28/03/2010

Os Novos X-Men de Grant Morrison (2004).


O futuro é o que vemos nos capítulos finais de Grant Morrison para a New X-Men. Pelo menos uma versão do futuro dos heróis mutantes, imaginada pelo roteirista escocês. Here Comes Tomorrow (publicada nos n°s151-154) começa um tanto enigmática, com frases que sugerem um conflito e os lados nesse conflito, sem explicar exatamente quem é quem. Mas logo tudo fica mais claro e surge um interessante contexto que lembra a HQ “Dias de um futuro esquecido”, se refeita nos moldes da trilogia Matrix. Em meio a tudo, muitas caras novas, mas também alguns rostos conhecidos, apesar de terem se passado 150 anos.

O Fera (cujo nome em inglês também pode ser traduzido como “a besta”) é o grande vilão, à frente de um exército de Noturnos geneticamente alterados. Wolverine, Cassandra Nova e um velho Robô Sentinela são aliados, a humanidade foi quase extinta e o mundo beira o apocalipse final. Para completar, entra em cena a Fênix. E tudo isso num dos melhores trabalhos de Marc Silvestri, responsável pelos desenhos destes quatro capítulos finais. O resultado é uma narrativa empolgante e um visual impressionante que justificam o dinheiro gasto nas HQs e constituem uma boa história de despedida.

A fase de Morrison à frente da New X-Men pode ser definida por algumas características básicas: a busca constante por novas ideias e ângulos de abordagem, bem como por dar aos heróis mutantes caracterização e contextualização atuais. A isso se somam a criação de diversos personagens singulares (como Cassandra Nova, Xorn e Fantomex) e também o destaque dado a coadjuvantes incomuns (como Barnell e Angel). Os pontos altos ficam por conta das histórias E is for Extintion, Riot at Xavier’s e Here Comes Tomorrow, sem falar em tudo que foi desenhado pelo excelente Frank Quitely.

Contudo, há também grandes falhas, a começar pelos desenhos ruins em vários capítulos. A isso se somam alguns roteiros preguiçosos, nos quais a história se arrasta por mais páginas do que deveria, dando a impressão de que não havia muito para ser contado ali. E há ainda os maneirismos de Morrison, como um gosto por diálogos ácidos e o uso de truques emocionais um tanto baratos, como o extermínio de dezesseis milhões de mutantes (que ecoa o extermínio dos seis milhões de judeus pelos nazistas) e o cenário da Nova York devastada por Magneto (que parece querer amplificar os atentados de 11 de Setembro).

Com boas ideias e personagens originais, a longa fase de Morrison à frente dos heróis mutantes talvez tenha tido, na verdade, um único defeito principal: a de ter sido longa demais (afinal muitas páginas e capítulos são completamente dispensáveis). Apesar disso, New X-Men é uma série de super-heróis que vale ser lida. Ao lado dos dois filmes dirigidos por Bryan Singer, essa série foi responsável por consagrar a abordagem mais madura que tem beneficiado os heróis mutantes na última década. Sem falar que sua repercussão lançou as bases para o sucesso da Astonishing X-Men de Joss Whedon e John Cassaday.

(Para saber mais sobre as HQs dos X-Men e os trabalhos de Grant Morrison, clique nos marcadores abaixo.)

2 comentários:

Anônimo disse...

a fase do morrison nos x-men é muito bacana! eu tenho uma revista dessa fase com o desenho do quitely a saga "E de exterminio". "dias deum futuro esquecido" é uma obra que é sempre lembrada com carinho pelos fãs dos mutantes! gostei muito desse texto explicando os pontos principais da fase de morrison e mostrando seus defeitos também!um abraço, o mais quadrinhos é um blog excelente!

Wellington Srbek disse...

Prezado "Anônimo",
Agradeço o elogio, mas peço que passe a se indentificar quando fizer um comentário. Tenho por regra não responder a comentários sem identificação.