06/08/2009

As últimas do Flash, por Geoff Johns.


Há alguns anos, Geoff Johns era apenas um novo nome nos créditos das HQs norte-americanas. Nos últimos tempos, porém, ele se tornou um dos mais destacados e importantes roteiristas dos quadrinhos de super-heróis (e da DC Comics em particular). Assinando participações em séries como Crise Infinita e 52, Johns tornou-se conhecido por seus trabalhos com super-heróis clássicos, com destaque especial para a minissérie Lanterna Verde: Renascimento, que resgatou e redimiu o herói Hal Jordan. Repetindo sua parceria com o desenhista Ethan Van Sciver, o roteirista está lançando agora The Flash: Rebirth, minissérie em seis edições que marca a volta de outro herói da “Era de Prata”.

Um dos efeitos da minissérie Crise Final foi o retorno de Barry Allen à continuidade regular dos heróis DC. Devidamente ressuscitado, o herói que dera origem à “Era de Prata” e ao “Multiverso DC” ganhou dos editores uma nova chance (bem aos moldes da oferecida ao Lanterna Verde em 2004-2005). O número 1 de The Flash: Rebirth começa bem, com um duplo assassinato cometido por um misterioso vilão que consegue emular o acidente que deu origem aos poderes do herói. Nas páginas seguintes, encontramos os vários personagens que assumiram o nome do Flash: de Jay Garrick e Wally West a Bart Allen e, é claro, o próprio Barry Allen. Lembranças e comentários sobre este último interligam as passagens da história, que incluem a participação de antigos adversários do herói e de seu amigo Hal Jordan.

Com alguns mistérios e referências a outras HQs, o capítulo inicial da minissérie serve para estabelecer a trama, cenário e personagens. Como é de se esperar, o número 2 traz um desenrolar dos acontecimentos (um pouco lento), que mistura gorilas das cavernas, cultos à “força da velocidade” (a energia mística que impulsiona os velocistas da DC), flashbacks que revelam o passado de Barry Allen e diálogos que esclarecem elementos sobre seu presente. O Lanterna Verde Hal Jordan faz uma participação breve e mais um mistério é acrescentado com o surgimento de um enigmático “Flash negro”. Já o número 3 traz um emaranhamento ainda maior dentro da metafísica que envolve a tal “força da velocidade”. Um plano de contenção é necessário e alguns figurões da Liga e da Sociedade da Justiça dão as caras.

Além do herói Flash e do roteirista Geoff Johns, outro atrativo na minissérie é o trabalho de Ethan Van Sciver (auxiliado por uma competente colorização digital). Seu traço fino segue um padrão detalhista que, em alguns momentos, chega a ser meio estático para uma revista de super-heróis. Isso sem falar no fato de que seu estilo realista tende a ressaltar cenas estranhas, como personagens em fantasias espalhafatosas sentados à mesa lendo jornais ou comendo cachorros-quentes. E se algumas cenas de página inteira são bem impactantes, outras em sequências de quadros trazem desenhos quase amadores. Mais ilustrador do que propriamente um quadrinista, Van Sciver tem mostrado o melhor de seu trabalho nas capas da minissérie, todas com duas versões e com direito a citações de antigas capas e situações clássicas.

As edições de The Flash: Rebirth não têm sido as únicas participações do “velocista escarlate” em HQs escritas por Geoff Johns. Outro exemplo é Blackest Night #0, revista distribuída gratuitamente pela DC em maio. A história começa com reflexões de Hal Jordan sobre o espectro das cores e sua missão como Lanterna Verde, passando a um lamento à beira do túmulo do Batman Bruce Wayne. É então que Barry Allen entra em cena, apressadamente (no que parece ser uma participação anterior aos eventos mostrados em The Flash: Rebirth). Após um longo diálogo sobre amigos falecidos, os dois heróis partem sem perceber a presença do vilão Mão Negra, o arauto da “noite mais densa”. Sendo uma introdução à série agora em andamento, a HQ de doze páginas tem como ponto alto os excelentes desenhos de Ivan Reis.

Geoff Johns é hoje uma espécie de roteirista oficial do “Universo DC”, que (ao lado de Grant Morrison e dos chefões da editora) tem dado as cartas sobre os destinos de alguns de seus principais personagens. Grande conhecedor da cronologia e dos meandros ficcionais envolvendo aqueles heróis, o roteirista é de fato um trabalhador dedicado e esforçado, mas não é nenhum gênio. Com um gosto para histórias grandiosas e explicações superestruturais, suas histórias têm o mérito de agradar, mas deixam a desejar em termos de inovação. Apesar disso, podemos dizer que Johns merece todo seu sucesso, oferecendo-nos histórias acima da média das revistas de super-heróis. Para quem quiser dar uma olhada, a DC disponibilizou prévias das três primeiras edições de The Flash: Rebirth e a HQ completa de Blackest Night #0:

http://www.dccomics.com/media/excerpts/11472_x.pdf
http://www.dccomics.com/media/excerpts/11691_x.pdf
http://www.dccomics.com/media/excerpts/11881_x.pdf
http://www.dccomics.com/sites/greenlantern/media/comic/Blackest_Night_0.pdf

(Para saber mais sobre o herói Flash e as várias “Crises” pelas quais têm passado os heróis DC, clique nos marcadores abaixo.)

2 comentários:

Alexandre Nagado disse...

O desenhista Ethan Van Sciver tem grandes momentos, mas eu considero ele um imitador do Brian Bolland. Talvez ele trabalhe até com um vasto arquivo de referências para produzir sua arte. Isso não tira seu mérito enquanto ilustrador, mas falta mesmo mais desenvoltura para convencer.

Lembrei do caso semelhante com o aclamado Carlos Pacheco (ao menos seus trabalhos inciais), cujo estilo eu via mudar dentro de uma mesma história, pois ele emulava (ou desenhava com referências) trabalhos de Steve Rude, Mike Mckone e tantos outros. Isso ficou bem claro na graphic que ele desenhou juntando a Liga e a Sociedade da Justiça, anos atrás. É isso.

Grande abraço!

Wellington Srbek disse...

Olá Alexandre,
Para mim, umas das características principais do Van Sciver é justamente a irregularidade. Parece que em alguns pontos ele capricha muito, acaba se atrasando e depois tem que correr para ficar em dia com os prazos. Prefiro, por exemplo, os trabalho do Ivan Reis.
Grande abraço!