Nesta sexta-feira, foi ao ar pelo Universal Channel mais um episódio da segunda temporada de Heroes. Grande sensação da tevê em 2007, a série criada por Tim Kring (com colaboração dos quadrinistas Tim Sale e Jeff Loeb) apresenta pessoas comuns que se descobrem dotadas de poderes sobre-humanos. Com elementos de ficção científica e HQs de super-heróis, bem como várias idéias “emprestadas” de outras criações, no início de sua primeira temporada Heroes prometia fazer história, mas talvez não passe de um bom exemplo de que um sucesso avassalador também pode fazer muito mal.
A série parte de uma ambientação cotidiana, com sequências passadas em cidades como Nova York e Tóquio, além de personagens coadjuvantes e figurantes que compõem um quadro verossímil da sociedade atual. É nesse contexto que surgem Hiro (um empolgado japonês com o poder de interferir no continuum espaço-temporal), Claire (uma garota capaz de se auto-regenerar rapidamente), Nathan (um político com o poder de voar), Isaac (um artista capaz de pintar e desenhar o futuro), Niki (uma bela mulher com dupla personalidade e força descomunal) e Peter (um jovem enfermeiro que assimila superpoderes). Os caminhos desses e de outros “heróis” acabam se cruzando quando eles se vêem diante da ameaça de Sylar (um misterioso assassino devorador de poderes) e de uma iminente explosão nuclear em Nova York (que marcará o desenrolar de toda a primeira temporada). O resultado: uma frase-tema marcante (“salve a líder de torcida, salve o mundo”), uma trama cativante (pelo menos até o episódio 11) e um enorme sucesso de público (que chamou a atenção do estúdio e dos canais responsáveis pela série).
Deve-se dizer que, desde o primeiro instante, a originalidade não foi uma das características mais fortes de Heroes. A começar pelo conceito de heróis que descobrem seus superpoderes após um evento astronômico e que não usam vestimentas coloridas (que eram as premissas básicas do “Novo Universo Marvel” lançado em meados dos anos 80, com seu “Evento Branco” e sua abordagem mais cotidiana dos super-heróis). Os dois primeiros filmes dos X-Men dirigidos por Brian Singer também tiveram um papel na estética de Heroes (sem falar no fato de terem provado que produções misturando vários atores e diversos superpoderes eram viáveis e rentáveis). Há ainda o fato de que muitos dos poderes e aspectos dos personagens parecerem reedições de heróis dos quadrinhos (sendo os casos mais evidentes o viajante do espaço-tempo, o homem-radioativo e o filho do relojoeiro, surgidos de características do Dr. Manhattan, criado por Alan Moore e Dave Gibbons em Watchmen). Ainda assim, Heroes (com sua trama de conspiração ao estilo Arquivo-X) logo conquistou a atenção do público, graças a alguns momentos inspirados e a seu melhor personagem: o carismático Hiro Nakamura (interpretado por Masi Oka).
Alguns momentos marcantes: a chegada de Hiro a Nova York (semelhante à cena do capítulo final de Watchmen em que Ozymandias comemora sua vitória); as sequências em que Hiro folheia a revista em quadrinhos que conta seu futuro (numa boa interação com as páginas desenhas por Tim Sale); a aparição do emblemático “Hiro do Futuro” (conceito retirado da HQ dos X-Men “Dias de um futuro esquecido”, produzida por Chris Claremont e John Byrne); e isso sem falar na que talvez seja a cena mais surpreendente, quando a personagem Claire “ressuscita” num necrotério e olha para o próprio tórax aberto numa autópsia recém-iniciada (ou como ela mesma exclama: “holly sh**!”). A cada episódio, a história ganhava novos elementos e o interesse do público ia aumentando, até o primeiro grande clímax da trama (ao final do episódio 11). O fato é que Heroes conquistou uma legião de fãs nos Estados Unidos, tornando-se um fenômeno internacional em 2007 e chamando a atenção dos executivos da tevê. E foi aí que as coisas começaram a dar errado, pois mais recursos financeiros e interferências externas acabaram por deturpar a série.
A chegada de atores mais experientes e conhecidos, como George Takei (Jornada nas Estrelas), Christopher Eccleston (Doctor Who) e Malcolm McDowell (Laranja Mecânica), marcou essa virada negativa da série. A partir do episódio 12, alterações, remendos, erros e furos no enredo passaram a ser mais constantes (culminando no enganoso episódio do futuro apocalíptico). Mais decepcionantes ainda foram as alterações no personagem Hiro, que (de um cara comum com um trabalho assalariado) passou a ser um aspirante a samurai com um pai milionário. Se não bastasse, o último episódio da primeira temporada foi uma decepção, não correspondendo à expectativa gerada (a luta entre Sylar e os demais “heróis” foi simplesmente uma bobagem).
