30/07/2008

Séries da Vertigo em lançamentos da Pixel.


Como foi bastante divulgado nas últimas semanas, a Pixel Media está passando por uma fase de reestruturação editorial e administrativa. Com isso, o volume de lançamentos da editora foi significativamente reduzido neste mês. Além disso, edições mensais como a Fábulas Pixel têm sofrido atrasos, enquanto o projeto de lançar quatro edições mensais seguidas de 100 Balas parece ter sido suspenso. Para consolo dos leitores, a editora levou às bancas duas boas edições com séries da Vertigo: a revista Pixel Magazine n°16 (96 páginas, formato 17cm x 26cm, R$10,90) e o encadernado Monstro do Pântano: Amor em vão – Completo (96 páginas, 16,5cm x 25cm, R$12,90).

A nova edição da Pixel Magazine traz capítulos das séries Hellblazer e DMZ, além de uma HQ curta de Histórias do Amanhã: Greyshirt. Mas o principal destaque desse número é a estréia de Y – O Último Homem. Escrita por Brian K. Vaughan, um dos roteiristas do seriado de tevê Lost, a série já teve algumas edições publicadas no Brasil, mas os editores da Pixel optaram por começar do início. Um dos grandes sucessos do selo Vertigo nos últimos anos, a série promete uma boa viagem para quem a acompanhar. Nesta primeira HQ introdutória, conhecemos o artista de fugas Yorick e o irritante macaco Ampersand. Após um misterioso evento, ao que parece todos os machos do planeta simplesmente morrem instantaneamente. Os únicos sobreviventes são o jovem norte-americano e o macaco que ele adotou como bichinho de estimação.

Uma trama superestrutural é sugerida, envolvendo alguma ficção científica e segredos governamentais, porém a primeira edição da série não vai muito além de uma introdução. Conhecemos as personagens fundamentais, como a namorada e a irmã de Yorick, além da agente conhecida pelo codinome 355. Qualquer desenrolar, no entanto, fica reservado para as edições seguintes. Quanto aos desenhos, o trabalho de Pia Guerra e Jose Marzan é competente em representar personagens e situações, embora não vá muito além em termos de expressividade artística. Baseado numa ambientação cotidiana, sem personagens ou sequências fabulosas, o visual da HQ reforça a sensação de que estamos lendo um quadrinho que mais parece um seriado da tevê. Precisamos agora esperar para ver aonde a criação de Vaughan e Guerra levará.

Uma nota curiosa diz respeito à antepenúltima página dessa HQ de estréia. Quando a li pela primeira vez numa coletânea promocional da Vertigo, dei uma risada diante do desconhecimento do roteirista e desenhista sobre a realidade brasileira. No primeiro quadro da referida página, no qual se lê “São Paulo, Brasil”, vemos uma cena num campo de futebol, onde dois times devidamente uniformizados se enfrentavam. As equipes, no entanto, são de jogadoras, usando camisas com números no lugar de escudos dos times, sendo que um deles ainda por cima se chama “Dellacruz”, enquanto o juiz da partida usa calças compridas e camisa listrada. Todos sabemos, é claro, que no Brasil o futebol feminino, infelizmente, não conta com times organizados, e que muito menos se fala espanhol por aqui.

Monstro do Pântano: Amor em vão – Completo nos leva por uma macabra, grotesca e aterrorizante viagem pelos rincões da Luisiana. Mais uma vez, o defensor do Verde se vê às voltas com seu mais recorrente inimigo e também alguns demônios saídos do inferno, tudo em meio a crises de identidade e casos amorosos. Escrita por Joshua Dysart e ilustrada por Enrique Breccia, “Love in Vain” foi publicada nas edições 9 a 12 da Swamp Thing e lançada originalmente pela Pixel em duas partes. O encadernado que chega à bancas agora é, na verdade, uma colagem do encalhe daquela primeira edição. Mas quem perdeu da primeira vez não deve deixar passar a nova oportunidade. Alguns pequenos vacilos na narrativa não chegam a comprometer essa HQ de imagens estranhissimamente arrebatadoras. Um terror na medida certa, que perpassa uma trama macabra repleta de situações e imagens grotescas. Um fruto estranho dos quadrinhos norte-americanos que, de forma original, brinca de rimar amor com terror.

3 comentários:

Marcus disse...

Comprei a Pixel Magazine 16 ontem e ja li toda. Primeira edição da Pixel sem Planetary e Promethea, e como faz falta! Não que serie como Y, DMZ, Constantine sejam ruins, muito pelo contrario! Fora as historias do Alan Moore que dispensa elogios. Mas essas series ainda assim estão abaixo de Planetary e Promethea. Tanto que assim que Promethea voltar na Fabulas Pixel eu troco de revista na hora.

Abraços Srbek!

Wellington Srbek disse...

Concordo plenamente com suas observações, Marcus!

Claudio Ferreira disse...

Muito bom o seu blog, já salvei nos meus favoritos, aproveito para informar que estou disponibilizando algumas edições da minha coleção repetidas, quem se interessar e gostar de quadrinhos igual eu gosto, entre em contato comigo ou faça um visita no blog, tem uma promoção legal lá. Abraços Parabéns