18/07/2010

The Ultimates, a melhor série de super-heróis da década (I).


No ano 2000, com a indicação de Joe Quesada para o cargo de editor-chefe e a crescente interligação dos quadrinhos com outras mídias, a Marvel deu início à ascensão que a faria líder do mercado de revistas nos Estados Unidos. Grande parte do sucesso alcançado nos últimos dez anos se deve a uma política de valorização dos autores, a um bom planejamento das revistas e coletâneas, bem como ao interesse trazido pelos filmes de Hollywood. E talvez em nenhum outro caso a articulação entre trabalho autoral de qualidade e estratégia editorial inteligente tenha sido tão bem-sucedida quanto com The Ultimates. Criada entre 2002 e 2004 pelo roteirista escocês Mark Millar e pelo desenhista inglês Bryan Hitch (com arte-final por Andrew Currie e Paul Neary, cores por Paul Mounts), essa HQ na certa merece o título de melhor série de super-heróis da década.

Pertencendo à linha alternativa que apresentou versões atualizadas dos personagens Marvel, Os Supremos (como a equipe foi rebatizada no Brasil) é a versão Ultimate (“definitiva”) dos Vingadores. No elenco inicial estão os heróis tradicionais do grupo: Homem de Ferro, Thor, Gigante e Vespa, com a participação do Hulk e a liderança do Capitão América. Mas, diferente da história original com os Vingadores, não é o acaso e o plano maléfico de um supervilão que reúnem os heróis, originando o supergrupo. No caso de Os Supremos, é uma iniciativa da S.H.I.E.L.D. e de seu diretor, Nick Fury, o que leva a essa união (já que, para enfrentar ameaças envolvendo superpoderes, nada mais adequado que uma equipe de super-humanos). Contudo, o que na teoria parece uma solução simples acaba se mostrando algo um tanto complicado na prática.

Divergindo em interesses, intenções e personalidades, Os Supremos formam um grupo bastante heterogêneo, que tem em Nick Fury seu ponto de equilíbrio. Há o Homem de Ferro, sempre servido de um drinque e às voltas com as peculiaridades de sua vida de playboy multimilionário. Há o Thor, que oscila entre a figura de um líder pacifista contestador e a do deus nórdico superpoderoso e implacável. Temos ainda o casal Gigante e Vespa, cuja cumplicidade e aparente harmonia explodem num episódio de violência doméstica. Ou o atormentado e inseguro Bruce Banner, que para se sentir parte do grupo acaba libertando o destrutivo Hulk. E temos, por fim, o patriótico Capitão América, inspiração heroica para Os Supremos, que ressurge do passado para encontrar um mundo bem diferente do que deixara em 1945.

Um “Incidente Hulk” (que deixa centenas de vítimas) e um conflito interno (que produz muita publicidade ruim) são algumas das situações que Os Supremos têm que enfrentar. Mas o verdadeiro desafio para o grupo de heróis remonta aos tempos da Segunda Guerra, tendo uma origem extraterrestre. Entram em cena então as versões Ultimate de Viúva Negra, Gavião Arqueiro, Feiticeira Escarlate e Mercúrio, que formam uma unidade secreta a serviço da S.H.I.E.L.D. Em meio à invasão em massa dos Chitauri (a versão Ultimate dos Skrulls), Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Nick Fury & Cia. acabam tendo que contar com uma ajudinha do integrante menos popular do grupo, o incontrolável Hulk. Ao final, a ameaça alienígena é derrotada, mas quem sai mesmo ganhando é o leitor, que acaba de ler uma ótima HQ de super-heróis.

(CONTINUA - é claro!)

2 comentários:

Do Vale disse...

Mark Millar e Brian Bendis foram os caras que me fizeram voltar a ter contato com super-heróis.
Muita gente fala que Millar só seguiu o que havia feito em The Authority, e que The Ultimates é uma visão mais comercial do título anterior. Não concordo: apesar de ambas se destacarem pelo teor político, creio que Ultimates fica um pouco à frente pela caracterização dos personagens.
E cadê o segundo encadernado, Panini? =D

Wellington Srbek disse...

Também não concordo com quem diz isso, Do Vale. The Authority é uma série superestimada e já tem aquelas coisas exageradas e polêmicas do Millar que não enriquecem em nada o gênero super-heróis. Em termos de qualidade, The Ultimates é muito melhor.
Abraço!