16/06/2009

A nova revista da “dupla dinâmica” Grant Morrison e Frank Quitely.


Uma boa história em quadrinhos se faz com um roteiro interessante e desenhos de qualidade. Por isso mesmo, quando um roteirista inteligente e um desenhista habilidoso se juntam, o resultado tende a ser o mais proveitoso para os leitores. A julgar pela edição de estréia de Batman and Robin, nova parceria da “dupla dinâmica” Grant Morrison e Frank Quitely, tudo indica que teremos uma memorável HQ de super-heróis. Lançada no início deste mês pela DC Comics, a revista traz bastante ação e bons diálogos, desenhos detalhados e cores em pintura digital de primeira. Já chegando como a maior vendagem da editora nos últimos anos, o n°1 apresenta de uma só vez um novo Batman e um novo Robin, isso sem falar num novo Batmóvel voador.

A parceria entre os escoceses Morrison e Quitely começou em meados dos anos 90. Na época, eles produziram para a DC a minissérie Flex Mentallo, cujas quatro edições podem ser descritas como um delírio visual e temático, na forma de uma HQ de super-heróis psicodélica. A dupla voltaria a se reunir em 2000 para produzir a muito elogiada graphic novel JLA: Earth 2, estrelada pela Liga da Justiça e por sua versão maligna de uma Terra paralela. Trocando a editora do Super-Homem pela do Homem-Aranha, no início do século Morrison e Quitely colaboraram em algumas das melhores edições de New X-Men. Os dois logo voltariam à DC para produzir We3, uma minissérie hiperrealista estrelada por um gato, um cão e um coelho ciborgues. Em seguida, veio All-Star Superman, uma aclamada série limitada com o Homem de Aço, que resgatou aspectos tradicionais do personagem, num visual mais clássico.

Agora é a vez de os quadrinistas escoceses emprestarem seu talento ao outro grande herói DC. O fato é que Morrison já vinha há algum tempo dando as cartas nos destinos do Batman. Por suas mãos, o herói de Gotham City descobriu recentemente que tinha um filho, como é visto na história Batman and Son. Em seguida, o roteirista mostrou o desaparecimento do Homem-Morcego nas páginas de Batman: R.I.P.. Se não bastasse, Morrison aparentemente matou Bruce Wayne nos capítulos finais da “super-saga” Crise Final. O que veio a seguir foi uma espécie de disputa para se saber quem assumiria o “capuz” do Cavaleiro das Trevas, como foi mostrado na minissérie em três edições Batman: Battle for the Cowl (escrita por Tony Daniel). E como já foi amplamente divulgado, o “vencedor” foi Dick Grayson, que herdou a capa e o título de Batman, unindo-se ao novo Robin, Damian Wayne (o filho rebelde de Bruce).

As primeiras aventuras da nova dupla dinâmica é o que será visto na série Batman and Robin, que terá um total de doze edições divididas em quatro partes (sendo a primeira e a última desenhas por Quitely). O "arco" inicial tem como título “Batman Reborn” (“Batman Renascido”) e traz os defensores de Gotham às voltas com o Professor Pyg e seus asseclas do Circo do Estranho. A HQ começa com uma perseguição policial ao carro do vilão Toad. Entra em cena então o Batmóvel em nova versão voadora, preparada pelo impetuoso e arrogante Damian. Mostrando frieza e auto-controle, Dick Grayson parece bem à vontade no papel de Homem-Morcego. Mas, pelo que se pode notar neste primeiro capítulo, a tensão entre os dois personagens será um elemento importante ao longo da série. Também deverá ter um papel preponderante o sádico e insano Professor Pyg, que só aparece mesmo ao fim deste n°1.

Em muitos sentidos, a nova revista da dupla dinâmica lembra All-Star Superman, que também totalizou doze edições e resgatou elementos tradicionais do Homem de Aço, deixados de lado nas últimas décadas. Como Morrison revelou ao saite IGN, em Batman and Robin a idéia é recapturar um pouco da atmosfera fantasiosa das HQs do personagem nos anos 50. Outra fonte importante seria o seriado de tevê dos anos 60, com seus elementos bizarros e histórias agitadas que funcionavam segundo suas próprias regras. Por outro lado, os autores não querem abrir mão de elementos mais modernos que fizeram o sucesso de produções recentes com o Batman, como o filme O Cavaleiro das Trevas. Assim, na definição do roteirista, a nova revista seria um “noir psicodélico”. Se considerarmos o ritmo acelerado e os desenhos impressionantes da primeira edição, Batman and Robin realmente promete ser uma “tremenda viagem”!

