30/12/2007
Batman: herói dos seriados, filmes e animações (IV).
Após uma década de séries e filmes de animação acima da média, surgiram rumores sobre o retorno do Homem-Morcego aos cinemas. Mas, antes que Batman Begins fizesse sua estréia mundial, um novo desenho animado chegou aos canais da Warner. E com a forte marca “retrô” deixada por Batman - The Animated Series, os executivos do estúdio norte-americano decidiram que era hora de “zerar o placar” e lançar uma versão supostamente mais de acordo com as tendências deste início de século.
Foi assim que surgiu The Batman, um estiloso desenho animado, com direito a muitas cenas angulosas e figuras tortuosas (além de injustificáveis céus verdes e roxos). Apresentando alguns novos personagens (criados para contemplar telespectadores das chamadas “minorias raciais”), a animação traz também os coadjuvantes e antagonistas de sempre (Comissário Gordon, Alfred, Coringa, Mulher-Gato, etc.). Porém, como a idéia era buscar um visual mais contemporâneo, o próprio protagonista e vilões clássicos como o Coringa ganharam (duvidosas) versões criadas por Jeff Matsuda (o mesmo responsável pelo desenho As Aventuras de Jackie Chan). Embora O Batman conte com um tema de abertura bacaninha (composto por The Edge, da banda U2) e tenha lá seus momentos interessantes, como um todo, a série parece uma idéia ruim que recebeu um orçamento milionário.
Lançado em 2004, o desenho traz um Bruce Wayne pós-adolescente e repleto de brinquedinhos high tech, mas sem a consistência que caracteriza as melhores versões do Homem-Morcego. Com a saída dos produtores principais em 2007, a Warner começou a fazer reajustes na série, aproximando-a de outras mais bem-sucedidas (como o desenho Liga da Justiça). No fim das contas, porém, O Batman não passa de uma cria de estúdio, voltada a disseminar uma imagem mais juvenil e comercial de um personagem que logo apareceria numa produção de milhões de dólares. A busca de uma versão atualizada e dinâmica do Batman era necessária para agradar ao público adolescente masculino, da mesma forma que a escolha de um ator jovem e "bonitinho", como Christian Bale, tinha o objetivo de atrair a parcela feminina do público.
Tendo estreado nos cinemas em 2005, Batman Begins foi mais uma produção multimilionária de Hollywood, baseada num personagem dos quadrinhos. Com um elenco estelar, que inclui Michael Caine, Morgan Freeman e Garry Oldman (além do deslocado Liam Neeson e da inócua Katie Holmes), o filme pretende ser uma abordagem realista do herói, através de uma caracterização contemporânea (afastando-se, por exemplo, da proposta mais interpretativa das produções de Tim Burton). Porém, mesmo sendo tecnicamente elogiável e tendo agradado a muitos espectadores, o filme não se sustenta. Começando com Sete anos no Tibet, roubando cenas de Highlander e Blade Runner, passando por Velozes e Furiosos, o longa traz algum bat-drama e é cheio de cortes bruscos e personagens sem dimensão, resumindo-se a uma grande colagem.
Roteiro fraco, personagens mal aproveitados, visual um tanto inadequado e um Batman que voa (!) são ingredientes que podem até ter agradado a muitos, mas que seguramente não fazem de Batman Begins o melhor filme com o Homem-Morcego (como alguns gostam de alardear). A moral da história? Simples: por si sós, nem mesmo um dos personagens mais populares de nosso tempo e todo o dinheiro de Hollywood fazem um grande filme. Mas, já que a primeira produção rendeu alguns milhões de dólares, Christopher Nolan e Christian Bale ganharam uma segunda chance (de 150 milhões de dólares) para levar o Batman às telas dos cinemas. Agora só resta aguardar a estréia de The Dark Knight, em julho de 2008, para conferirmos se esse será um grande filme do Cavaleiro das Trevas, ou se o Coringa (interpretado por Heath Ledger) roubará a cena. Então, até 2008!
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7 comentários:
ele não voa, ele plana
[]s
hectorlima.com
Bom, podemos discutir a definição de "voa", mas o fato é que em várias cenas ele sai do chão e voa para o alto, sem falar nos momentos em que sobrevoa as vielas e becos de Gotham City. De todas as versões do Batman, essa é sem dúvida a que ele tem mais "autonomia de vôo".
O seriado The Batman eu até achei legalzinho, com ótimas cenas de lutas. Alguns o criticaram por causa do teor infanto-juvenil, mas como pra mim super-herói É um gênero infantil (e ninguém me convence do contrário), então tá tudo certo. Já o Batman Begins (que eu apelido de "Batman Chatins"), achei mais ou menos tb. E é incrível como a figura do Batman destoa completamente daquela cidade realista. Ainda gosto mais do Batman do Tim Burton, com aquela Gotham City estilizada e realmente gótica.
Realmente The Batman tem umas sequências de luta interessantes, mas o estilo de desenho não me agrada, isso sem falar em algumas "liberdades" nas caracterizações dos personagens. Sobre os filmes, Batman Begins para mim não tem valor cultural, ao contrários dos filmes do Tim Burton. E se tanta gente acha que é o melhor filme do Batman, é porque se deixa levar pela publicidade em torno do filme. Mas vejamos o The Dark Knight... Abraço!
Ia dizer que não conhecia a animação que falas neste post, mas depois fiz uma pesquisa e lembro-me de ver aqueles desenhos em algum lado apesar de nunca ter visto um episódio.
Acho que uma das boas coisas do begins é mesmo o elenco e gosto de Bale como Batman. Pena é que alguns personagens não tivessem sido mais aproveitados pois actores de qualidade não faltavam, falo de Gary Oldman por exemplo.
Morgan Freeman, que é um ótimo ator, infelizmente só aparece para fazer as vezes do "personagem afro-americano importante para a trama". Já o Garry Oldman está perfeito como o Comissário Gordon saído do Batman: Ano Um, mas tem pouca importância no roteiro. Tanto é que arrumaram para ele aquela participação totalmente desnecessária no final, pois se bastava destruir aquela linha de trem, o Batman poderia ter feito isso ele mesmo com o Batmóvel, sem ter que se expor a riscos desnecessários naquela lutinha idiota com o vilão. Por isso eu digo, apesar do bom elenco e técnica, Batman Begins é um filme bem ruinzinho, com um roteiro muito, muito fraco!
Sim, é tudo culpa do estilo de desenho tortuoso, a la Jackie Chan. Mas The Batman tem umas sequências de luta interessantes.
Gosto muito dos dois filmes do Tim Burton, que reassisti para escrever a postagem. Prefiro o Batman Returns, pois ele tem uma proposta criativa mais completa.
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