25/06/2009

Turma da Mônica Jovem, uma HQ brasileira de sucesso.


Críticas podem ser feitas às revistas infantis da Turma da Mônica. Mas todos temos que reconhecer a importância das criações de Maurício de Sousa para a história dos quadrinhos brasileiros. Entre suas contribuições mais significativas está o fato de as revistas da Mônica ocuparem a condição de líderes do mercado nacional, tendo desbancado há décadas concorrentes estrangeiros poderosos como a Disney. Por isso mesmo, as produções dos Estúdios Maurício de Sousa são a melhor resposta para aqueles que gostam de afirmar que os quadrinhos feitos no Brasil não vendem bem e são incapazes de conquistar os leitores.

Além das centenas de milhares de revistas infantis vendidas todos os meses, recentemente Maurício de Sousa deu-nos mais uma prova de que, quando tem um bom projeto e uma produção adequada, uma HQ brasileira pode vender muito mais do que os similares importados. Lançada há quase um ano, a Turma da Mônica Jovem chegou fazendo barulho e emplacando um sucesso de vendas estrondoso. Publicada pela Panini num formato 21,3cm x 16cm, a série tem capa colorida em papel cartonado, miolo P&B impresso em papel-jornal, com 130 páginas, ao preço de R$6,90. Ou seja, um produto endereçado aos jovens leitores de mangá e aos fãs adolescentes da “dentuça”.

Turma da Mônica Jovem é o que podemos chamar de a crônica de um sucesso comercial anunciado, cuja base foram as décadas de popularidade das revistas infantis do grupo. Transformar Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão em adolescentes foi quase como seguir a “evolução natural” dos personagens. A transformação, é claro, foi feita tendo como referência as tendências do mercado de quadrinhos e contemplando os referenciais presentes no cotidiano do público-alvo da série. Desenhadas em estilo mangá cartunizado, com meios-tons em retícula, as HQs trazem os elementos característicos e os principais maneirismos dos quadrinhos japoneses mais comerciais.

Por sua vez, as histórias são repletas de referências a celulares, e-mails, Internet, DVD, etc., trazendo ainda situações que exploram a sexualidade dos personagens. Aliás, as formas adolescentes da Mônica foram logo um dos elementos que se destacaram na série. A menina continua com os característicos dentinhos de coelhinha, mas ganhou cinturinha, peitinhos e bundinha que não lembram em nada a “gorducha baixinha” de antes. Já houve até um badalado beijo no ex-Cebolinha, agora Cebola, que vive babando pela amiga. Noutra edição, uma aventura espacial acaba mostrando a Mônica com a roupa em farrapos, o que ressalta suas caprichadas curvas.

Com o sucesso comercial, Turma da Mônica Jovem já está “fazendo escola”, pelo que podemos ver na Luluzinha Teen, lançada este mês pela Ediouro. Para quem ainda não conferiu a série juvenil dos Estúdios Maurício de Sousa, o saite oficial traz disponível o número zero promocional do mangá brasileiro. Na história de seis páginas, Mônica escreve em seu diário eletrônico, o que serve de pretexto para serem apresentadas as principais mudanças sofridas pelos personagens. Um ponto muito estranho é o endereço anunciado para um suposto website do Cebola, que existe realmente, mas que na verdade não tem nada a ver com os personagens de Maurício de Sousa.

15 comentários:

Amalio Damas disse...

Maurício de Souza é o exemplo vivo do myself made man tupiniquim, como Silvio Santos e outros que começaram do zero e hoje possuem verdadeiros impérios.

Isso só foi possível pela criação de personagens tão fortes que fazem parte do inconsciente coletivo nacional.

Turma da Mônica Jovem foi o mais novo insight dos Estúdios Maurício de Souza, que perceberam a perda de leitores já na pré-adolescência, criando então um produto mais adequado ao público-alvo.

Como você mesmo citou, já criou até uma tendência mercadológica, como a Luluzinha Teen e não me admira o surgimento de novos "teens" de agora em diante.

Wellington Srbek disse...

No caso do Maurício de Sousa, Amálio, há também o fato de ele ter começado em 1959, quando havia um espaço maior para os quadrinhos brasileiros, tendo se mantido por mérito próprio até chegar à década de 70, quando lançou as primeiras revistas.
Transformar a Mônica em adolescente me parece algo quase natural, e eles têm sabido trabalhar bem os personagens para o público adolescente (daí o tremendo sucesso!).
Se os Estúdios Maurício de Sousa, com a estrutura que têm, investissem em trabalhos de outros autores (como fez o Bonelli após o sucesso do Tex) poderiam mudar para sempre o mercado brasileiro de quadrinhos!
Abraço!

tavares disse...

Quando era guri,gostava de ler Mônica,Cebolinha e etc e achava bem legal.Com o tempo,porem tornou-se repetitivo demais,criando histórias com finais óbvios. A turma jovem é uma maneira de se manter forte no mercado e abocanhar novos nichos mercadológicos,mas infelizmente não cria nada de novo,apenas aproveita a onda mangá que caiu no gosto da molecada.

Wellington Srbek disse...

