31/08/2009
Um desenhista genial chamado Melado.
Foi provavelmente em 1991 que conheci o desenhista, ilustrador, cartunista e amigo João Batista Melado, ou J. B. Melado, ou apenas Melado. Na época, eu era um menino tímido que queria ser desenhista de quadrinhos. Tendo conhecido há pouco o cartunista Nilson Azevedo, fui convidado para participar de uma das reuniões de quadrinistas que ele fazia em sua casa nos domingos pela manhã. Para mim, aquela foi uma oportunidade incrível para conhecer profissionais do desenho, aprender mais sobre a arte dos quadrinhos, ter meus primeiros trabalhos criticados e, sobretudo, conhecer alguns dos amigos que fariam parte de minha vida desde então.
Além do próprio Nilson, sempre muito generoso em explicar e ensinar sobre desenho e quadrinhos, naquelas animadas e esperançosas reuniões de domingo pela manhã, eram presença constante o desenhista e diagramador Cleber Campos e o próprio Melado. Os dois já trabalhavam juntos há algum tempo e haviam criado uma série de tirinhas chamada Quixotó e Sanchulé (com versões cartunísticas e cômicas dos personagens criados por Miguel de Cervantes), além de mais tarde darem vida ao personagem Grafite (cujas HQs publicadas inicialmente num jornal de BH podem agora ser vistas no Blog do Cleber). Aquelas reuniões do início dos anos 90 contavam com a presença de outras pessoas, mas nós quatro acabamos formando uma espécie de “núcleo central” do grupo.
Não é por menos que, no meu aniversário em 2000, pude contar com a animada presença de Nilson, Cleber e Melado, entre outros amigos, como o infalível Dênio Takahashi, já então retornado de sua temporada no Japão. A festa no bar Arrumação foi tão bacana que decidimos torná-la um encontro periódico, sempre no primeiro ou segundo sábado do mês. Aqueles foram encontros verdadeiramente memoráveis, aos quais se agregavam amigos dos amigos, e nos quais aproveitávamos para colocar a conversa em dia, rir bastante, cantar e (no meu caso, por ser solteiro) namorar as belas moças que frequentavam o Arrumação. Nossas reuniões eram tão boas que quase fundamos uma confraria, que chamei de “Sociedade dos Cavaleiros da Triste Figura” (Cervantes, novamente!). A partir de 2002, porém, outros compromissos e os apertos da vida acabaram atrapalhando nossas reuniões.
Fiquei um tempo sem ter notícias do Melado e quando soube dele novamente foi através de uma página de quadrinhos sua, presente numa exposição. Era um negócio fabuloso! Meio quadrinho, meio iluminura medieval. Fiquei maravilhado. Nos últimos tempos, aliás, tudo que vi dele é de cair o queixo! O cara já era um bom desenhista, mas tornou-se um gênio do traço. Seus quadrinhos têm um quê de Will Eisner e suas ilustrações algo de gravura antiga, de Dürer ou outro mestre da textura. Mas, por favor, não confiem apenas em minha palavra; aproveitem para dar uma olhada na galeria pessoal dele. Se tivéssemos, de fato, no Brasil um mercado para quadrinhos brasileiros (ou se talvez BH não fosse a ilha que é), Melado já seria um ilustrador reconhecido.
De qualquer forma, para minha alegria, ele aceitou meu convite para desenhar minha adaptação de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Então, com a proteção do belo São Miguel Arcanjo que ilustra esta postagem, teremos em 2010 a publicação, pelo selo Desiderata da editora Agir, de nosso primeiro álbum em parceria (que, espero, venha a ser a primeira de várias colaborações nossas). Vocês não perdem por esperar!
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4 comentários:
"Tempo bom, le,re,le, não volta mais..." Foi um ótimo momento das nossas vidas e a qualidade do trabalho do Melado realmente é indiscutível... Tô curioso pra ver o MPBC. Um abraço e obrigado. PS:) Ainda acho que vamos retomar esses encontros... Ah, vamos...
Grande Cleber (também conhecido como "aquele que me ensinou a montar um blog"),
Pois é, foi um tempo bom demais! Vamos ver se convocamos nossos amigos reclusos (Nilson, Melado) e retomamos os encontros!
Também estou curioso para ver o MPBC! Nosso amigo desenhista está escondendo o jogo até de mim...
Abraços e valeu pelo comentário!
Conheço o Melado, um gênio. Ele fez a arte da capa de meu livro. Perdemos o contato. Por onde ele anda ?
Não sei. O trabalho que fiz com ele foi há mais de 10 anos. Abraço!
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