03/12/2009

O primeiro “arco” de Batman and Robin.


Há seis meses, chegava às lojas nos Estados Unidos Batman and Robin, nova série em doze números escrita por Grant Morrison. As três primeiras edições, desenhadas por Frank Quitely, trazem a estreia de uma nova dupla dinâmica formada por Dick Grayson (que herdou a capa e o título de Batman, após a aparente morte do herói em Crise Final) e Damian Wayne (o filho rebelde de Bruce). Desta vez, os vilões tradicionais de Gotham City ficam de lado e a ameaça fica por conta do Professor Pyg e de seus asseclas do Circo do Estranho.

Em muitos sentidos, a nova revista da dupla dinâmica lembra All-Star Superman, que também totalizou doze edições e resgatou elementos tradicionais do Homem de Aço. Como Morrison revelou ao saite IGN, em Batman and Robin a ideia foi recapturar a atmosfera fantasiosa das HQs do personagem nos anos 50. Outra fonte importante seria o seriado de tevê dos anos 60, com seus elementos bizarros e histórias agitadas que funcionavam segundo suas próprias regras. Mas o roteirista não abriu mão de elementos mais modernos que fizeram o sucesso de produções recentes com o Batman, buscando criar o que ele chamou de “noir psicodélico”.

Tendo sido uma das maiores vendagens da DC Comics nos últimos anos, Batman and Robin n°1 começa com uma perseguição policial ao carro do vilão Mr. Toad. Entra em cena então um Batmóvel em nova versão voadora, preparada pelo impetuoso e arrogante Damian. Mostrando frieza e autocontrole, Dick parece bem à vontade no papel de Homem-Morcego. Completam a revista um pouco de tensão entre os dois protagonistas, uma boa participação do mordomo Alfred e a entrada em cena do vilão Professor Pyg. No conjunto, a HQ de estreia destaca-se pelo ritmo acelerado da ação, pelos bons diálogos e pelo visual bem particular.

Batman and Robin n°2 traz o desenvolvimento da trama apresentada até ali. Para começar, uma conversa com o Comissário Gordon antecipa uma longa sequência de pancadaria, em que a dupla dinâmica enfrenta os integrantes do Circo do Estranho. Em seguida, a tensão entre os novos Batman e Robin atinge um ponto crítico. Entra em cena então o mordomo Alfred, sempre com um bom conselho ou uma palavra de apoio a oferecer. Ao fim da HQ, um pouquinho mais de pancadaria envolvendo o arrogante Damian e estranhos homens-boneca. Novamente, os desenhos de Quitely e a colorização por computador criam um visual interessante.

Batman and Robin n°3 deixa uma sensação não de velocidade narrativa, mas sim de correria. Trazendo a resolução do “caso” iniciado na primeira edição, a HQ atira informações sobre o leitor, tentando explicar ao mesmo tempo o plano e as motivações do Professor Pyg. Perversões de um psicopata, perseguições num velho parque de diversão e alguma pancadaria encerram o “primeiro arco” da série, abrindo uma porta para as edições seguintes. Mas é um final decepcionante, que não fica à altura da promessa trazida por Batman and Robin n°1. Como aconteceu com Crise Final, Morrison parece não ter conseguido entregar o que prometeu.

Algo que permaneceu atrativo e original ao longo das três edições foram os desenhos. Mas nem isso a série preservou já que, a partir de sua quarta edição, Frank Quitely foi substituído pelo bem menos talentoso e original Phillip Tan. Para quem quiser tirar a prova, os primeiros números de Batman and Robin ainda estão disponíveis para venda em lojas virtuais, devendo chegar ao Brasil em breve, pela Panini.

8 comentários:

Guilherme disse...

Realmente o desfecho do arco deixou a desejar. Eu gostei muito da trama, dos personagens, dos desenhos e cores, enfim, desse aspecto "noir psicodélico", mas o final, com aquela previsível chegada do Batman na "luta" entre o Pyg e o Robin me deixou meio frustrado.
O Morrison deu uma entrevista dizendo que queria fazer umas coisas meio ao estilo dos filmes do David Lynch nesta série e eu fiquei empolgado. Não que essas primeiras histórias sejam ruins, são até melhores do que a maioria dos quadrinhos de super-heróis por aí, mas eu esperava muito mais de quem prometia tanto.

Agora é comprar o restante que está saindo, algo que já não estou mais tão motivado, ainda mais sem o Quitely, e ver se ele nos leva a terra prometida.

Wellington Srbek disse...

