11/02/2009

Quadrinhos em tempos de guerra (III).


Em tempos de guerra, torna-se muito comum a exaltação emotiva dos símbolos e ideais nacionais. Personagens como o super-nacionalista Capitão América, “o defensor da liberdade”, são um claro exemplo disso. Por outro lado, a propaganda de guerra (mesmo a não promovida por órgãos oficiais) emprega intensamente a difusão do medo como instrumento de mobilização social. No contexto de um conflito armado, o temor pela própria vida, por sua segurança e a das pessoas que se ama é algo totalmente compreensível e justificável. Mas sobre a sensação real de insegurança, costuma-se projetar simbologias e imagens que têm como efeito a reprodução de medos irracionais.

Um exemplo disso é a capa acima, desenhada pelo ilustrador Alex Schomburg. Nela vemos o herói Green Hornet, seguido por seu fiel ajudante negro, enfrentando vilões que ameaçam a vida de uma loira e indefesa mocinha. O elemento simbólico mais importante aqui são os vilões que variam de um abobado soldado nazista, até um espectro amarelo e flagelado, passando pela figura central: um homem com vestes amarelas que cobrem quase todo seu corpo, com ossos cruzados no peito, um capuz com a suástica e feições monstruosas que incluem presas vampirescas. O texto em destaque convoca o leitor a “conhecer a história por trás da capa”, que descobrimos tratar de um “navio fantasma nazista” (informação seguida de outra que fala do “espírito de [17]’76”, ano da declaração de independência dos Estados Unidos).

Vista hoje, esta ilustração de capa parece incrivelmente ingênua. Mesmo porque, ao final dos anos de destruição e barbárie da Segunda Guerra Mundial, a Humanidade descobriria atônita o verdadeiro terror que o Nazismo fôra capaz de produzir. A verdade é que os fantasmas e vampiros da ficção não são símbolos capazes de representar a terrível realidade dos campos de concentração, câmaras de extermínio e outros crimes e aberrações nazistas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pensava que o ajudante do Green Hornet era o asiático Kato... :?

Wellington Srbek disse...

Posso ter me enganado, OCP, mas o personagem que aparece na capa me parece negro.
Abraço!