Em 2006, foi anunciado com alvoroço o lançamento de newuniversal, nova série em que o roteirista Warren Ellis e o desenhista Salvador Larroca recriariam os principais personagens e conceitos do Novo Universo Marvel (que então completava 20 anos). Os primeiros números se esgotaram logo após o lançamento, ganhando reimpressões e prometendo um duradouro sucesso comercial. Ainda assim, os autores decidiram interromper o trabalho na sexta edição (com a qual se concluiu a suposta “primeira temporada” da revista), deixando uma promessa de retorno para 2008. Mas a pergunta que me faço é: será que vale a pena?
Com suas 144 páginas, a coletânea das seis primeiras edições da série (newuniversal: everything went white) começa com uma rápida introdução de três de seus principais personagens: John Tensen (um policial ferido em serviço que se tornará Justice), Kenneth Connel (um cara comum do interior norte-americano que encarnará Star Brand) e Izanimi Randal (uma garota de San Francisco que assumirá a figura de Nightmask). Após o Evento Branco (acontecimento astronômico de natureza inexplicada), a vida dessas e de outras pessoas se transforma radicalmente. Nas edições seguintes, ainda somos apresentados a Jenny Swann (uma engenheira tecnológica que vestirá a armadura Spitfire), Emmett Proudhawk (um índio lakota capaz de se comunicar com o Grande Espírito) e Phillip L. Voight (um velho agente encarregado de executar pessoas com poderes sobre-humanos), isso sem falar numa cidade européia de milhares de anos com seus defensores superpoderosos e em três supostos seres do futuro que colocam o governo norte-americano em pânico.
A coletânea newuniversal: everything went white é um livrinho bacana, com ótima impressão e tudo mais. Considerando a inspiração no conceito fundamental do Novo Universo Marvel, o volume tinha tudo para trazer também uma ótima HQ de super-heróis e ficção científica. Porém, não é bem isso que acontece. Embora tenha alguns momentos interessantes, o roteiro de Warren Ellis não passa de “um roteiro de Warren Ellis”. Algumas doses de violência explícita, uma trama superestrutural que beira a grandiloquência e uma certa insistência em acrescentar “conteúdo” aos diálogos acabam levando a um roteiro que poderia ter sido muito melhor do que realmente é (um cruzamento forçado do Novo Universo, com os quadrinhos de Alan Moore e a série Arquivo-X). Quanto às ilustrações de Salvador Larroca com as cores de Jason Keith, podemos dizer que, por alguns instantes, elas até enganam com seu efeito de bem-acabadas. Porém, no instante em que nos lembramos de que estamos lendo uma HQ, as imagens excessivamente estáticas e sombreadas acabam mais prejudicando que contribuindo para a narrativa (o uso de atores como modelos para vários personagens também não ajuda muito).
Num saldo geral, por sua qualidade técnica e enredo mais cerebral, newuniversal é uma HQ de super-heróis acima da média. Mas não é uma obra que se possa chamar de “imperdível” (pessoalmente, prefiro o volume com as sete primeiras HQs originais de Star Brand, também lançado em 2006). Por seu visual e diálogos, a criação de Ellis, Larroca e Keith parece mais a transposição de episódios de uma série de tevê, do que propriamente uma história em quadrinhos. O interessante é que, na mesma época em que a “primeira temporada” de newuniversal era lançada, estavam sendo exibidos os episódios da primeira temporada de Heroes, série de tevê que também bebeu na fonte criativa do Novo Universo Marvel.
Com suas 144 páginas, a coletânea das seis primeiras edições da série (newuniversal: everything went white) começa com uma rápida introdução de três de seus principais personagens: John Tensen (um policial ferido em serviço que se tornará Justice), Kenneth Connel (um cara comum do interior norte-americano que encarnará Star Brand) e Izanimi Randal (uma garota de San Francisco que assumirá a figura de Nightmask). Após o Evento Branco (acontecimento astronômico de natureza inexplicada), a vida dessas e de outras pessoas se transforma radicalmente. Nas edições seguintes, ainda somos apresentados a Jenny Swann (uma engenheira tecnológica que vestirá a armadura Spitfire), Emmett Proudhawk (um índio lakota capaz de se comunicar com o Grande Espírito) e Phillip L. Voight (um velho agente encarregado de executar pessoas com poderes sobre-humanos), isso sem falar numa cidade européia de milhares de anos com seus defensores superpoderosos e em três supostos seres do futuro que colocam o governo norte-americano em pânico.
A coletânea newuniversal: everything went white é um livrinho bacana, com ótima impressão e tudo mais. Considerando a inspiração no conceito fundamental do Novo Universo Marvel, o volume tinha tudo para trazer também uma ótima HQ de super-heróis e ficção científica. Porém, não é bem isso que acontece. Embora tenha alguns momentos interessantes, o roteiro de Warren Ellis não passa de “um roteiro de Warren Ellis”. Algumas doses de violência explícita, uma trama superestrutural que beira a grandiloquência e uma certa insistência em acrescentar “conteúdo” aos diálogos acabam levando a um roteiro que poderia ter sido muito melhor do que realmente é (um cruzamento forçado do Novo Universo, com os quadrinhos de Alan Moore e a série Arquivo-X). Quanto às ilustrações de Salvador Larroca com as cores de Jason Keith, podemos dizer que, por alguns instantes, elas até enganam com seu efeito de bem-acabadas. Porém, no instante em que nos lembramos de que estamos lendo uma HQ, as imagens excessivamente estáticas e sombreadas acabam mais prejudicando que contribuindo para a narrativa (o uso de atores como modelos para vários personagens também não ajuda muito).
Num saldo geral, por sua qualidade técnica e enredo mais cerebral, newuniversal é uma HQ de super-heróis acima da média. Mas não é uma obra que se possa chamar de “imperdível” (pessoalmente, prefiro o volume com as sete primeiras HQs originais de Star Brand, também lançado em 2006). Por seu visual e diálogos, a criação de Ellis, Larroca e Keith parece mais a transposição de episódios de uma série de tevê, do que propriamente uma história em quadrinhos. O interessante é que, na mesma época em que a “primeira temporada” de newuniversal era lançada, estavam sendo exibidos os episódios da primeira temporada de Heroes, série de tevê que também bebeu na fonte criativa do Novo Universo Marvel.
4 comentários:
Obrigado pela resenha, caro Wellington... Parece-me que vou gastar o meu orçamento com outros quadrinhos, eheh.
Abraço
Eu é que agradeço a confiança em meu julgamento. E se me permite, sugiro que destine parte de seu orçamento para Star Brand Classic TPB - a história é bem bacana e o desenho é muito melhor do que aquela imagem que ilustra a postagem sobre o Novo Universo.
Abraço!
As dicas parecem interessantes, vou ver se eu acho o Star Brand Classic por aqui...
É um quadrinho bem bacana e, como escrevi, meu preferido no Novo Universo.
Abraço e boa sorte na procura!
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