30/04/2009

Quais os melhores filmes de super-heróis?


Para Hollywood, uma das minas de ouro mais rentáveis na atualidade são os filmes de super-heróis. Com os avanços dos efeitos visuais e os orçamentos milionários disponíveis para as produções, nada impede hoje a realização de filmes com alta qualidade e grande fidedignidade às HQs. Embora muitas vezes este não seja o resultado, algumas produções cinematográficas merecem destaque (em meio à mera exploração comercial e aos muitos fiascos hollywoodianos). Com novas adaptações dos heróis Marvel e DC a caminho, apresento a lista de quais seriam, na minha opinião, os melhores filmes de super-heróis já feitos. É claro que a idéia aqui é contar com a participação de vocês, leitores do blog!

1. Superman – O Filme (o primeiro filme maduro e bem-produzido com um super-herói, uma excelente produção capaz de traduzir o clima dos quadrinhos para a telona, com efeitos especiais inovadores para a época. Até mesmo para alguém que jamais gostou do Super-Homem, a interpretação de Christopher Reeve tornou o personagem crível e interessante, enquanto um elenco coadjuvante, liderado por Marlon Brando e Gene Hackman, deu lastro à história. A última meia-hora deixa a desejar e as continuações, que não contaram com a direção de Richard Dooner, não valem muito a pena. Mas Superman – O Filme é realmente um clássico que merece ser visto!).

2. X-Men 2 (o primeiro filme dirigido por Bryan Singer com os heróis mutantes seguiu a fórmula de Superman – O Filme, conciliando respeito pelos quadrinhos, protagonistas desconhecidos mas adequados, atores talentosos e consagrados em papéis-chave e os melhores efeitos disponíveis na época. Contudo, X-Men – O Filme deixou a sensação de que faltava algo. Mas o que quer que estivesse faltando veio em X-Men 2, um filme tão bom que teve o efeito de até mesmo “melhorar” o primeiro. Infelizmente, Brian Synger deixou a série de longas dos “filhos do átomo” para se dedicar ao “filho de Krypton”. Como consequência, X-Men – O Confronto Final não fez jus às duas produções anteriores).

3. O Cavaleiro das Trevas (apesar do discutível ator no papel-título, o segundo filme do Homem-Morcego dirigido por Christopher Nolan me fez perdoar o decepcionante Batman Begins. É claro que uns 90% da força do filme estão na impressionante, incomparável e perturbadora atuação de Heath Ledger no papel do Coringa. Mas o roteiro também é bom, a produção bem-cuidada e o elenco coadjuvante está perfeito. Para mim, o principal defeito mesmo é a insistência em mostrar o Batman voando).

4. Homem de Ferro (o filme de estréia do excelente Robert Downey Jr. como super-herói superou todas as expectativas, com um roteiro interessante, bons efeitos, atuações na medida, diálogos inteligentes e uma trilha empolgante. Conciliando elementos realistas numa aventura fantasiosa, o filme é mais que um bom entretenimento, além de ser bem melhor do que qualquer versão do personagem nos quadrinhos).

5. Batman – O Retorno (esse segundo filme do Batman dirigido por Tim Burton foi fascinante na época, por seu visual sombrio que mergulha na estética dos espetáculos itinerantes e dos quadrinhos do Homem-Morcego. Michael Keaton jamais foi o ator ideal para o papel de Batman, mas até que não decepciona nessa segunda chance. Sobretudo, temos um Danny DeVito perfeitamente repulsivo no papel de Pinguim e uma belíssima Michelle Pfeiffer numa encarnação inesquecível da Mulher-Gato. O longa foi também capaz de lançar uma sombra mais favorável sobre seu antecessor Batman – O Filme, que já trazia uma atuação marcante de Jack Nicholson como Coringa. De quebra, a promoção em torno do segundo filme de Tim Burton motivou o desenvolvimento e lançamento de Batman – The Animated Series, uma das melhores séries de animação já produzidas).

Aguardo então os comentários de todos, com as listas de seus filmes de super-heróis favoritos!

SOLAR em resenhas, ensaio e à venda online!


