08/05/2009

Os Novos X-Men de Grant Morrison em coletâneas da Panini.


Iniciada em meados de 2001, a fase de Grant Morrison à frente dos X-Men chegou trazendo mudanças, a começar pelo título da revista, que passou a se chamar New X-Men (ganhando um inteligente trabalho de formatação do logotipo). São evidentes algumas influências de X-Men – O Filme, como o destaque dado à função escola da Mansão X, e sobretudo o uniforme de couro preto adotado pelos heróis mutantes. Lançadas no Brasil em edições mensais da Panini, as histórias de Novos X-Men já ganharam por aqui duas coletâneas: E de Extinção e Imperial, que reúnem o primeiro ano de Morrison como roteirista dos heróis mutantes (embora tragam as mesmas edições, a organização das coleções da Panini diferem das da Marvel, que serviram de base para este texto).

Logo nas primeiras páginas, o roteirista escocês apresenta a temática central de seu primeiro ano à frente dos X-Men: uma possível extinção dos humanos causada pelos mutantes. Tudo é apresentado numa interessante correlação com a provável extinção do homem de neanderthal pelos homo sapiens. E isto ao mesmo tempo em que Morrison introduz uma nova vilã: Cassandra Nova, um ser poderoso cujo passado guarda uma intrigante ligação com o Professor X. Em seguida, temos alguns diálogos espirituosos entre os personagens principais, reflexões de Fera sobre sua nova forma física, referências a problemas conjugais entre Jean Grey e Ciclope, alguma ação contra robôs sentinelas e o genocídio de dezesseis milhões de mutantes.

As três primeiras HQs de Morrison com os X-Men terminam numa luta mortal, com a entrada de Emma Frost para o grupo de super-heróis e a promessa de uma nova era para o Professor X e seus pupilos. O capítulo seguinte (desenhado na horizontal e lançado originalmente em New X-Men Annual 2001) nos leva à China (país que parece ser uma fixação para os roteiristas britânicos), onde conhecemos o mutante Xorn, cujo cérebro é uma pequena estrela. Nas HQs que se seguem, conhecemos mais personagens coadjuvantes, como Barnell, Angel e John Sublime, numa história envolvendo experiências e contrabando de órgãos mutantes. O fato mais relevante, porém, é o ressurgimento de Cassandra Nova, através de uma possessão psíquica.

No restante do primeiro ano de Morrison com os X-Men, entra em cena o Império Shi’ar e Jean Grey assume aspectos da Fênix, enquanto somos levados em viagens espaciais e jornadas psíquicas. Mas, com sua abordagem cerebral e suas situações “realísticas”, não é de se espantar que a fase de Morrison não tenha agradado a muitos fãs. No conjunto, apesar de algumas idéias interessantes, E de Extinção e Imperial deixam a sensação de promessa não-cumprida. Emma Frost ganha um novo poder, Fera revela uma nova orientação sexual, temos um cérebro numa bolha de vidro e outras coisas que se espera de um roteiro de Morrison. Mas falta consistência nas histórias, faltam explicações para alguns acontecimentos e tudo se resolve fácil demais no fim.

Outro problema está no visual das HQs. Tudo começa muito bem com três edições desenhadas por Frank Quitely. Há uma história na horizontal desenhada Leinil Francis Yu, que até não é ruim. As coisas, no entanto, pioram muito depois, com desenhos de um Ethan Van Sciver ainda cru e edições ilustradas por um certo Igor Kordey que jamais deveria ter sido escalado para desenhar uma revista de super-heróis. O que salva é o retorno de Frank Quitely para mais três boas edições (incluindo a da viagem psíquica, claramente inspirada por artistas como Escher e Moebius). No geral, Novos X-Men merece uma lida (ou pelo menos seus três primeiros capítulos merecem). Mas é melhor não esperar o brilhantismo de outros trabalhos de Morrison, nem uma qualidade constante nos desenhos.

(As coletâneas E de Extinção e Imperial ainda estão disponíveis em lojas especializadas. E para quem quiser saber mais sobre os quadrinhos de Morrison ou dos X-Men, basta clicar nos nomes em destaque abaixo.)

6 comentários:

Amalio Damas disse...

Pode não ser o melhor do Morrison nem dos X-me, mas deu uma bela chacoalhada no universo mutante que estava sofrível desde o início da década de 90, ou seja, tem muitas histórias boas, derrapa no final, mas no conjunto da obra, acredito que mereça um sete. Acho que o que foi feito depois foi muito pior até a chegada de Joss Whedon, que aí sim fez um trabalho nota 10.

Wellington Srbek disse...

Olá Amálio,
Eu não li a fase do Morrison inteira ainda, mas acho que ela teve mesmo este efeito de dar uma mexida nos X-Men.
Considerando as duas primeiras coletâneas que já li, creio que ele começa muito bem e bastante promissor (nas 3 HQs desenhadas pelo Frank Quitely), mas depois perde um pouco a mão nos roteiros e o pé do que estava fazendo (para o quê também contribuiu o péssimo trabalho dos desenhistas que substituíramm o Quitely).
Valeu e grande abraço!

QUEIROZ disse...

Eu li esse ano o E de Extinção. Comprei em um sábado e li todo no domingo 13 de abril. Eu fiquei chapado lendo aquela estória, pelo teor adulto sem dó, os desenhos de Quitely, já já admirava de All Star Superman, e nesse acho até que casou melhor com a loucura do universo x-men. E é legal que não puxa tanto o saco wolverine,a apesar dele estar bem representado na revista com sua personalidade bem imprimida, e dá uma valorizada nos demais como o fera, e o argumento da vilã gera um temor realmente, não fica naquela de tadinho dos mutantes, sabe. Uma das melhores revistas que li dos X-men, abaixo para mim apenas da coleção Inferno X-men.

Valeu Wellington.

Wellington Srbek disse...

Olá Queiroz,
Eu também gostei bastante daquelas três primeiras histórias desenhadas pelo Quitely. E concordo com você sobre o estilo dele combinar com o universo dos X-Men.
Tem uma minissérie Flex Mentallo escrita pelo Morrison em que o desenho do Quitely está ainda mais incrível e maluco.
Grande abraço!

Barba Magnética disse...

Concordo q o trabalho do Igor Kordey ñ foi muito bom nessa fase dos x-men. Mas acredito q a qualidade duvidavel de sua produção se deva ao processo mecânico e massificante das hqs americanas. Para provar como o trabalho do Igor é realmente bom, procure os albuns europeus que ele produziu.
Abs.

Wellington Srbek disse...

Concordo, Barba, por isso fiz a ressalva de que ele não deveria ter sido escalado para desenhar uma revista de super-heróis. O Kordey tem um traço interessante, que só não é adequado a uma revista dos X-Men.
Abraço!