Então, veio a segunda temporada, que podemos definir como uma mistura de Smallville e Lost com filme-B japonês e novela mexicana. Como dizem, “tem gosto pra tudo”; mas, na minha opinião, Heroes acabou sendo o seriado que poderia ter sido.
A série parte de uma ambientação cotidiana, com sequências passadas em cidades como Nova York e Tóquio, além de personagens coadjuvantes e figurantes que compõem um quadro verossímil da sociedade atual. É nesse contexto que surgem Hiro (um empolgado japonês com o poder de interferir no continuum espaço-temporal), Claire (uma garota capaz de se auto-regenerar rapidamente), Nathan (um político com o poder de voar), Isaac (um artista capaz de pintar e desenhar o futuro), Niki (uma bela mulher com dupla personalidade e força descomunal) e Peter (um jovem enfermeiro que assimila superpoderes). Os caminhos desses e de outros “heróis” acabam se cruzando quando eles se vêem diante da ameaça de Sylar (um misterioso assassino devorador de poderes) e de uma iminente explosão nuclear em Nova York (que marcará o desenrolar de toda a primeira temporada). O resultado: uma frase-tema marcante (“salve a líder de torcida, salve o mundo”), uma trama cativante (pelo menos até o episódio 11) e um enorme sucesso de público (que chamou a atenção do estúdio e dos canais responsáveis pela série).
Deve-se dizer que, desde o primeiro instante, a originalidade não foi uma das características mais fortes de Heroes. A começar pelo conceito de heróis que descobrem seus superpoderes após um evento astronômico e que não usam vestimentas coloridas (que eram as premissas básicas do “Novo Universo Marvel” lançado em meados dos anos 80, com seu “Evento Branco” e sua abordagem mais cotidiana dos super-heróis). Os dois primeiros filmes dos X-Men dirigidos por Brian Singer também tiveram um papel na estética de Heroes (sem falar no fato de terem provado que produções misturando vários atores e diversos superpoderes eram viáveis e rentáveis). Há ainda o fato de que muitos dos poderes e aspectos dos personagens parecerem reedições de heróis dos quadrinhos (sendo os casos mais evidentes o viajante do espaço-tempo, o homem-radioativo e o filho do relojoeiro, surgidos de características do Dr. Manhattan, criado por Alan Moore e Dave Gibbons em Watchmen). Ainda assim, Heroes (com sua trama de conspiração ao estilo Arquivo-X) logo conquistou a atenção do público, graças a alguns momentos inspirados e a seu melhor personagem: o carismático Hiro Nakamura (interpretado por Masi Oka).
Alguns momentos marcantes: a chegada de Hiro a Nova York (semelhante à cena do capítulo final de Watchmen em que Ozymandias comemora sua vitória); as sequências em que Hiro folheia a revista em quadrinhos que conta seu futuro (numa boa interação com as páginas desenhas por Tim Sale); a aparição do emblemático “Hiro do Futuro” (conceito retirado da HQ dos X-Men “Dias de um futuro esquecido”, produzida por Chris Claremont e John Byrne); e isso sem falar na que talvez seja a cena mais surpreendente, quando a personagem Claire “ressuscita” num necrotério e olha para o próprio tórax aberto numa autópsia recém-iniciada (ou como ela mesma exclama: “holly sh**!”). A cada episódio, a história ganhava novos elementos e o interesse do público ia aumentando, até o primeiro grande clímax da trama (ao final do episódio 11). O fato é que Heroes conquistou uma legião de fãs nos Estados Unidos, tornando-se um fenômeno internacional em 2007 e chamando a atenção dos executivos da tevê. E foi aí que as coisas começaram a dar errado, pois mais recursos financeiros e interferências externas acabaram por deturpar a série.
A chegada de atores mais experientes e conhecidos, como George Takei (Jornada nas Estrelas), Christopher Eccleston (Doctor Who) e Malcolm McDowell (Laranja Mecânica), marcou essa virada negativa da série. A partir do episódio 12, alterações, remendos, erros e furos no enredo passaram a ser mais constantes (culminando no enganoso episódio do futuro apocalíptico). Mais decepcionantes ainda foram as alterações no personagem Hiro, que (de um cara comum com um trabalho assalariado) passou a ser um aspirante a samurai com um pai milionário. Se não bastasse, o último episódio da primeira temporada foi uma decepção, não correspondendo à expectativa gerada (a luta entre Sylar e os demais “heróis” foi simplesmente uma bobagem).
Então, veio a segunda temporada, que podemos definir como uma mistura de Smallville e Lost com filme-B japonês e novela mexicana. Como dizem, “tem gosto pra tudo”; mas, na minha opinião, Heroes acabou sendo o seriado que poderia ter sido.
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