12/12/2010

Quadrinhos no iPad.


Não sou daquelas pessoas viciadas em novas tecnologias, que compram os últimos lançamentos assim que saem. Mas, por questões de trabalho e também por ser uma das coisas mais bacanas que já vi, há pouco mais de um mês comprei um iPad. Para aqueles que ainda não conhecem, o iPad é o “tablet” da Apple: um aparelho para acesso a conteúdos, navegação por Internet sem-fio e realização de alguns trabalhos. Medindo cerca de 24cm x 19cm, ele é composto basicamente por uma tela “multi-touch” com área útil de 19,5cm x 14,5cm, um autofalante e um sistema interno de funcionamento e armazenamento de dados.

Num iPad, você pode escutar músicas, ver filmes, acessar e-mails, visitar páginas da Internet e, o que nos interessa especificamente aqui, ler arquivos de texto e imagem (como livros eletrônicos e revistas em quadrinhos digitais). Para acessar conteúdos gratuitos ou comprar edições por valores a partir de $0.99, basta baixar os aplicativos de lojas como Marvel, DC Comics e ComiXology (que também disponibilizam suas edições em versões para leitura em computadores). Aproveitando que o iPad já está disponível para venda no Brasil, vão aqui algumas das minhas impressões iniciais sobre HQs disponíveis no iPad.

Em primeiro lugar, a maioria absoluta das edições disponíveis no aparelho é formada por quadrinhos em formato vertical, originalmente produzidos para serem impressos (o que no caso dos comics leva a um não-aproveitamento de espaço nas laterais). Um grupo menor é composto por edições em formato horizontal, já produzidas para o meio digital (como as HQs do extinto selo Zuda Comics). Na versão para iPad, além da leitura página a página, os quadrinhos ganham uma segunda opção semi-animada, em que cada toque na tela avança uma leitura quadro a quadro (recurso que, na verdade, não me agradou muito).

Uma primeira constatação, então, é a de que ainda estão para serem produzidos quadrinhos específicos para iPad, que aproveitem da melhor forma possível os recursos desse aparelho e o espaço útil da tela (embora esta última questão seja resolvida no caso dos quadrinhos horizontais ou mesmo dos álbuns europeus, que têm um formato menos espichado que o dos comics). Mas independente do formato ou origem, as HQs no iPad contam com um recurso fantástico que é “zoom” na tela “multi-touch”, o qual permite uma ampliação dinâmica da imagem e a visualização de detalhes sem perda de qualidade.

Considerando apenas a produção de quadrinhos norte-americana, para quem tem um iPad, já existem centenas de edições para compra e dezenas de edições disponíveis gratuitamente (com novas HQs chegando a cada semana). Muitas destas são apenas prévias de séries e novas revistas, enquanto outras são amostras de números esporádicos. A Marvel disponibiliza poucas edições gratuitas e tende a retirá-las “do ar” após uma semana. Já a DC Comics mantém suas edições gratuitas e disponibilizou os primeiros capítulos de várias de suas séries, como Crise nas Infinitas Terras, Crise Infinita, 52 e Crise Final.

Até aqui, porém, a loja de quadrinhos para iPad mais interessante é a ComiXology, que além das edições da Marvel, DC, Vertigo, Wildstorm e Zuda, disponibiliza também quadrinhos da Image, Dark Horse, várias editores independentes e algumas produções autorais. Nela, pode-se baixar gratuitamente a primeira edição de Hellboy e Wanted, as HQs de estreia de Madman, duas edições de Elephantmen e uma de The Mice Templar, entre vários outros títulos, em diversos gêneros. Como cada loja tem um limite de armazenamento de dados, vale a pena baixar os aplicativos das três.

Há também lojas que disponibilizam álbuns europeus e mangás japoneses. Assim, para quem gosta de quadrinhos, não faltam opções, de graça ou por um preço razoável. E agora que o aparelho chegou oficialmente ao Brasil, o próximo passo será o surgimento das primeiras lojas e edições de HQs para nosso mercado. Enquanto isso, novas séries e produções pensadas especificamente para o iPad devem estar sendo preparadas. Com vários recursos e mobilidade, este é um aparelho que promete muitas possibilidades, sendo uma ótima plataforma para os quadrinhos se desenvolverem neste nosso século digital.

10 comentários:

Zé Wellington disse...

Tenho um iPod touch, que posso dizer que é um mini iPad. Ler quadrinhos nele é bem tranquilo. Estou desatrasando minhas leituras em qualquer fila de espera ou viagem que me coloquem. Vale baixar o ComicBookLover, aplicativo gratuito que roda PDF e CBR, formato tradicional de quadrinhos na internet.

Wellington Srbek disse...

Sim, no iPad você lê qualquer arquivo Pdf de forma bem bacana (com direito ao zoom dinâmico da tela). Mas na opção que você falou já começa a entrar no universo dos scans ilegais.

Unknown disse...

Não podemos esquecer de citar a loja Ave!Comics que oferece todo o universo dos quadrinhos europeus. Mesmo se o aplicativo não è gratuito (infelizmente), ele è a porta de entrada indispensàvel para o melhor da "BD" francesa...

Wellington Srbek disse...

Com certeza, Arnaud! Foi pensando nela que escrevi o trecho: "Há também lojas que disponibilizam álbuns europeus". Eu, infelizmente, ainda não consegui me registrar nela. Embora tenha seguido o mesmo que fiz com as lojas norte-americanas, no caso da Ave!Comics sempre me deparo com um "unknown error".
Obrigado pela visita e volte sempre, mon ami!

Zé Wellington disse...

Wellington, CBR não é apenas para scans. Alguns produtores já utilizam o formato para distribuir quadrinhos na internet, como o NHQ e o Grupo Gattai, meu grupo.

Abraço,

Wellington Srbek disse...

Zé, eu mesmo sou um dos autores que utilizam o CBR. Depois confira no saite Mais Quadrinhos os arquivos de Solar Mangá e Caliban.
Mas o fato é que a maioria absoluta dos arquivos distribuídos em CDR são scans ilegais.
Abraço!

Jaison disse...

Ipad é o presente desse natal. Muito caro. Se bem que acho ele o melhor computador pessoal para pessoas q trabalham de maneira artística (quadrinhos, cinema, fotografia, etc). Eu faço quadrinhos voltado para web, mas não gosto muito do formato digital, não acho ele o ideal ainda... tem muito trabalhado de zineiros pela rede, é só dar uma procurada. Bom fim de ano Wellington!

Wellington Srbek disse...

Tirando livros, revistas, quadrinhos, tudo acaba chegando mais caro no Brasil. São os impostos...
Bom fim de ano, Jaison!

Unknown disse...

cara estao criando todo um mercado de comics para ipad. muito legal. Nao sabia dessa movimentação toda...

Wellington Srbek disse...

Sim, Andy, já há muita coisa acontecendo e muita coisa por acontecer - inclusive por aqui. Aguardem novidades...