Para quem quiser conferir as primeiras páginas da HQ, a DC disponibilizou uma prévia com as duas versões da capa e sete páginas internas: http://www.dccomics.com/media/excerpts/11864_x.pdf

12 comentários:

Amalio Damas disse...

Lembro que a primeira HQ que li de Frank Quitely foi Visões de 2020: Tesão de Viver e fiquei impressionado com a narrativa e os desenhos característicos dele.

Quando Terra 2 foi lançada, gostei bastante, apesar da maioria dos leitores brasileiros malharem a HQ na época,para tempos depois elogiarem, quando a dupla fez X-men, a velha história.

Existem profissionais que se completam, como Claremont e Byrne, O´Neal e Adams, Gaiman e McKean.

Não que os autores tenham produzido obras inferiores com outros artistas, mas parece que as habilidades são potencializadas quando a dupla certa funciona.

João Rosa disse...

Espero que se torne um clássico tal como o All Star Superman. Comprarei o HC para confirmar isso :)

Wellington Srbek disse...

Grande Amálio!
Concordo plenamente com o que disse e os exemplos que você deu são perfeitos.
Abraços!

Wellington Srbek disse...

Olá guerreiro celta,
Olha, considerando as vendas do número 1 e a qualidade da HQ em si, sua HC está garantida (só vai ter mesmo que esperar alguns longos meses).
Abraço e valeu pela participação!

Unknown disse...

Quando recebi, por e-mail, o aviso das postagens de junho, sobre a DC, fiz cara de desdém, (mesmo não sendo marvete!), mas quando cheguei aqui no blog e li, antes de mais nada, o nome do Quitely, já abri um sorriso. Porque se ele desenhasse Turma da Mônica (que eu ODEIO! Perdoem-me, pessoas que "foram alfabetizadas com esses quadrinhos") eu leria. E o Morrison... bem, eu tenho uma relação de amor e ódio com seus roteiros. Mas, no fim, sempre acabo lendo, porque gosto de suas "viagens". Isso tudo foi para dizer que eu acho que darei uma chance ao Homem-Morcego e lerei.

Wellington Srbek disse...

Mas onde já se viu desdenhar do fantástico blog Mais Quadrinhos, Cleonice!? He he!
Pois é, o Morrison tem lá seus altos e baixos, seus brilhantismos e excessos. Mas este novo Batman and Robin realmente promete. Li o número 1, que acaba de esgotar nos Estados Unidos, e gostei realmente. Vale conferir.
Abraços!

QUEIROZ disse...

Realmente ansioso para ler essa revista, pois o Quitely e o Morrison para mim estão para os quadrinhos, assim como Spilberg e Lucas estão para o cinema.


Valeu Wellington.

Wellington Srbek disse...

Olá Queiroz,
A revista é realmente bacana e vale a pena! O Quitely é o desenhista ideal para algumas das pirações do Morrison.
Abraço!

Unknown disse...

Detesto Quitely ( não vejo nada de bom no traço dele ), por isso, não lerei isso, ainda mais, a DC anda bem mal das pernas, faz um bom tempo...vida longa a Marvel.
M Santiago

Anônimo disse...

Melhores que Morrison e Quitely, só mesmo Mark Millar e Bryan Hitch, este último o maior e melhor artista da atualidade, disparado. Leiam a HQ dos 4 Fantásticos na revista Universo Marvel e verão porque tenho razão.
M Santiago

Wellington Srbek disse...

Bom, Marco, só posso discordar, pois o trabalho do Quitely é muito bom, e está bem interessante nessa Batman and Robin.
E quanto à Marvel, com exceção de coisas muito esporádicas, como a Astonishing X-Men do Whedon e Cassady, há muito tempo eles só produzem lixo cultural.

Wellington Srbek disse...

"Melhores que Morrison e Quitely, só mesmo Mark Millar e Bryan Hitch"!? Esta frase contradiz seu comentário anterior, Marco, em que você diz que não tem nada de bom no traço do Quitely.
Mas, enfim, todo mundo tem direito à opinião, embora seja sempre bom buscar-se conhecer e compreender o máximo de trabalhos possível.
Abraço.