Olá pessoal,
O evento de lançamento foi muito bacana e as primeiras opiniões sobre Solar: Renascimento têm sido ótimas! Se você ainda não adquiriu seu exemplar, a revista já pode ser comprada em algumas lojas de quadrinhos e também pelo correio. Para comprar direto comigo, escreva para: wellingtonsrbek@ig.com.br.

Se preferir uma compra online, acesse a loja virtual da livraria Leitura, que além da Solar tem os melhores lançamentos do mercado brasileiro e várias edições a preços promocionais. O endereço é:
http://www.leitura.com/descricao.php?id=460432&n=SOLAR_RENASCIMENTO

O amigo Ismael, lá das terras de España, escreveu um longo ensaio sobre o novo Solar. Em seu texto, ele faz uma leitura simbólico-psicológica desse herói cultural. Leitor atento, Ismael até adivinhou um elemento que estará presente na continuação da história. Para conferir o texto, acesse: http://huesodeaceitunayreductoresdecabezas.blogspot.com/2009/04/el-heroe-cultural-de-srbek-y-rubens.html

No jornal Estado de Minas de domingo, 26 de abril, o jornalista e crítico de arte Marcello Castilho Avellar publicou uma ótima resenha de Solar: Renascimento. O texto relaciona a nova versão do herói com sua versão original, ressaltando a poética que temos no encontro de meu roteiro com os desenhos de Rubens Lima. Para ler a crítica, basta clicar na imagem que ilustra esta postagem.

Na edição da Folha de São Paulo de segunda-feira, dia 13 de abril, também foi publicada uma matéria sobre Solar: Renascimento. Em seu texto, o jornalista Pedro Cirne ressaltou o caráter diferenciado do personagem, em relação aos demais super-heróis. Quem quiser conferir, pode ler uma versão digital aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u549731.shtml

Também pode ser conferido online o texto que Lielson Zeni escreveu para o Universo HQ. Em sua resenha, ele apresenta uma perspectiva original sobre os porquês de o personagem Solar não ser chamado de super-herói:
http://www.universohq.com/quadrinhos/2009/review_SolarRenascimento.cfm

Abraço e até a próxima!

29/04/2009

Uma cronologia dos quadrinhos.


Quando montei meu curso de quadrinhos há alguns anos, desenvolvi um “Quadro Cronológico” para explicar o desenvolvimento dessa arte, desde seu nascimento até os tempos atuais. Mais tarde, lancei pela Marca de Fantasia o livro de artigos Quadrinhos & outros bichos, no qual publiquei uma versão revisada e ampliada dessa organização cronológica. Nela, apresento alguns dos principais autores e séries que contribuíram para o desenvolvimento da arte dos quadrinhos (obviamente não são todos, mas sim um resumo com alguns dos mais importantes). Aproveito então para compartilhar com vocês:

QUADRO CRONOLÓGICO


PRIMÓRDIOS DOS QUADRINHOS (1827 a 1896)

Principais obras: Os amores do Senhor Jacarandá (Rodolphe Töpffer), Juca e Chico (Wilhelm Busch), Nhô Quim (Angelo Agostini), Yellow Kid (Richard Outcault), entre outros.


QUADRINHOS CLÁSSICOS (1897 a 1939)

Principais séries: Sobrinhos do Capitão (Rudolph Dirks), Little Nemo (Winsor McCay), Krazy Kat (George Herriman), Tarzan (Harold Foster), Buck Rogers (Phil Nowlan & Dick Chawkins), Dick Tracy (Chester Gould), Brucutu (V. T. Hamlin), Terry e os Piratas (Milton Caniff), Ferdinando (Al Capp), Flash Gordon (Alex Raymond), Mandrake (Lee Falk & Phil Davis), Fantasma (Lee Falk & Ray Moore), Príncipe Valente (Harold Foster), Cavaleiro Solitário (Charles Flanders), Red Ryder (Fred Harman), os quadrinhos de J. Carlos para jornais e revistas, Garra Cinzenta (Francisco Armond e Renato Silva), entre outros.

