16/07/2008

Shazam! ganha nova versão, por Jeff Smith.


Depois de lançar no Brasil o Spirit na versão de Darwyn Cooke, a Panini publicará em breve Shazam! The Monster Society of Evil, história em quatro partes escrita e desenhada por Jeff Smith (o premiado criador da série Bone). Partindo da história original criada pelo roteirista Bill Parker e pelo desenhista C.C. Beck, a nova HQ mistura elementos tradicionais, com uma contextualização atualizada.

Foi em 1940, nas páginas da revista Whiz Comics n°2, que o jovem vendedor de jornais (em seguida radialista) Billy Batson pronunciou pela primeira vez a palavra mágica “Shazam!”. Nascia assim o Capitão Marvel, “o mortal mais poderoso da Terra” e sem dúvida um dos super-heróis mais populares da história dos quadrinhos. Sucesso imediato, o herói logo ganhou a companhia de Mary Marvel e Capitão Marvel Jr. (formando a Família Marvel), além do tigre falante Tawky Tawny (Sr. Malhado). Para completar, alguns dos vilões mais interessantes das HQs: o gênio do crime megalomaníaco Dr. Silvana e o Sr. Cérebro, uma minhoca alienígena que quer dominar a Terra. Realizando o sonho dos garotos e garotas da época, com suas palavras mágicas e boas ações, os jovens heróis da Família Marvel conquistaram a liderança do mercado norte-americano.

Preocupada com a perda de espaço, a DC Comics iniciou um infame processo de plágio contra a Fawcett Comics, alegando que o Capitão Marvel seria uma cópia do Super-Homem (!!!). O resultado foi o silenciamento da palavra "Shazam!" por vinte anos (o que teve como efeitos colaterais a criação de Marvelman na Inglaterra e a possibilidade de a Marvel Comics criar seu próprio Capitão Marvel). Mas, quer seja por seu visual inovador, quer seja por suas histórias inventivas ou personagens carismáticos, as HQs originais do Capitão Marvel desenhadas por C.C. Beck influenciaram criações e autores ao longo das décadas. O herói voltaria a ser publicado em 1973, agora pela DC Comics, ganhando diferentes abordagens nos últimos tempos (como a versão infantilizada na Liga da Justiça dos anos 80 e a hiperrealista das graphic novels de Alex Ross).

Após completar a aclamada saga de Bone, foi a vez de Jeff Smith tentar imprimir sua marca pessoal a Shazam!. Em princípio, não poderia haver uma escolha mais adequada ou óbvia, já que seu trabalho deve muito ao estilo cartunizado desenvolvido por C.C. Beck. Contudo, considerando os personagens envolvidos e o talento do autor, The Monster Society of Evil decepciona um pouco. Embora traga uma boa recriação do “mito de origem” do Capitão Marvel (com a aparição do Mago Shazam e tudo o mais), o primeiro capítulo tem uma estrutura truncada. Outro fator que atrapalha são algumas das “liberdades” tomadas por Smith na abordagem de personagens como Tawky Tawny, Dr. Silvana e Sr. Cérebro. Sobretudo, o clima “pós-11 de setembro” e a histeria anti-terrorista que perpassa o roteiro anulam a atmosfera de maravilhamento que o herói pede.

Mas a Shazam! na versão de Jeff Smith também tem suas virtudes e seus bons momentos. O ponto alto da HQ se dá, sem dúvida, quando Mary Marvel ganha seus poderes, reagindo de uma forma autenticamente infantil. E mesmo que os desenhos pareçam pouco dinâmicos em alguns momentos, o visual como um todo funciona bem. Na verdade, o estilo cartunizado de Smith e a colorização em computador de Steve Hamaker produzem imagens que parecem saídas de um desenho da Disney. Aliás, sendo uma história fechada que não tem relação direta com a cronologia das revistas da DC, The Monster Society of Evil é uma forte candidata a se tornar uma animação da linha DC Universe (a série de desenhos produzidos para DVD, a partir de sucessos dos quadrinhos de super-heróis). A edição norte-americana em capa-dura traz ainda uma ótima seção de extras.

A Panini havia anunciado o lançamento de Shazam! A Sociedade dos Monstros como uma minissérie em quatro edições (como lançada originalmente nos Estados Unidos). Porém, houve uma alteração nos planos da editora e a HQ deverá ser lançada, neste segundo semestre, como edição única. Certamente, o trabalho vale uma conferida pelos fãs do personagem, apesar de não ter o "charme" da série original.

4 comentários:

Anônimo disse...

Wellington, vc já deve tá cansado de ouvir isso, mas li seu Estórias Gerais hoje e fiquei fascinado.

Parabéns mesmo pelo trabalho. Sou ilustrador e tou começando a me aventurar pelos quadrinhos (sou do tipo que quer ser muito bom tanto no desenho quanto no roteiro, o que certamente me custará bastante tempo e esforço...)

Mas lendo seus roteiros vi que dá pra contar muita coisa com histórias curtas. É esse "contar o essencial" que eu quero aprender um dia.

Se puder dar uma olhada nos meus quadrinhos e deixar sua opinião, ficarei bastante agradecido! O endereço é http://gusmorais.wordpress.com . Agora que descobri teu blog vou ficar mais antenado nos teus próximos trabalhos.

Grande abraço,
Gus

Wellington Srbek disse...

Olá Gus,
Ah, não estou cansado, não! É sempre bom saber quando alguém gostou de um trabalho da gente. Aqui no blog tem um texto sobre os 10 anos do Estórias Gerais, se você quiser saber mais sobre o álbum. E não deixe de dar uma conferida no link MEUS QUADRINHOS ao lado.
Dei uma olhada no seu blog e achei o trabalho bem interessante! O acabamento está bem legal e aquela estrutura que você escolheu para as páginas parece funcionar bem. Vou ler as HQs e te dou um retorno.
Grande abraço e valeu!

Unknown disse...

Olá

Vim falar sobre o prêmio HQ MIX 2008.

A premiação começa as 19hs.
Além de homenagens e entrega de troféus aos melhores de 2007, haverá exibição do curta "Dossiê Rê Bordosa" do diretor Cesar Cabral.

SESC POMPEIA
rua Clélia, 93
Pompéia
São Paulo - SP
cep 05042-000

Wellington Srbek disse...

Recado dado, Elza!