09/08/2010

Os X-Men por Joss Whedon e John Cassaday (II).


Começando em tom nostálgico, mas também trazendo situações novas (que acabariam no filme X-Men – O Confronto Final), a revista dos heróis mutantes produzida por Joss Whedon e John Cassaday logo conquistou a predileção dos fãs. As coisas melhoram no segundo conjunto de histórias, que coloca em cena uma entidade de inteligência artificial, revelando ao final um complô envolvendo Emma Frost. E é exatamente com essa trama, que liga a antiga Rainha Branca ao Clube do Inferno e à terrível Cassandra Nova, que Astonishing X-Men n°13 se inicia.

Considerando o histórico e os poderes dos vilões envolvidos, jogos mentais e situações ilusórias não poderiam deixar de fazer parte do pacote. Com isso, a trama principal segue uma linha mais psíquica, concentrando-se na personalidade e conflitos pessoais do líder dos X-Men, Ciclope. E enquanto a história prossegue, os pontos mais memoráveis dessas HQs ficam por conta de uma “aula” sobre combate que tem (o não muito pedagógico) Wolverine como professor, e o aguardado encontro a dois de Kitty Pryde e Colossus (cujo “clímax” leva a um momento inusitado e engraçado).

Explorando bem a relação entre os personagens e pontuando o drama com doses de humor, o terceiro conjunto de histórias da Astonishing X-Men chega à metade com os X-Men (de novo) prestes a serem destruídos. E com integrantes mais poderosos e agressivos neutralizados, é Kitty Pryde quem assume o centro da ação. Ao final, porém, tudo se resume a um grande jogo mental, que deixa uma sensação de que não apenas os personagens foram ludibriados. Além disso, essa utilização de um recurso ficcional batido se soma a uma condução às vezes truncada, levando a uma conclusão abrupta.

Na verdade, o que acaba tendo mais relevância ali é a história paralela que vinha sendo narrada, com a qual as tramas iniciais (envolvendo o alienígena Ord e a entidade tecnológica Perigo) se intercalam, abrindo caminho para o que será o conjunto final de histórias de Whedon & Cassaday. Neste último ato, os X-Men são levados por Abigail Brand a Breakworld, um mundo alienígena onde a violência e a destruição dos inimigos são as leis principais. Lá, um antigo oráculo teria profetizado que o planeta seria destruído por um dos X-Men, o que acaba colocando em risco a existência do planeta Terra.

Com alguns momentos tranquilos (como as cenas de amor de Kitty Pryde e Colossus) e muitas sequências de luta (com destaque para Wolverine e Armadura), a história caminha para o fim, culminando no disparo de uma bala gigante contra a Terra. Embora a trama se embole um pouco no meio do caminho, os leitores recebem sua dose de ação e emoção. Então, não bastando as revistas que completam o quarto conjunto de seis histórias, Astonishing X-Men ganhou uma edição final dupla, com a participação de outros heróis, como Quarteto Fantástico, Dr. Estranho e Homem de Ferro.

Giant-Size Astonishing X-Men n°1 encerrou um trabalho que já somava vinte e quatro edições e se iniciara quatro anos antes. E embora comece numa página dupla com o Homem-Aranha e traga outros figurões da Marvel, a HQ enfoca dois personagens que provavelmente não figurariam numa lista de possíveis salvadores do mundo. O primeiro é Colossus, que protagoniza a única luta realmente relevante nessa revista e que, ao final, salva o Breakworld da destruição. A outra é Kitty Pryde, verdadeira protagonista dessa fase da revista, que no último instante sacrifica-se para salvar a Terra.

Desde sua primeira edição à frente da Astonishing X-Men, Joss Whedon “jogou para a torcida”. Privilegiando a nostalgia e resgatando elementos que haviam feito o sucesso dos X-Men no início dos anos 80, o roteirista soube explorar a personalidade e as interações dos personagens. Sem desconsiderar as contribuições trazidas pela New X-Men, seus roteiros seguiram mais a linha do entretenimento, com ação e ambientes de ficção científica. Algo que deveria ter sido evitado é a monotonia narrativa, causada às vezes por um excesso de páginas divididas em quadros horizontais de mesmo tamanho.

Quanto ao visual, pode-se dizer que muitos elementos das histórias não teriam funcionado ou não seriam tão efetivos se não fosse o ótimo trabalho de John Cassaday e da colorista Laura Martin (sua parceira também em Planetary). Apresentando grande regularidade ao longo da série, suas páginas privilegiam a ambientação e a caracterização, somando um traço fino e detalhado a uma colorização luminosa e repleta de efeitos gráficos. O resultado é um visual belo e dinâmico, não raras vezes impressionante e sempre capaz de imergir o leitor na sequência de imagens, promovendo a ilusão de realidade das histórias.

Embora tenha levado quatro anos para ser concluída, a história contada por Whedon e Cassaday se passa ao longo de poucas semanas. Com histórias concatenadas e tramas interligadas, as vinte cinco edições dessa fase privilegiam, assim, uma leitura em conjunto. Aclamada entre os leitores, a série ajudou a firmar a popularidade dos heróis mutantes, conquistada com os filmes lançados em 2000 e 2003. Um dos melhores exemplos da inteligente estratégia que levou a Marvel ao topo do mercado de revistas nos Estados Unidos, a fase de Joss Whedon e John Cassaday na Astonishing X-Men foi e continua sendo um grande sucesso comercial.

Após publicar os dois volumes com as doze edições iniciais, a Marvel lançou as coletâneas Torn e Unstoppable, também reunidas num volume estendido em capa-dura (embora os leitores brasileiros ainda aguardem o lançamento de Os Surpreendentes X-Men Volume 2). Em 2009, essa aclamada fase da Astonishing X-Men ganhou uma omnibus edition de 670 páginas. A Marvel lançou ainda uma versão montion comics de Gifted, que ganhará em breve uma edição de luxo, no DVD de estreia do selo Marvel Knights. Provas sucessivas de que os quadrinhos ainda são um ótimo negócio!

4 comentários:

Raoni Holanda disse...

oi cara, me chamo raoni holanda e gostei muito do blog. linkei no meu. falou.

Wellington Srbek disse...

Bacana que tenha gostado! Continue acompanhando o Mais Quadrinhos. Abraço!

Do Vale disse...

Esse material é daqueles que a gente gasta os dinheiros com gosto! Whedon e Cassaday mandaram muito bem.

E eu esperando até hoje os segundos encadernados de Surpreendentes X-Men e Supremos... =D

Wellington Srbek disse...

Não dá para ficar dependendo dos editores brasileiros, Do Vale. Eu aprendi inglês lendo quadrinhos e assistindo a filmes, o que foi ótimo porque sai mais barato comprar as edições direto dos EUA do que pagar pelas versões brasileiras, que muitas vezes são interrompidas e costumam trazer erros de tradução.