DESENVOLVIMENTO DO QUADRINHO-ARTE (1940 A 1989)

Principais artistas: Will Eisner, Jack Kirby, Harvey Kurtzman, Carl Barks, Charles Schulz, Hergé, Uderzo & Goscinny, Osamu Tezuka, Ziraldo, Henfil, Flavio Colin, Julio Shimamoto, Robert Crumb, Hugo Pratt, Guido Crepax, Moebius, Philippe Druillet, Richard Corben, Alberto Breccia, Quino, Jô Oliveira, Luiz Gê, Milo Manara, Berardi & Milazzo, François Bourgeon, Enki Bilal, Miguel Prado, Koike & Kojima, Hayao Miyazaki, Katsuhiro Otomo, Frank Miller, Alan Moore, Bill Sienkiewicz, Bill Watterson, Neil Gaiman, Grant Morrison, Mike Mignola, entre outros.

QUADRINHOS CONTEMPORÂNEOS (anos 90 até hoje)

Introdução de técnicas de computação gráfica (composição e colorização); segmentação do mercado (diferentes linhas editoriais nas grandes editoras, emergência de pequenas e médias editoras, produção independente); ampla difusão midiática (apropriações pelo cinema, tevê, Internet e publicidade).

21/04/2009

In Pictopia, uma pequena jóia de Alan Moore & Cia.


O roteirista inglês Alan Moore consagrou-se nos anos 80 por seu trabalho em séries e histórias extensas, a maior parte delas com algumas centenas de páginas. Por sua qualidade e originalidade, trabalhos como Miracleman e Watchmen revolucionaram e transformaram os quadrinhos de super-heróis, tornando-se clássicos imperdíveis. Enquanto se dedicava a esses verdadeiros monumentos do gênero, Moore também produziu histórias curtas para coletâneas e revistas de antologias. A melhor delas é provavelmente “In Pictopia!”, uma pequena jóia de treze páginas que usa a metalinguagem para falar de perda da identidade, decadência qualitativa e desvalorização do passado. Tudo isso com direito a um visual expressivo e doses equilibradas de nostalgia e emotividade.

“In Pictopia!” foi publicada em dezembro de 1986 no número 2 de Anything Goes! (revista lançada pelo editor Garry Groth com o objetivo de angariar fundos para as despesas de um processo judicial sofrido pelo The Comics Journal). Trazendo uma capa de Frank Miller, três ilustrações inéditas de Jack Kirby, HQs curtas de Jayme Hernandez e Sam Kieth, entre outros trabalhos, a antologia tinha como destaque principal a história escrita por Moore. Inicialmente, o roteirista havia se oferecido para produzir duas histórias de quatro páginas, que acabaram substituídas por um roteiro de oito páginas intitulado “Fictopia”. Ao chegar às mãos do desenhista Donald Simpson, o roteiro acabou sendo estendido para treze páginas e rebatizado como “In Pictopia!” (ao que consta, Moore concordou com essas alterações, que de fato levaram a um melhor resultado). O trabalho contou ainda com a participação dos desenhistas Peter Poplaski e Mike Kazaleh, do letrista Carl Stalling e do colorista Eric Vincent.

A história começa às cinco e meia da manhã, no quarto de Nocturno the Necromancer, personagem que tem as características gerais e um nome que lembra Mandrake o Mágico (detetive das tiras de aventura, criado por Lee Falk e Phill Davis). Como acontece todas as manhãs, o personagem é acordado antes da hora pelos gritos e murmúrios de seu vizinho de lado, Sammy Sleephead, que tem mais um pesadelo erótico com a própria mãe. Como de costume, Nocturno se levanta, coloca sua roupa (que inclui cartola, bengala e capa) e sai para conferir “quanto se perdeu”. Nas escadas ele encontra um marinheiro brutamontes e uma vizinha que, enquanto seu marido está ausente “secando”, tem que ganhar a vida se prostituindo. Para alguém que afirma viver nas áreas “em preto e branco” da cidade, até que a vida do narrador / protagonista tem muitos tons de cinza. De qualquer forma, Nocturno sabe e logo nos deixa saber que “só os super-heróis podem bancar uma vida em cores”.

