tom Sawyer" eu logo falei: isso não vai prestar!
Abraço!

Anônimo disse...

Wolverine já foi um personagem de segunda, escalou até o topo dos quadrinhos. Virou uma máquina de dinheiro, foi explorado, usado, sugado e espremido, até não sobrar mais nada dele.. Pobre Wolvi

Wellington Srbek disse...

Muito bem resumido, Hiroshi!

Anônimo disse...

Ótima minibiografia do Wolverine, Weelington. Eu era fã do personagem. Hoje, entretanto, acho que ele está quase um serial killer. Ler as histórias dele na sua revista mensal é chocante. Não é mais um herói, mas um serial killer com "honra"... Vai entender... Postei sobre ele aqui:
http://calha.zip.net/arch2007-10-01_2007-10-31.html#2007_10-28_15_21_01-125983951-26

Abraços,

Wellington Srbek disse...

Bacaca o texto, cara. Também me incomoda a forma leviana como se mata nos quadrinhos de super-heróis hoje em dia, principalmente considerando aquela tradicional função de identificação do público com o herói protagonista. Como eu disse, os quadrinhos de super-heróis tornaram-se um matadouro e Wolverine o açougueiro-mor (sem querer ofender os profissionais do ramo da carne, é claro!). Também já fui fã do personagem, como este texto deve deixar claro, mas hoje ele não me diz mais nada.

Anônimo disse...

Vendo revistas X-Men / Wolverine / Dinastia M / Guerra Civil / Complexo de Messias / Espécie em Extinção além de DVDs de desenho: X-Men / X-Men Evolution / Wolverine e os X-men / Homem-Aranha (todas as séries) / Liga da Justiça / Batman (todas) e muito mais. Se houver interesse taí meu MSN: wwmauricio@hotmail.com (desculpe a propaganda no teu Blog)

Anônimo disse...

olá... sou fã do wolverine desde criança... para mim é um personagem de grande personalidade forte, que tem um dos poderes mais cobiçados pelas crianças, afinal quem não gostaria de tomar um tiro e sobreviver? E qto ao filme.. adorei... quem vive de passado é museu.. precisa ter o 2,3 4 .. etc... Wolverine forever!

Wellington Srbek disse...

E quem não se identifica nos comentários não tem reposta aqui.

Unknown disse...

sou fá das historias de wolverine desde criança e minha filha que conheçe a historia agora também virou fá.
as historias não são como antes mas a magia do personagem não deixou de existir,fico triste de não termos em nossa cidade mais revistas destes herois que eram os idolos de nossa infancia e que continuara sendo eu amo historia que tem herois cheios de poderes incriveis e inesistentes.
Espero que mais filmes destas series sejam gravados como foi x men,quarteto fantastico,demolidor,homem de ferro etc.
Herois marvel pra sempre,sempre

Wellington Srbek disse...

Neste caso, Luciana, não precisa se preocupar, pois os próximos anos têm muitos filmes Marvel agendados!

Anônimo disse...

Anderson Costa , e outros sinto muito mas adoro o wolverine , e todos os personagens dos x-Men. Em todas as versoes q assisti ou li, sou fã do wolverine, e acho q as mudanças fazen parte, tudo tem q mudar conforme o tempo e pùblico.
Desculpa.