18/12/2008

Novas edições das revistas periódicas da Pixel.


A indústria de quadrinhos passou por transformações nos últimos anos, tanto no que diz respeito ao mercado de revistas, quanto em termos da produção em si. Uma maior ligação com outras mídias (como cinema, televisão e internet) tem sido uma estratégia de sobrevivência para as grandes editoras norte-americanas, acompanhada de um direcionamento das HQs para o formato livro (em graphic novels e coletâneas das séries de sucesso). Nesse momento de “convergência midiática”, se por um lado temos filmes do cinema e séries da tevê que copiam ou adaptam elementos dos quadrinhos, por outro temos HQs que parecem seguir temáticas e recursos narrativos tirados de outras mídias. Um bom exemplo disso são os capítulos das séries Y - O último homem, Frequência Global, Hellblazer e Ex Machina, publicados nos números 19 e 20 da Pixel Magazine.

Destaque na edição de outubro, com as capas e duas HQs, e iniciando um novo volume na edição de novembro, Y - O último homem mantém a condição de melhor série da antologia mensal da Pixel atualmente. A história mostra um mundo no qual todos os machos mamíferos morreram misteriosamente, só sobrevivendo o jovem Yorick e seu macaquinho Ampersand. Em meio a hordas de feministas assassinas, disputas políticas e uma trama conspiratória, a dupla de sobreviventes inicia uma viagem em busca de respostas, na companhia de uma agente especial e de uma geneticista que pode ter a chave para solucionar o mistério. Criada pelo roteirista Brian V. Vaughan e pela desenhista Pia Guerra, a série teve seu primeiro volume (“Rumo à Extinção”) publicado na Pixel Magazine n°s 16 a 19, iniciando na número 20 uma suposta nova fase (“Ciclos”).

Essa divisão, no entanto, não é muito evidente na história em si, parecendo muito mais uma questão motivada por formatos editorais, já que as séries da Vertigo costumam ser pensadas visando à republicação em coletâneas (os trade paperbacks norte-americanos). Independentemente disso, Y - O último homem é uma história interessante, com uma ou outra provocação política, uma trama instigante e desenhos bastante adequados e agradáveis. Tudo somado, a série (que é escrita por um dos roteiristas de Lost) tem o clima de um seriado de tevê. Essa mesma sensação ocorre ao lermos o capítulo de Frequência Global publicado na Pixel Magazine n°19, com roteiro de Warren Ellis e desenhos de Roy Allan Martinez. Nele, os agentes secretos coordenados por Aleph têm que deter um grupo de terroristas suicidas: violência e sarcasmo incluídos.

Já no capítulo publicado na Pixel Magazine n°20, Warren Ellis pega mais leve, apresentando uma trama mais inteligente (embora os desenhos de Steve Dillon deixem a desejar). Em resumo, uma versão alternativa para uma invasão alienígena (que poderia ter inspirado um bom episódio de Arquivo-X) que acaba solucionada de forma um tanto óbvia. A mesma edição traz também a estréia na revista de Ex Machina, outra série escrita por Brian K. Vaughan, que mistura política e elementos de ficção científica, numa ambientação cotidiana. Mostrando ação e super-heróis tecnológicos em contraposição a sequências mais prosaicas, os desenhos de Tony Harris com arte-final de Tom Fleister e cores de J.D. Mettler oferecem uma ambientação perfeita. Para completar as duas edições, os primeiros capítulos de uma nova história de Hellblazer.

Nas partes 1 e 2 de “Congelado”, John Constantine continua sua perambulação pelos Estados Unidos, desta vez indo parar num bar, no meio de uma tempestade de neve. No roteiro escrito por Brian Azzarello, com desenhos de Marcelo Fruzin, personagens locais e uma suposta lenda local são o pano de fundo para uma trama que envolve crime e bebidas (como tradicionalmente vemos nos trabalhos daquele roteirista). Não exatamente uma história de Constantine, esse mistério abaixo de zero mais parece um filme ou episódio de tevê adaptado das histórias de Stephen King. E embora se enquadre na estética da “convergência midiática” de que falei no início deste texto, os capítulos de Hellblazer na verdade parecem um tanto deslocados, em meio às tramas conspiratórias e às temáticas de ficção científica que têm predominado na Pixel Magazine.

Talvez o ideal fosse que as histórias de Constantine passassem a ser publicadas na Fábulas Pixel. E por falar nessa outra revista periódica da Pixel, sua edição de outubro deu destaque a Astro City (trazendo a continuação do “Guia do Visitante” e uma história inédita de Jack-in-the-Box). A seguir, temos o quinto capítulo de Fábulas: A Marcha dos Soldados de Madeira e mais uma parte da série Sandman Apresenta: As Fúrias, fechando com uma história curta de Cobweb. No geral, as HQs dessa terceira edição da antologia bimestral da Pixel baseiam-se em elementos dos próprios quadrinhos, da literatura e até da mitologia, sendo não muito inovadoras. Mas nada que se compare, é claro, à mais recente edição da Spawn.

Esse n°178 traz um roteiro que copia o recurso narrativo de uma história do Monstro do Pântano de Alan Moore, além de desenhos ruins de doer (que fazem até mesmo as edições desenhadas por Todd McFarlane parecerem aceitáveis). Fechando a revista, a volta da seção de cartas e a continuação da “Mitologia de Spawn”, que narra a trajetória fictícia do personagem ao longo das eras. Para quem se interessar, Spawn n°178 tem 32 páginas em formato 17cm x 26cm, custando R$5,90. Melhor investimento mesmo são as edições de Pixel Magazine e Fábulas Pixel que têm 100 páginas no mesmo formato 17cm x 26cm, custando R$10,90 (e trazendo quadrinhos de qualidade bem superior). Ainda neste mês de dezembro, devem chegar às bancas a Pixel Magazine n°21 e a Fábulas Pixel n°4 (que podem ser as últimas edições dessas revistas).

2 comentários:

Anônimo disse...

Foi com tristeza que fui até a banca hoje pra pegar a ediçào 21 da Pixel Magazine.Talvez a última como também,provavelmente,nunca teremos nas mãos a Fábulas-Pixel #5 a se interpretar a mudez da Ediouro sobre o assunto.
Snif...snif...snif...
Abs e boas festas,Wellington!
Muita saúde pra 2009!
Zerramos

Wellington Srbek disse...

A revista saiu então! Por aqui não vi ainda e estava temendo que nem a PM 21 e a FP 4 fossem lançadas.
Era realmente bom a Pixel/Ediouro lançar algum comunicado sobre sua permanência ou não no mercado, porque esse silêncio deles pode também ter o efeito de espantar os leitores de suas edições. Pois quem vai começar a comprar Sandman, por exemplo, imaginando que provavelmente a coleção parará logo no início?
Se se confirmar o fim das revistas períodicas da Pixel (exceto Spawn) será uma perda para todos. Embora seja óbvio que a Panini ou outra editora logo assumirá os títulos da Vertigo/Wildstorm.
Tudo de bom para você em 2009, Zerramos!