20/05/2010

As primeiras HQs a gente nunca esquece!


Há algum tempo, eu vinha querendo reproduzir aqui no blog a imagem que ilustra esta postagem. Trata-se da capa do número 100 da revista Showcase, uma série da DC Comics que servia para apresentar novos personagens, resgatar heróis meio esquecidos ou dar espaço a figuras menos convencionais. Foi nas páginas dessa publicação que teve início a chamada “Era de Prata” dos quadrinhos de super-heróis, com o surgimento do Flash Barry Allen e do Lanterna Verde Hal Jordan. Editada entre 1956 e 1970, a revista também abriu espaço para heróis do “segundo time” como Adam Strange e Aquaman, para grupos alternativos como os Metal Men e os Desafiadores do Desconhecido, e para a vertente mais mística da DC com o Vingador Fantasma e o Espectro. Em suas páginas, apareceram ainda figuras que pendiam para o lado cômico como o Rastejador, o Bwana Beast, os Inferior Five e Angel and the Ape.

Relançada entre 1977 e 1978, a série trouxe edições com a Patrulha do Destino, Poderosa, Gavião Negro e Mulher Gavião. Mas o ponto alto dessa retomada foi justamente a Showcase n°100, edição especial lançada no primeiro semestre de 1978, que reuniu os personagens que haviam estrelado as noventa e três edições da primeira fase da revista. Na HQ escrita por Paul Kupperberg e Paul Levitz e desenhada por Joe Staton, uma ameaça misteriosa tirou a Terra de sua órbita, podendo levar à destruição do planeta. Para evitar a catástrofe, os heróis passam a atuar em conjunto, buscando as possíveis causas e enfrentando os efeitos dessa “crise” planetária. É interessante notar que essa revista de 1978 antecipou cenas e elementos que seriam vistos, em 1985, na maxissérie Crise nas Infinitas Terras (como a convocação dos heróis num satélite orbital e uma confusão temporal que faz seres do passado surgirem no presente).

Hoje estejamos acostumados às histórias que reúnem dezenas de super-heróis para enfrentar uma grande ameaça. Mas, no fim dos anos 70, isso não era algo corriqueiro. Tendo um grande “#100” ao fundo, do qual sai uma miríade de heróis, a capa dessa edição especial de aniversário anuncia: “60 sensacionais superestrelas na história que levou 100 edições para ser contada”. Naquele tempo eles sabiam fazer uma edição comemorativa e se ainda hoje essa HQ parece bem interessante, para mim ela tem um significado realmente especial. Publicada no Brasil pela Ebal em setembro de 1979, essa foi uma das primeiras revistas em quadrinhos que eu ganhei. Na época eu tinha pouco menos de cinco anos e era fã do desenho Superamigos, assim, ao ver uma capa cheia de super-heróis, devo ter pedido para que comprassem a revista (cujas páginas eu “animei” com canetinha hidrocor, rabiscando campos de força e raios laser sobre os heróis).

Publicada aqui como uma Edição Extra de Invictus, a capa da Ebal traz no lugar da palavra “Showcase”, o título: “A Terra na Rota Fatal!”. Mais abaixo, substituindo o anúncio da “edição de aniversário”, o chamariz: “CEM HERÓIS? Cem Peripécias Numa Única Aventura!” (com o que a editora brasileira justificava o grande “100” que aparece ao fundo da capa). No lugar do código de barras, outro chamariz: “Uma aventura incrivelmente movimentada!”. Eu não li a revista (pois não tinha ainda aprendido a ler), mas “brinquei” muito com ela e viajei muito por suas páginas, a ponto de ela perder a capa (felizmente, há alguns anos, tive a sorte de encontrar um exemplar em ótimo estado de conservação, tendo agora o primeiro todo rabiscado de canetinha e esse outro de “colecionador”). E posso dizer que, pelo menos para mim, essa revista cumpriu a promessa feita em sua primeira frase: “Uma história que você jamais esquecerá!”.

