12/04/2010

Um novo “crossover” mutante da Marvel.


Até meados dos anos 70, talvez ninguém apostasse que os X-Men se tornariam um dos títulos mais populares da história dos quadrinhos. Afinal, apesar do começo promissor pelas mãos de Stan Lee e Jack Kirby, e de uma boa fase com Roy Thomas e Neal Adams, na primeira metade daquela década os heróis mutantes passaram pelo pior momento de sua trajetória. As vendas caíram e, em 1970, a revista The X-Men passou a reeditar antigas histórias.

A situação só começaria a mudar em 1975, quando o roteirista Len Wein e o desenhista Dave Cockrum lançaram uma nova versão do grupo de heróis, no especial Giant-Size X-Men #1. Introduzindo personagens como Tempestade, Noturno, Colossus e Wolverine, esses autores revitalizaram a série, abrindo espaço para o sucesso que viria em seguida, quando a revista passou a ser escrita por Chris Claremont. Dois anos depois, seria a vez de o desenhista John Byrne se juntar ao título, dando início a uma ascensão que levaria os X-Men à liderança no mercado norte-americano. O fato é que, na virada para os anos 80, os mutantes eram os personagens mais populares das HQs de super-heróis.

Surgiram então minisséries como Wolverine (que marcou o sucesso astronômico desse herói) e novas revistas como The New Mutants (com uma nova geração de heróis), X-Factor (com a primeira geração de pupilos do Professor X) e Excalibur (misturando ex-X-Men e heróis britânicos em aventuras interdimensionais). Nessa época, a Marvel passou a investir em crossovers e super-sagas que interligavam várias revistas, reunindo seus principais personagens contra uma ameaça comum. Os mutantes, é claro, não ficaram de fora dessa onda. Assim surgiram, a partir de 1985, histórias como Guerras Asgardianas, Massacre dos Mutantes, A Queda dos Mutantes e Inferno.

O sucesso dos primeiros crossovers mutantes garantiu a repetição da fórmula no início dos anos 90, com Dias de um Futuro Presente e Agenda da Extinção. Contudo, logo viria uma das piores fases desses personagens. Com a Marvel beirando a falência, o ritmo dos grandes encontros diminuiu, embora tenham sido publicados a super-saga Massacre e o crossover A Era do Apocalipse. O que se seguiu então foram estreias e retornos, mortes e ressurreições de personagens, muitos equívocos e manipulação editorial, que minaram a popularidade dos heróis. Seria necessário o sucesso de X-Men – O Filme para que os heróis mutantes retomassem sua relevância.

Tornando-se novamente um título (ou como se diz hoje: uma “franquia”) muito rentável, os X-Men voltaram a multiplicar-se em diferentes revistas mensais, especiais e crossovers. Essa retomada levou, entre 2005 e 2007, às histórias House of M, Decimation e Endangered Species, nas quais a raça mutante é colocada em risco de extinção. Reduzidos a poucas centenas, os mutantes lutam agora para sobreviver e se adaptar à nova realidade, como se vê em Messiah Complex, Divided We Stand, Manifest Destiny e outras histórias de nome pomposo, publicadas entre 2007 e 2009. E tudo isso culmina, segundo os editores, em X-Men: Second Coming, o crossover mutante de 2010.

A exemplo do que fez com Siege, a Marvel promoveu o lançamento de Second Coming com uma revista gratuita. Além de um prólogo em tom lúgubre, que sugere que um dos heróis morrerá logo no primeiro capítulo, a edição traz listas de coletâneas dos X-Men, páginas com esboços das ilustrações de capas, anúncios de edições, informações sobre a personagem Fênix e uma listagem das revistas e especiais que formarão o novo crossover mutante. O título da história, com sua ressonância apocalíptica que remete à “segunda vinda" de Cristo, refere-se ao retorno da mutante Hope, a primeira criança a nascer depois que o gene mutante foi “desligado” pela Feiticeira Escarlate.

Embora sua distribuição gratuita não deixe muita margem para reclamações, X-Men: Second Coming Prepare não deixa uma sensação de “quero mais”, e sim de que faltou algo, de que ela poderia ter instigado mais o interesse do leitor. Para os fãs dos "filhos do átomo", fica a promessa de mais um crossover que adicionará novos acontecimentos à complexa trama dos heróis mutantes da Marvel. Já para alguém que acompanhou várias outras histórias do gênero, fica a certeza de algumas edições inteiramente dispensáveis e bastante drama superficial que não acrescentará muito à história dos quadrinhos.

2 comentários:

Jaison disse...

X-Men é a minha franquia favorita da marvel. De alguma forma ela se dá a impressão de 'sempre nova' ou ao menos a que tem um maior poder de regeneração (igual o Wolverine). Já faz muitos anos que não leio X-Men sem participação de outros grupos marvel e a última coisa que vi de X-Men foi o desenho animado (evolution) que já faz um tempo que foi concluida. Os filmes eu nem discuto... heheheeh

Wellington Srbek disse...

Fala, Jaison!
Pois é, X-Men também é o meu quadrinho Marvel favorito. Quando comecei a colecionar e ler HQs em 1987, eu não conhecia os X-Men, mas logo me interessei pelo grupo, por causa das HQs espaciais desenhadas pelo Paul Smith e depois com a minissérie do Wolverine. Eles passaram então a ser um dos meus quadrinhos preferidos, quando ganharam revista própria por aqui. Em 1990, comecei a também comprar as revistas importadas, mas aí foi tudo ficando muito ruim e repetitivo. Então eu me desinteressei por eles e passei a ler outras coisas como Monstro do Pântano e Sandman.
Com o segundo filme dirigido pelo Bryan Singer voltei a me interessar pelos heróis mutantes. Mais recentemente, corri atrás de algumas das revistas deles, que tenho resenhado aqui para o blog - como a fase do Grant Morrison entre 2001 e 2004, e a atual fase do Warren Ellis. Deverei em breve fazer a resenha da fase escrita pelo Joss Whedon, que todos elogiam muito. Talvez eu também resenhe algumas coisas dos anos 80. Vai depender de tempo.
Enfim, no momento também posso dizer que os X-Men são meu grupo de heróis favorito.
Abraços e valeu!