10/12/2009

Um “especial de Natal” com John Constantine.


Uma criação do inglês Alan Moore, o mago John Constantine estreou nas páginas da revista Swamp Thing para logo ganhar uma revista própria, escrita pelo também inglês Jamie Delano. Tornando-se uma das bases do selo Vertigo, a revista Hellblazer conquistou fãs fiéis, tornando-se a publicação mensal mais duradoura da linha de quadrinhos adultos da DC Comics. No fim de 2008, somando quase onze anos de publicação, em seu n°250 a série ganhou uma edição especial de Natal, com cinco HQs curtas produzidas por diferentes autores. Não tive oportunidade de lê-la na época, mas finalmente consegui um exemplar dessa interessante antologia, cuja leitura divido com vocês agora. E como era de se esperar, embora seja um “especial de Natal” ou “Fim-de-Ano”, em se tratando de uma revista com John Constantine, não poderiam faltar palavrões, maldições e alguns demônios.

A primeira HQ é um roteiro de Dave Gibbons (ao qual ele se referiu na entrevista que fizemos há um ano) com desenhos de Sean Phillips (um dos desenhistas tradicionais da Hellblazer). Nela, o roubo de um artefato egípcio milenar leva Constantine a uma perseguição em plena noite de reveillon. O roteiro até consegue empolgar de início e os desenhos seguem o padrão de qualidade de Phillips, mas o final é meio fraquinho e Gibbons continua sendo um melhor desenhista do que roteirista. A história seguinte, “Cartões de Natal” (ou “Cartas de Natal” no trocadilho em inglês), traz um jogo de poker como pretexto para um drama pessoal. Nesse roteiro de Jamie Delano, ilustrado por David Lloyd, o mago londrino é apenas um observador-narrador que nos revela a história de um pai desesperado e um trapaceiro prestes a encontrar o "espírito de Natal".

A história seguinte foi o motivo principal para eu ter comprado a Hellblazer n°250. Não pelo roteiro escrito em rimas por Brian Azzarello (que mostra Constantine realizando um exorcismo num bar de Chicago), mas sim pelos fantásticos desenhos de Rafael Grampá, com cores por Marcus Penna. Num estilo bem pessoal, composto por tracejados e elementos caricaturais, o trabalho do desenhista brasileiro é o diferencial e um dos pontos altos da revista. Já a HQ seguinte traz uma “maldição de Natal”, escrita por Peter Milligan e desenhada por Eddie Campbell. Com uma alma penada e uma ceia em família, esse parece o menos pretensioso de todos os roteiros, mas se revela o melhor da coletânea. Fechando a edição, o trabalho de China Miéville, Giuseppe Camuncoli e Stefano Landini que é o mais inverossímil e fraco dessa edição.

O saldo final de Hellblazer n°250 é positivo. Algumas boas histórias com visual diversificado e dois pontos altos, no roteiro de Peter Milligan e nos desenhos de Rafael Grampá. Pode-se dizer em resumo que essa foi realmente uma revista pensada para os fãs de John Constantine, especialmente por trazer autores ligados à história do personagem, como é o caso de Jamie Delano, Sean Phillips e David Lloyd. E com o retorno das séries do selo Vertigo ao Brasil, através da Panini, há a chance de essas HQs curtas especiais serem vistas por aqui.

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