06/08/2010
Os X-Men por Joss Whedon e John Cassaday (I).
Uma característica dos quadrinhos de super-heróis é a identificação dos leitores com determinado personagem (há aqueles que são fãs do Super-Homem ou do Homem-Aranha, outros do Batman ou do Hulk). Além disso, muitas vezes os leitores elegem suas fases favoritas, nas quais determinada equipe de autores ficou a cargo de uma revista. Um bom exemplo disso foi a fase em que a revista The Uncanny X-Men foi produzida por Chris Claremont e John Byrne. Por sua qualidade e importância, muitos consideram este período, entre 1977 e 1981, como o melhor dos heróis mutantes da Marvel.
Mais recentemente, outra fase dos “filhos do átomo” recebeu uma atenção especial dos leitores. Escrita por Joss Whedon (o criador do seriado Buffy, a caça-vampiros) e desenhada por John Cassaday (desenhista da série Planetary), a revista Astonishing X-Men foi lançada no primeiro semestre de 2004. E bem antes de a primeira edição chegar às lojas, os nomes dos autores envolvidos já causavam expectativa entre os fãs dos heróis mutantes. O que se viu, nas vinte e quatro edições e na revista dupla que fechou esse trabalho, correspondeu e até superou as expectativas dos leitores.
Pegando o fio da história de onde Grant Morrison havia deixado em New X-Men, a nova série começou com os heróis lidando com os desdobramentos do afastamento do Professor X e da morte de Jean Grey. Com Ciclope no comando do grupo e Emma Frost na coordenação da escola, um clima não muito amistoso predomina. Mas também há uma boa dose de nostalgia com o retorno da popular Kitty Pryde e de seu dragão Lockheed, além de algum estranhamento com o surgimento do vilão alienígena Ord. Para complicar um pouco mais as coisas, é anunciada uma “cura” para a condição mutante.
Filas de mutantes à frente do laboratório que desenvolveu a vacina genética (que foram parar mais tarde no filme X-Men – O Confronto Final), brigas entre os X-Men e dúvidas por parte do Fera dão a tônica dos primeiros capítulos da história. O herói Colossus, outro personagem popular entre os antigos leitores, ressurge dos mortos, enquanto as personagens Armadura e Abigail Brand fazem sua estreia. Em meio ao tumulto, a intervenção da S.W.O.R.D. desvenda a trama interplanetária envolvendo o alienígena Ord, enquanto a atuação dos X-Men neutraliza a ameaça, encerrando a sequência inicial de HQs.
As seis primeiras edições de Astonishing X-Men têm como característica principal o retorno de personagens e a volta a elementos tradicionais desses heróis (incluindo o “lançamento especial” em que Colossus arremessa Wolverine, e até imagens tiradas de antigas HQs). O próximo conjunto de histórias começa de forma incomum, com o supergrupo enfrentando um lagarto gigante. A ação faz parte do esforço de Ciclope para que sua equipe seja mais bem vista pelo público em geral, o que inclui o uso de uniformes com um pouco mais de cor (deixando para trás a fase do couro preto da série New X-Men).
Claro que a intromissão dos X-Men num “nicho de mercado” alheio não passa despercebida, e o Quarteto Fantástico logo aparece para marcar presença. Não demora para que os dois grupos de heróis unam forças e, já que “a união faz a força”, um simples monstrengo verde não é páreo para eles. Quando a poeira abaixa, comentários sarcásticos sobre os canadenses e, mais tarde, sobre Paris Hilton dão um gostinho extra à leitura. Mas, como não existe tranquilidade para os heróis mutantes, logo a Mansão X é atacada por um robô sentinela a mando de uma entidade tecnológica chamada Perigo.
É a partir da oitava edição que as coisas realmente “esquentam” em Astonishing X-Men; os capítulos que se seguem são pura luta entre os heróis e a inimiga de inteligência artificial. As boas sequências de combate são acompanhadas de uma pertinente narração em texto, e a resolução do conflito inclui o Professor X e uma discussão sobre a relação criador x criatura (que lembra bastante o que se vê no excelente Blade Runner). O encerramento deste segundo conjunto de HQs revela ocultos nas sombras os integrantes de um novo Clube do Inferno, que vêm arquitetando um ataque, através de Emma Frost.
Reeditadas nos Estados Unidos nas coletâneas Gifted e Dangerous, em seguida numa edição estendida em capa-dura, as doze primeiras edições de Astonishing X-Men foram publicadas no Brasil nas páginas de X-Men Extra e depois reunidas pela Panini na coletânea em capa cartonada Os Surpreendentes X-Men Volume 1. O conjunto de edições, que vinha se tornando cada vez mais interessante e empolgante a cada número, não se encerra ao final de Astonishing X-Men n°12, ficando em aberto o misterioso complô que será o tema central na sequência de HQs seguinte.
(CONTINUA)
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5 comentários:
Li esta fase e gostei muito. tanto do roteiro quanto dos desenhos de cassady.
Falarei especificamente do trabalho deles na segunda parte do texto, mas adianto que achei essa fase um bom entretenimento (que é o que ela queria ser desde o início).
Divulgação feita, Caio.
Wellington, tô achando bem bacana essa sua sequência MARVEL. Faz um bom tempo que não acompanho o mercado dos Super, e é exatamente por isso que suas matérias estão me dando um excelente parâmetro das melhores publicações dos últimos anos. Mas sei lá, acho que vou continuar na minha série investigativa dos últimos meses. Tem me dado ótimas surpresas - inclusive no gênero super heróis...
Grande, Lillo!
Para mim também tem sido bacana conferir esses trabalhos mais significativos do gênero super-heróis nos últimos tempos. Aproveitei as "férias" de julho para ler The Ultimates e Astonishing X-Men e, junto com Iron Man Extremis, foi o que de mais bacana produziram nos últimos tempos - não deixe de conferir, se não leu ainda!
(Depois dos X-Men, vou continuar essa sequência Marvel com textos que há muito tempo estava devendo a um certo "padawan".)
Abraços e bom fim de semana!
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