Concordo, Tavares, e no meu texto analisei a série mais como projeto editorial e mercadológico.
Mas a verdade é precisaríamos ter muitas outras publicações como a Turma da Mônica Jovem, que pudessem divulgar outros personagens brasileiros e especialmente dar emprego a dezenas e dezenas de quadrinistas brasileiros.
Abraço!

Carlos Brandino disse...

Li as 10 primeiras ediçoes deste projeto e gostei bastante. Apesar deu gostar mais deles pequeninhos. A anos vem se falando porque eles nao crescem e tudo mais. E tio Maurício foi inteligente e escolheu o momento certo em publica-los no estilo mangá.
Não sei se faria (ou talvez faria) o mesmo sucesso se fosse lançado anos atras em um estilo que nao fosse mangá...
Apesar de grandes eles tem as mesmas caracteristicas de quando pequeno e isto é bom para crianças e adultos. Meus pontos negativos são: a ediçao #6, que parece que foi feito as pressas e para dar o numero de paginas exageraram no excesso de quadros grandes. e a história está muito ruim.
Estão dando muita enfase as curvas e seios das personagens apenas para dizer que elas cresceram.
Bem, fora isto...tá lá o humor e belos desenhos. Principalmente as capas.

Wellington Srbek disse...

Olá Brandino,
Eu li alguma coisa e não gostei tanto quanto você. Acho até que em alguns momentos eles estão exagerando na sexualização das personagens femininas. Mas realmente enquanto projeto mercadológico, adaptando a Mônica para o público adolescente através do mangá, a série é perfeita.
Abraço!

Unknown disse...

Eu me orgulho em dizer (mesmo que corra o risco de ser CRUELMENTE assassinada pelos fãs de Tuma da Mônica) que nunca gastei meu (pouco) dinheiro com estes quadrinhos. Jamais, nem mesmo quando eu era criança, gostei da Turma da Mônica. Devo ser uma (in)feliz exceção.

Wellington Srbek disse...

Eu também nunca fui um fã da Mônica, Cleonice, e as edições que li até hoje foram compradas por dever de ofício, como pesquisador e crítico de quadrinhos.
Abraço!

Thiago Mallet disse...

Do ponto de vista estritamente mercadológico, a revista é interessante, embora não seja a primeira vez que o Maurício demonstra seu oportunismo visando atrair mais público (alguém aí se lembra dos personagens que ele fez baseados em jogadores de futebol que fizeram fama?).

Não vou me estender demais comentando os conceitos por trás da TMJ, mas é preciso frisar que os adolescentes são vistos de forma muito estereotipada (a começar pelas suas tendências consumistas e acesso farto a bens como carros e computadores, algo que nem de longe representa a realidade da maior parte dos jovens brasileiros, nem mesmo os das grandes cidades). Além disso, como você escreveu, o visual se baseia demais nos clichês dos quadrinhos japoneses.

Alguém aí em cima comentou que Maurício e Sílvio Santos fizeram-se por si como "self-made men" e "começaram do zero". Será mesmo?

Abraço!

Wellington Srbek disse...

Olá Thiago,
Você fez uma observação importantíssima quanto às revistas não correspoderem ao que são os jovens brasileiros, e isso é um problema herdado das revistas infantis da Mônica. É por isso que no texto eu falo em "público-alvo" e não em 'juventude brasileira', por exemplo.
E realmente minha análise foi centrada na TMJ enquanto projeto mercadológico, inclusive porque não li a série inteira para fazer uma crítica devidamente embasada. Do que li, achei realmente estereotipado e meio sexualizado demais. Mas aí vão dizer (como sempre dizem quando critico uma revista do Maurício de Sousa) que as HQs da Mônica são na verdade um espelho da sociedade e do público brasileiro - o que, como você bem frisou, elas não são.
Abraço e valeu pela participação!

Jaison disse...

Eu escrevi sobre a "onda teen" desses personagens no meu blog na semana passada tb e achei melhor não criticar (embora não dê pra engolir a Mônica Teen como mangá), pq o cara tem o direito de fazer o que quiser com o personagem dele. Mas ele poderia quebrar a onda da repetição que vemos em tantas coisas hoje em dia como a literatura e a música, com séries novas. Ele é criativo o suficiente pra isso. Ele poderia ter mudado o nome do Cebolinha também por que "Cebola" ficou meio estranho... hehe!

Wellington Srbek disse...

Pois é, Jaison, uma coisa que sempre critico nos quadrinhos mais comerciais é exatamente a repetição das fórmulas. De qualquer forma, é melhor termos um quadrinho comercial brasileiro vendendo milhões, do que um quadrinho comercial estrangeiro vendendo milhões (afinal, assim não se pagam royalties para empresas estrangeiras).
Abraço!

Anônimo disse...

Que MERDA de pesquisador de quadrinhos é você que acredita que essa revista é um sucesso baseado apenas nos dados fornecidos pelo CHAPA BRANCA do Sidney Gusman?

Quem garante que essa revista realmente vende bem?

Onde estão os dados do IVC?

Você fez algum levantamento científico em bancas, escolas e livrarias?

Não seja ridículo, cara! Como você pode colocar a cabeça no travesseiro de noite depois de escrever um texto irresponsável como esse?

Wellington Srbek disse...

Não respondo a comentários anônimos.

Anônimo disse...

"Com certeza".