Deprimido, o mágico encaminha-se para o “gueto” onde vivem os animais engraçados dos quadrinhos infantis e de humor. Mas dura pouco a satisfação trazida pelo ambiente nostálgico repleto de piadas visuais. A falta de oportunidades de “trabalho” havia levado pobreza e desolação até mesmo para aquela outrora animada região de Pictopia. Nocturno dirige-se então para os limites da cidade, onde sabe que encontrará seu velho amigo Flexible Flynn, uma evidente paráfrase do Homem-Borracha (super-herói cômico criado pelo genial Jack Cole). O amigo flexível lhe faz então um comentário sobre como o horizonte, preto e esfumaçado, parece cada dia mais próximo. Nocturno não nota qualquer diferença e ambos retornam à cidade para tomar uma cerveja. Já no bar testemunhamos um sóbrio monólogo feito por um embriagado Flynn, acerca de pessoas que estão desaparecendo ou sendo substituídas e também sobre as “gangues de novos heróis” que andam pela cidade, ameaçadoras.

Cansado da “paranóia” do amigo, Nocturno deixa o bar, encontrando em seguida um grupo de novos heróis que, por diversão, tortura uma versão do Pateta. O mágico começa então a acordar para a sombria realidade que toma conta de Pictopia. Identidades desfiguradas e o apagamento do passado tornaram-se parte de uma rotina silenciosa de perda e descaracterização. Mas pode ser tarde demais para ele e seu amigo! Como lhe explica um agente de demolição, aquela cidade das figuras estava mudando e na nova capital da ficção “algumas coisas simplesmente não se adequam mais à continuidade”. Imaginando-se num pesadelo, Nocturno corre atormentado pelas ruas, não encontrando mais cenários antes familiares e próximos. Chegando enfim aos limites da cidade, ele se agarra à cerca, tentando discernir o que se encontra naquele horizonte tomado por uma horripilante “massa industrial”. Neste momento, não há como não nos compadecermos do desespero do personagem.

Repleta de referências veladas ou explícitas a quadrinhos clássicos (como Little Nemo, Popeye, Betty Boop, Fantasma, Brucutu, Dick Tracy, Sobrinhos do Capitão...), “In Pictopia!” olha para trás e, em tom nostálgico, fala de queridos personagens que foram deixados de lado por um mercado sempre em busca do próximo sucesso. Mas a HQ também se volta para o que seria, em 1986, o futuro dos quadrinhos norte-americanos, quando super-heróis e anti-heróis cada vez mais violentos e “realísticos” tomariam conta das revistas. Aliás, é impressionante como os “novos heróis” desenhados por Donald Simpson e seus parceiros assemelham-se aos personagens de visual agressivo, lançados pela Image Comics a partir de 1992. Vale lembrar também que grande parte da “violência” e do “realismo” que tomou conta das revistas de super-heróis a partir da segunda metade dos anos 80 se deve especialmente ao trabalho de Alan Moore em Watchmen e A Piada Mortal.

Moore buscou reverter um pouco do efeito negativo que suas obras tiveram sobre os quadrinhos de super-heróis, produzindo a partir de 1993 séries que resgatavam a fantasia e ingenuidade das antigas revistas. Mas a abordagem metalinguística que vemos em 1963 e Supremo (que muitas vezes identifica o “continuum” da Física com a “continuidade” das revistas) já estava presente na brilhante, tocante e inovadora “In Pictopia!” (diga-se de passagem, esta história pode ter influenciado a criação da revolucionária “O Evangelho do Coiote”, escrita por Grant Morrison para a série Animal Man). Essa HQ curta de Moore & Cia. voltou a ser publicada em 2003, com uma nova colorização, na antologia biográfica The Extraordinary Works of Alan Moore (ao que parece, no entanto, ela foi excluída da recente versão revisada do livro). “In Pictopia!” merece ser lida por sua lúcida antevisão de uma indústria crescentemente padronizada e desumanizada, mas sobretudo por ser um relato ficcional emocionante e humano. Enfim, uma pequena jóia em meio à extensa obra do genial Alan Moore!

05/04/2009

O Spirit de Will Eisner, na “adaptação” cinematográfica de Frank Miller.


