Em
maio de 2006, após iniciar o roteiro de “O Melhor dos Mundos Possíveis”, eu me
encontrei com o quadrinista e empresário Cristiano Seixas na então sede do Big
Jack Studio, em Belo Horizonte (MG). Em meio a outros assuntos de trabalho,
perguntei a ele se algum dos desenhistas do estúdio estaria disponível para
trabalhar no projeto de uma revista de ficção científica. Quando me perguntou
sobre o estilo que eu tinha em mente, lembrei das páginas que ele me mostrara
semanas antes. Cristiano disse então que o autor daqueles impressionantes
desenhos poderia sim ter interesse em trabalhar comigo. Alguns dias e
telefonemas depois, marcamos uma reunião para darmos início ao projeto. E
embora Eduardo Pansica tenha se esquecido de ir a nossa primeira reunião, tê-lo
escolhido como desenhista para Alienz foi
uma das ótimas decisões de minha trajetória editorial independente.
Quando finalmente nos encontramos na última
semana de maio, Pansica já tinha visto as primeiras páginas do roteiro, bem
como o material de referência visual que eu havia deixado. Assim, ele tinha uma
noção geral do conceito do projeto, mas isso não o poupou de ouvir uma
enxurrada de informações sobre uma suposta civilização alienígena baseada em
princípios científicos e conceitos filosóficos. Seres quase nada humanos, com
grandes crânios desprovidos de cabelos, peles de diferentes cores e, é claro, 6
dedos em cada mão. Havia também as duas castas de servos ciberorgânicos:
Binárias Artêmix, belas guerreiras com extenso poder e 5 dedos em cada mão;
e Harmonizadores, a mão-de-obra daquele planeta alienígena, com aparência mais
robótica e 4 dedos em cada mão.
Havia, é claro, o planeta Pletora em si, do
qual veríamos dois cenários principais: a Hipérpolis, um gigantesco aglomerado
urbano com prédios de uma inusual arquitetura; e os Campos de Ciberlótus, as
flores-casulo onde as Binárias aguardam o momento de entrar em cena. A
orientação estética geral era usar formas mais orgânicas, estabelecendo equilíbrios
e simetrias visuais. Para terminar de compor o ambiente “edênico”, havia os
tronos-bolha em que os cidadãos viajam pelos céus de Pletora, as melódicas e
delirantes flores dos Jardins de Oniroflores e, como não poderia faltar, a
“serpente” desse suposto paraíso alienígena: um fractal gigante capaz de
assimilar as criaturas orgânicas a seu redor.
Com
toda essa informação, Pansica foi para casa desenhar. Alguns dias depois,
começamos uma correspondência virtual, repleta de desenhos e esboços. Quase um
ano mais tarde, aqueles primeiros desenhos e estudos viriam a ser a HQ “O
Melhor dos Mundos Possíveis”, publicada na revista Alienz.
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