Olá Guilherme,
Pois é, eu tinha gostado muito do n°1 e até comentei num texto anterior que a revista prometia. O n°2 manteve uma qualidade bem razoável. Mas n°3 foi uma decepção! O final fica muito corrido e tudo meio previsível demais e mal explicado. E aí é aquela coisa: esses caras ganham muito dinheiro para produzir quadrinhos e tinham a obrigação de entregar trabalhos de melhor qualidade. Porque eu vou te dizer, sem receber nada por minhas HQs independentes eu faço roteiros mais bem acabados e interessantes que esses quadrinhos de super-heróis dos últimos tempos (se alguém duvidar, sugiro que leia Alienz e Solar para tirar a prova).
Mas aí fica na nossa mão a escolha de simplesmente não continuar comprando uma revista que não cumpriu o que prometeu. É o que fiz com Batman e Robin e com Flash: Rebirth, que também se perdeu e complicou toda a partir do n°3.
Abraço e valeu pela participação!

QUEIROZ disse...

Eu sempre dou uma olhada nas bancas para ver se tem, mas neca de pitibiriba. E que brochante essa coisa de saber que mudam o desenhista, uma puxada de tapete legal. Quitely e Morrison juntos são como Lucas e Spilberg, dupla dinamica.


Valeu Wellington.

Wellington Srbek disse...

Olá Queiroz,
Acho que essa questão da mudança de desenhista se deve ao fato de que (com o nível de detalhes dos desenhos) o Quitely demora para terminar uma revista. E para manter uma periodicidade, eles armaram esse esquema em que ele desenha o primeiro "arco" , o Phillip Tan o segundo e um outro cara o terceiro, para o Quitely voltar no quarto.
Mas, com o roteiro decepcionante dessa revista n°3 e a substituição de desenhista na n°4, eu não continuei lendo. Não vale a pena gastar dinheiro com essa HQ. Só mesmo a n°1 vale muito a pena ter.
Antes de Batman and Robin sair por aqui, Queiroz, eles têm que finalizar Crise Final e publicar toda a "saga" "A batalha pelo capuz", a qual após um longo e árduo embate levará à definição óbvia, esperada e nada surpreendente de que Dick Grayson assume a identidade de Batman (após a suposta e temporária "morte" de Bruce Wayne).
Minha sugestão a todos é que poupem seu dinheiro com essas HQs. Tem muito quadrinho bacana que merece bem mais o investimento!

QUEIROZ disse...

Então esperarei só as revistas desenhadas pelo Quitely e só compro edição especial hoje em dia Justiça, All Star Superman, E de Extição, por aí.

Valeu Wellington.

Wellington Srbek disse...

Creio que essa é a melhor estratégia em se tratando de quadrinhos de super-heróis atualmente: comprar apenas coisas selecionadas, HQs que realmente valham a pena. Aquele negócio de comprar todas as revista mensais já era! Virou perda de tempo e dinheiro.
E pra você ver como estão as coisas, Queiroz, a DC e o Grant Morrison já estão anunciando uma série de HQs especiais para trazer o Bruce Wayne de volta de sua não-morte. Mas aí acho que o negócio já caiu no cinismo...
Abraço!

QUEIROZ disse...

A DC oscila tanto sabe, filme do Batman espetacular, as séries já citadas do Alex Ross e Morrison, idem, mas tem esses vicios de 54 terras e blá, blá, blá. E tão infeciente essa coisa de matar o Batman, pois se comparada a morte do Superman ou falando da concorrencia do Capitão América, ninguem acredita sabe, não formou um novo arco como foi os dos outros supermans, nada de interessante ligado a isso, a morte do batman, não foi tão impactante quanto Bane quebrar a coluna dele.

Enfim, Batman merecia uma vida mensal com desenhos de Alex Ross não só na capa, pois me frusta, capa do Ross e abre desenhos mequetrefes.

Enfim, os grandes males dos quadrinhos são Invasão Skull e as não sei quantas Terras.

Valeu Wellington.

Wellington Srbek disse...

Para mim, Queiroz, o problema todo começou por volta de 1992. Com o surgimento da Image, a Marvel e DC perderam espaço no mercado e reagiram apelativamente, com coisas como A Morte do Super-Homem, A Queda do Morcego e A Saga do Clone.
"Matar" ou alterar heróis principais virou uma receita para fazer caixa de forma rápida e eles abusaram dessa estratégia, a ponto de terem rompido com a "ilusão" de realidade que tínhamos em relação aos personagens até os anos 80. Virou tudo um esquemão editorial e hoje só acredita nessas coisas quem ainda não percebeu que está sendo enganado ou quer ser enganado.
Se quiser ver mais sobre esta discussão aqui no blog, clique nos marcadores CRISE e FLASH. Tem algumas passagens interessantes, inclusive nos comentários.
Abraço!