Aquela Edição Extra de Invictus foi um dos primeiros momentos em que os quadrinhos (por intermédio das séries da tevê) passaram a fazer parte de meu imaginário pessoal (o que também aconteceu com a série de animação do Homem-Aranha e o seriado do Hulk). Algo mais definitivo aconteceria em 1987, quando não encontrei o número 1 da revista dos Thundercats (então meu desenho animado favorito) e acabei comprando a revista Heróis da TV n°91, com a qual iniciei de fato minha coleção de quadrinhos e a paixão que, passados vinte anos, deu origem a este blog e a quase tudo que fiz profissionalmente em minha vida. Assim, para os cem “seguidores” que agora acompanham o Mais Quadrinhos e em especial para aqueles que contribuem com comentários, vai aqui esta postagem especial e também o convite para enviarem comentários dizendo quais foram suas primeiras revistas em quadrinhos e como começou sua paixão pelas HQs.

Abraços e até a próxima!

9 comentários:

Eric Ricardo disse...

Eu já não aguentava mais ler apenas Turma da Mônica e Disney. Para variar, pedia para minha mãe um Trapalhões, Turma da Xuxa e até Turma da Fofura, do Ely Barbosa. Alguém se lembra?
Minha primeira HQ de super-herói foi do Mestre Kim e depois uma do Batman e outra do Super-Homem. Depois vieram várias, sempre da DC Comics.
Mestre Kim era baseada num programa da Manchete, extinto canal de televisão. No programa, um professor parecido com Bruce Lee ensinava golpes de artes marciais. E eu curtia muito! Tenho as revistas até hoje, guardadas em algum lugar... eu acho.
Parabéns pela postagem! Texto legal!

Wellington Srbek disse...

Rapaz, acho que cheguei a ver as revistas do Mestre Kim na época, mas creio que nunca cheguei a folhear nenhuma.
E seu comentário me fez lembrar da revista do Spectreman que eu vi e revi inúmeras vezes. Acho que ainda a tenho guardada em algum lugar aqui...
Valeu!

Jaison disse...

Eu tenho dois momentos distintos com os quadrinhos: Eu fazia HQs antes mesmo de ganhar minha primeira revista, que foi um volume dos Vingadores da Marvel e do Coisa onde ele queria quebrar o Beyonder 'no pau'(eles estavam até anunciando o Homem Animal como uma nova revista para os meses seguintes). Assim como vc, eu também rabisquei ela toda com meus super heróis que compartilhavam as aventuras - tenho ela até hoje. Provavelmente, eu comecei tudo com a Turma da Mônica, como quase todos nós. Sempre convivi com coleções de meus amigos. Só bem mais tarde eu tive condições de começar uma coleção real (de mangás começando pela Video Girl-Ai) quando eu percebi que aquilo tudo fazia parte da minha vida bem mais que um simples hobby.

Wellington Srbek disse...

Então temos outra coincidência, Jaison, pois eu também, antes de comprar a primeira revista de minha coleção, já estava desenhando minhas primeiras HQs!
Valeus!

Do Vale disse...

Minha primeira HQ provavelmente foi uma da Turma da Mônica ou da Disney... Mas, de que me lembro bem, foi uma edição de Homem-Aranha da Abril, com a participação do Fogo Fátuo e de um cara que virava uma aranha gigante e pulava de um prédio pra se matar. Se não engano, tinha uma história também do Vigia, e eu ficava me perguntando quem era aquele cabeção. =D

Wellington Srbek disse...

O Homem-Aranha também era um dos meus heróis favoritos quando criança!
Na época teve um filme e tinha um desenho animado do "cabeça de teia" e aí eu ganhei duas edições do Superalmanaque do Homem-Aranha da RGE (se não me engano).
Abraços, Do Vale!

Eduardo disse...

Wellington, essa foi uma das primeiras HQs que tive. Se perdeu nas inúmeras mudanças que fiz ao longo da vida família etc). A alguns anos atrás comprei um exemplar na internet. Tinha 8 anos em setembro de 1979 e era infinitamente mais feliz.

Edson disse...

Wellingtin eu tinha 8 anos quando fui à banca comprar meu gibi (meus pais me davam dinheiro após muita insistência ) umas duas vezes por mês. ..e essa capa m chamou a atenção. As mudanças da vida se encarregaram e dar cabo dela e de outras revistas da Ebal. Mas nunca me esqueci de algun títulos e felizmente comprei esse no mercado livre, eu já com quase 40 anos há dez anos atrás

Wellington Srbek disse...

Olá Edson,
Essa revista na versão original ou da Ebal é muito legal! Parece uma espécie de "Crise nas Infintas Terras" antecipada e em uma só HQ. Ótimos desenhos que resistiram ao teste do tempo.
Abraço!