21/03/2010

Os Novos X-Men de Grant Morrison (2003-2004).


New X-Men n°142 é outra HQ de super-heróis nada convencional oferecida por Grant Morrison. Afinal, toda a ação se passa no Clube do Inferno, com Ciclope e Wolverine em meio a dançarinas sensuais e tragos de uísque. Os desenhos se sobressaem em relação à ação, embora às vezes o que chame mais atenção sejam os espaços vazios nas páginas ou desenhos que ocupam páginas inteiras, ainda que narrativamente nenhum desses dois recursos se justifique. Críticas à parte, o trabalho de Chris Bachalo e Tim Townsend corresponde ao tratamento visual que se pode esperar de uma revista Marvel de sucesso.

A edição n°143 traz um gigantesco laboratório em forma de cúpula, que guarda estanhos experimentos científicos. Lá, Wolverine e Ciclope, na companhia de Fantomex, enfrentam violões científicos, na busca por segredos envolvendo o projeto Weapon Plus. Já no n°144, bastante conversa no início e uma boa briga no fim colocam o heróis mutantes frente a frente com o supostamente mortífero Weapon XV. Embora em um ou outro ponto os desenhos não sejam narrativamente claros (algo que se repetiu nessas edições de Bachalo e Towsend), as camadas de detalhes e o dinamismo das imagens são o ponto alto da HQ.

Fechando a sequência em quatro partes (e a coletânea Assault on Weapon Plus), o n°145 nos leva a uma estação orbital que, segundo Fantomex, guarda os segredos sobre o passado de Wolverine, enquanto Ciclope serve só de companhia. Mas, embora Wolverine pareça ter descoberto informações importantes sobre seu passado, ao final da HQ os leitores ficam sem descobrir nada acerca disso, ganhando apenas uma explosão que deixa a estação orbital em pedaços. Com isso, os n°s142-145 destacam-se mesmo pelo visual detalhado e por terem dado um pouco mais de destaque a Wolverine.

Na revista seguinte, tem início uma história dividida em cinco partes, intitulada Planet X (que se estende dos n°s146-150, mais tarde reunidos numa coletânea homônima). Ilustrada por Phil Jimenez e Andy Lanning, a história começa num ritmo acelerado, mostrando Ciclope e Fantomex fugindo da explosão na estação orbital. E quando o alarme de emergência e uma ameaça paralela irrompem na Mansão X, Jean Grey sai ao resgate de Wolverine, enquanto Fera e Emma vão à busca de Ciclope e Fantomex. Tudo, porém, faz parte de uma armadilha orquestrada por um “traidor” entre os X-Men.

O primeiro capítulo de Planet X pode ser considerado o inverso das HQs mais fracas escritas por Morrison para os heróis mutantes. Nestas, um roteiro inconsistente e um ritmo arrastado acabam salvos por um desfecho surpreendente. Mas o que acontece em New X-Men n°146 é o contrário, pois um roteiro interessante e dinâmico acaba atrapalhado pelo velho truque de revelar que um dos heróis, e suposto traidor, é na verdade um antigo vilão, dado como morto ou desaparecido. Pois é isso que acontece, quando o mutante Xorn tira seu capacete para revelar ser ninguém menos que Magneto...

E assim, numa só tacada, Morrison eliminou o personagem mais interessante que ele havia criado para a série, além de reforçar que não existe respeito pela morte nas HQs de super-heróis. O capítulo seguinte começa com o triunfo de Magneto sobre Nova York (numa hora dessas por onde andam o Quarteto Fantástico, os Vingadores, o Homem-Aranha...?) e as mal-disfarçadas explicações de como e por que Xorn era Magneto numa máscara (quando um autor precisa justificar demais algo que fez, é porque fez algo de errado!). No mais, New X-Men n°147 não passa de alguns bons desenhos e muita conversa fiada.

A revista seguinte continua a historinha de Magneto, o terrorista soberano de Nova York, mas dá maior destaque à situação no espaço, envolvendo Wolverine e Jean Grey (cujo desfecho é, em certa medida, copiado no filme X-Men: O Confronto Final). Já a n°149 começa com diálogos fraquíssimos, prosseguindo com um enredo que se arrasta pelas páginas. Então, no capítulo final de Planet X, com a intervenção da Fênix e o sacrifício de uma personagem, tudo é simplesmente resolvido (repetindo um defeito de alguns roteiros de Morrison, onde o que parece uma grande ameaça acaba eliminado sem grande esforço).

(CONTINUA)

6 comentários:

Jaison disse...

"Afinal, toda a ação se passa no Clube do Inferno, com Ciclope e Wolverine em meio a dançarinas sensuais e tragos de uísque." Isso é totalmente 'Um Drinque no Inferno' do Tarantino! Só faltou os vampiros.Antigamente quem inspirava era os quadrinhos, agora é o contrário.

Wellington Srbek disse...

Olha que realmente tem a ver! Boa lembrança!
Mas os quadrinhos ainda inspiram. Ou você não viu a cópia vergonhosa do Moebius que fizeram em Avatar...
Abraço!

Anônimo disse...

morrison teve altos e algumas quedas nos new x-men! isso faz parte do pacote acho! mas eu acho que o saldo do roteirista escoçês foi bem positivo com os mutantes!

Wellington Srbek disse...

Ruim mesmo é comentário sem identificação!

Caio_Saboya disse...

A coisa é que por data, a sequencia em que o Wolverine "alivia a dor" da Jean Grey no meio do arco Planeta X é que inspira o final de X-Men 3, já que o filme saiu em 2006 e a HQ em 2004.

Wellington Srbek disse...

Sim, foi o que eu disse no texto: o filme copia a HQ.