12/06/2009

O novo velho Homem Animal.


Pelos motivos apontados na postagem anterior, o Homem Animal tornou-se um personagem relevante para os quadrinhos de super-heróis e bastante querido pelos leitores. Após o fim da fase de Grant Morrison, as histórias do herói ficaram a cargo dos roteiristas Peter Milligan, Tom Veitch e Jamie Delano (com o qual a série passou a fazer parte do selo Vertigo). Apesar de alguns bons roteiros, ao assumir um tom mais sombrio a série acabou sendo cancelada. E pensando bem, embora as três coletâneas que reúnem a fase escrita por Morrison tenham sido incorporadas ao selo Vertigo, a estética e a temática dessas HQs têm mais a ver com as revistas regulares do “Universo DC”.

Tanto é que, nos últimos anos (em parte graças ao próprio Grant Morrison), o Homem Animal voltou a ser visto na companhia de outros super-heróis DC, tendo papel de destaque na série 52. Mais uma vez resgatado do “Limbo dos Quadrinhos”, o herói acaba de ganhar uma minissérie na qual deveremos ver seus “últimos dias”. Escrita por Gerry Conway, desenhada por Chris Batista e trazendo capas ilustradas por Brian Bolland, The Last Days of Animal Man se passa num futuro próximo e mostra um Buddy Baker quarentão, às voltas com problemas no casamento e com a perda de seus superpoderes.

Tendo sido anunciada com algum destaque pela editora, em seu primeiro número a minissérie não vai muito além de uma HQ de super-heróis regular. A história se passa na cidade de San Diego, que começa a se recuperar da devastação causada por uma tempestade. O clima festivo é logo interrompido pelo ataque do vilão Bloodrage que, por sua vez, é interrompido pela atuação do herói local, o Homem Animal. Então, no meio da luta, Buddy Baker toma consciência de que seus poderes estão lhe faltando (para quem quiser conferir, essa sequência inicial pode ser conferida na prévia disponibilizada pela DC).

Recuperando-se a tempo, o Homem Animal consegue suplantar a ameaça. Seus problemas, no entanto, estão apenas começando. A HQ assume então um caráter mais cotidiano, com discussões conjugais e questões de trabalho. Ao fim, uma nova luta nos lembra que estamos lendo uma revista de super-heróis. No geral, os desenhos seguem um padrão mais técnico do que expressivo, alcançando um resultado apenas regular. Aliás, algo que também não foge à regra é o espaço ocupado pela publicidade: são catorze páginas de anúncios para uma revista com vinte e duas páginas de quadrinhos!

O que realmente se sobressai nesta primeira edição de The Last Days of Animal Man é a interessantíssima capa ilustrada por Brian Bolland. A imagem é uma citação à capa da revista Animal Man n°1, produzida há vinte e um anos pelo próprio Bolland. Ao mostrar o herói e os bichos na mesma posição da capa original, mas substituindo-os por seus esqueletos, a nova imagem sugere criativamente o subtexto apocalíptico da minissérie (uma sugestão: clique nas imagens dessas duas postagens, salve-as em seu computador e veja-as em sequência; o resultado “antes e depois” é bem bacana!).

Como não faz parte da cronologia regular da DC (por se passar num futuro próximo), The Last Days of Animal Man pode ser publicada em breve pela Panini. Mas, para alguém que se acostumou a ver o Homem Animal em histórias inteligentes e até bem-humoradas, esta nova minissérie ainda precisa provar a que veio. Por enquanto, ficamos pelo menos com as novas belas capas de Brian Bolland.

2 comentários:

Amalio Damas disse...

É uma pena que Brian Bolland tenha ficado apenas nas capas, porque ler A Piada Mortal e Camelot 3000, são sempre boas pedidas, porque mesmo tendo roteiros acima da média, a arte é fantástica. A capa é fantástica.

Quanto ao Homem-Animal, gostei muito da fase Peter Milligan, mas a fase Tom Veitch estava meio viajandona demais e aqui no Brasil ficou pela metade.

Queria muito que o Morrison voltasse para mais uma temporada no Homem-Animal, só para ver o que ele inventaria dessa vez.

Wellington Srbek disse...

Olá Amálio,
Acho que a questão do Brian Bolland é que ele é meio lento para desenhar HQs (quando trabalhavam juntos, Dave Gibbons até dava uma mão quando ele estava atrasado nos prazos). Assim, os trabalhos de Bolland com HQs são raros. Em compensação, as capas são fabulosas!
Acho que o Morrison escreveu as partes do Homem Animal em 52, mas dúvido que ele volte a escrever uma série do personagem. Aquela última edição com o encontro dos dois é meio que definitiva na relação entre eles.
Abraço!