A ligação de Frank Miller com as HQs do Spirit de Will Eisner e os filmes de crime e violência urbana vem desde o início de sua carreira, quando ele inovou os quadrinhos de super-heróis com seus desenhos e roteiros para a revista Daredevil. A utilização inteligente dos recursos narrativos introduzidos por Eisner somada ao emprego de um ritmo cinematográfico moderno deram às revistas do Demolidor um dinamismo e uma riqueza narrativa raros nos quadrinhos de super-heróis até então. Por tudo isso, era de se esperar que a adaptação cinematográfica de The Spirit, escrita e dirigida por Miller, fosse no mínimo um bom filme e especialmente fiel e respeitoso à obra que lhe serviu de inspiração. Infelizmente, nem de longe é isso que acontece!

A verdade é que não podemos reclamar que não fomos avisados de que Miller estava mais interessado em celebrar seu estilo gráfico pessoal do que propriamente homenagear seu mestre e amigo. Já no cartaz do filme, desenhado pelo próprio diretor, o contraste em preto e branco marcado, com partes em vermelho gritante, tem muito mais a ver com a série Sin City do que com a própria The Spirit. E bastou ver o trailer do filme, com suas cenas em preto e branco saturados, para ficar evidente que Miller gostou tanto da adaptação de seu próprio quadrinho para os cinemas que resolveu repetir o visual, fugindo completamente ao espírito da obra de Eisner. Quanto ao filme em si, a lista de erros, falhas e insultos é tão extensa que mal sei por onde começar!

O visual é sombrio e feio. Os detalhes em branco estourado cansam. Os diálogos são clicherescos e tediosos. Alguns momentos mergulham no mais profundo kitsch sentimentalóide. O ritmo às vezes cai num arrastar que se prolonga por muito mais do que deveria e um pouco além. As cenas de briga parecem saídas de uma sessão de luta livre mal ensaiada. Há até mesmo tiradas de humor forçadas que devem agradar a alguém com extremo mau-gosto. Com isso, em seus momentos mais “dinâmicos”, o longa-metragem não passa de uma comédia pastelão mal escrita e pessimamente iluminada. O que me leva à pergunta de quarenta milhões de dólares: o filme tem mesmo uma história? Uma que valha a pena ser assistida? Pergunto, pois a produção é tão chata e pretensiosa que com vinte minutos eu já estava pedindo para que acabasse! Mas só acabou após intermináveis uma hora e quarenta minutos...

O Comissário Dolan, Ellen, Silken Floss, Plaster of Paris, Octopus... Todos os personagens no filme parecem errados ou excessivos ou diminuídos. Só Sand Saref parece na medida. Também, com a beleza e as medidas da atriz Eva Mendes, fica difícil para qualquer diretor errar feio. Diga-se de passagem, Miller segue os passos de Quentin Tarantino e faz uma ponta no início do filme, para logo morrer e não deixar saudades em ninguém. Quanto ao próprio Spirit, da primeira sequência em que ele aparece até as últimas, Miller fez de tudo para não fazer jus ao personagem humano e simpático criado por Eisner. Praticamente um super-herói invulnerável, imitando a voz e os saltos do Batman e recitando falas de um Rorschach mais sentimental, o Spirit cinematográfico tem pouco ou quase nada do herói clássico dos quadrinhos.

Em resumo, The Spirit é um péssimo filme. Usando termos mais técnicos, eu diria que se trata de lixo cinematográfico puro e simples. Uma obra dispensável que conquistou sem grande esforço um lugar de desonra ao lado de produções como A Liga Extraordinária e Mulher-Gato. Se você ainda não foi ao cinema assistir a esse filme, minha sugestão é que não vá. Economize seu tempo e dinheiro. Ele não vale o esforço de sair de casa. Ainda assim, se fizer questão de conferir a “adaptação” de Frank Miller da obra-prima de Will Eisner, bem, espere até sair em DVD. Ou mesmo espere até passar na tevê. Antes de encerrar, porém, devo fazer uma derradeira ressalva: os créditos finais com os story boards de Miller ao fundo ficaram bem bacanas. Aliás, o autor de O Cavaleiros das Trevas e Sin City deveria voltar a se dedicar ao que sempre fez bem, que é desenhar quadrinhos!