04/11/2007

A marcante minissérie do Wolverine.


Publicada nos Estados Unidos em 1982, Wolverine reuniu dois grandes astros dos quadrinhos de super-heróis: Chris Claremont que conseguira (em parceria com John Byrne) transformar os X-Men nos personagens mais lidos dos comics, e Frank Miller que fizera da revista do Demolidor uma das mais inovadoras do mercado norte-americano. A minissérie Wolverine é o encontro dessas duas experiências bem-sucedidas, numa HQ dedicada a um personagem em ascensão. Como resultado, aquelas quatro revistas deram início à “wolverinemania”.

A história de Wolverine começa no Canadá e faz referências à época em que o herói era um agente-secreto do governo canadense (o que dá ao roteiro um estilo James Bond). Mas as ligações com as HQs dos X-Men criadas por Claremont e Byrne terminam na sétima página da minissérie. Para encontrar um amor do passado, o herói mutante viaja ao Japão, onde tem que enfrentar ninjas e mafiosos japoneses (bem no estilo dos quadrinhos de Frank Miller).

Os personagens coadjuvantes e a temática de Wolverine estão mais próximos das histórias do Demolidor, do que das HQs dos X-Men. Logo, era de se esperar que o herói mutante ficasse um tanto deslocado, mas isto não acontece, graças às alterações introduzidas por Miller. Além de adaptar o personagem a seu estilo de desenho, Miller modificou o formato de suas garras (que passaram a se assemelhar a lâminas de espadas japonesas) e alterou sua postura e técnicas de luta, aproximando-o dos ninjas e samurais. Contudo, essas mudanças por si sós não resumem as inovações desta HQ.

Ao lidar com ninjas e samurais, Miller inspirou-se na narrativa dos quadrinhos japoneses, criando cenas de luta bastante eficientes. Dividir a página em 4 ou 5 quadros alongados (algo comum no mangá Lobo Solitário) permite ao desenhista representar os personagens e a ação por inteiro, privilegiando o dinamismo da cena. Se a história de Claremont (com suas referências à “honra” e aos “tradicionais costumes japoneses”) não é nenhuma obra-prima, a narrativa e os desenhos de Miller foram decisivos para o sucesso da minissérie. Com ela, surgia um Wolverine mais violento e impiedoso, que deixaria marcas na trajetória do personagem (e até de seus vários “clones”) nas décadas seguintes.
No Brasil, a minissérie Wolverine foi lançada pela editora Abril em 1987 e relançada mais recentemente pela Panini em volume único. Em 2006, a Marvel relançou o trabalho de Claremont e Miller numa edição em capa-dura para a série Premiere.

4 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, Wellington. O seu blog já está mostrando a que veio e tenho certeza que ser tornará uma importante referência para quem quer saber mais sobre a arte dos quadrinhos. Meus votos de sucesso.

Wellington Srbek disse...

Olá Cleber,
Valeu pelos votos de sucesso! E quero deixar registrado que se não fosse por sua "aula" sobre blogs este espaço não existiria.

Tavares disse...

Wellington,conheci o teu blog a poucos dias e gostei muito,principalmente pela grande quantidade de informações que você coloca em cada post. Parabéns! Esta semana fiz um comentário sobre o Lobo solitário e esqueci de mencionar outro mangà,que infelizmente li só um volume: A lenda de Kamui.Lembra? um abraço.

Wellington Srbek disse...

Olá, Tavares! Sim, tenho visto seus comentários e acabo inclusive de responder o que você fez sobre a Heavy Metal. Legal que esteja gostando do blog e valeu pela participação!
Este "A lenda de Kamuni" eu não conheço. Mas aqui no Mais Quadrinhos tenho outros textos sobre mangás.
Grande abraço!