07/07/2008

Planetary e Authority em coletâneas e edições especiais.


Entre os trabalhos de maior sucesso criados pelo roteirista inglês Warren Ellis, estão as séries Authority e Planetary, lançadas pelo selo Wildstorm da DC Comics. Para os fãs desses super-heróis “pós-modernos”, a Pixel lançou há pouco Planetary - Deixando o Século 20, Authority - Terra Infernal e outras histórias e Authority - Choque de Realidades Parte1.

Terceira coletânea da série produzida por Warren Ellis, John Cassaday e Laura Martin, Deixando o Século 20 reúne as edições 13 a 18 de Planetary. Na primeira história do volume, os autores nos levam à Europa do início do século passado, onde encontramos monstros de Frankenstein reptilianos, um demoníaco Conde Drácula e um envelhecido Sherlock Holmes. Além das citações literárias, há uma referência direta aos extraordinários cavalheiros reunidos por Alan Moore e Kevin O’Neill. Vale notar que Ellis e Cassaday utilizam em sua HQ justamente os personagens mais emblemáticos que ficaram de fora da Liga Extraordinária.

No capítulo seguinte, continuamos descobrindo importantes fatos sobre o passado do Planetary, em meio a mais citações a outras obras. Na primeira frase de “Ponto Zero”, uma óbvia referência ao seriado Arquivo-X, que se repete nos diálogos envolvendo naves derrubadas, supostas abduções e alienígenas. Com uma participação especial da bengala-martelo do herói Thor, o capítulo também traz uma sequência que mais parece um cruzamento do “armário” de armas do filme Matrix, com o "Ideaspace" da série Miracleman. Impressiona a condensação de informações, num roteiro que não deixa de ser muito dinâmico.

O terceiro capítulo da edição faz uma viagem à Austrália, com direito à recriação de um mito de origem aborígine. Mas, embora parta de uma idéia interessante, seu roteiro é o menos bem-solucionado desse terceiro volume. Para compensar, a maior linearidade do roteiro seguinte nos leva a uma China antiga bem ao estilo do filme O Tigre e o Dragão. Cenas de luta empolgantes e ilustrações belíssimas são as características principais dessa impressionante HQ “cinematográfica”, em que o trabalho de Cassaday e Martin chega a seu ápice. O final é mais comum em termos de narrativa, tendo como objetivo avançar na trama de Planetary.

A viagem seguinte é à África, onde um Elijah Snow mais jovem encontra uma cidade gloriosa e o primeiro amor de sua vida. Um destaque fica por conta da desconstrução do herói Tarzan que, ao ser recriado por Ellis, evidencia seus fundamentos etnocêntricos e racistas. Essa história traz ainda o único momento minimamente erótico em Planetary, nas cenas em que vislumbramos uma bela e sensual mulher africana. Por fim, temos um capítulo importante para a conclusão da série, no qual os autores aproveitam para homenagear a ficção científica pioneira de Júlio Verne. De quebra, os agentes do Planetary capturam um de seus piores inimigos.

Planetary - Deixando o Século 20 tem 144 em 17cm x 24cm, custando R$37,90. Se no caso de séries como Os Invisíveis e Preacher a publicação em formato reduzido não traz grandes perdas, isso não acontece com Planetary. Basta uma olhada nas edições originais, ou na publicação desses mesmos capítulos na Pixel Magazine, para se notar uma perda nos desenhos. E considerando que essas mesmas HQs já haviam sido publicadas em “formato americano” pela Pixel, a opção pelo formato reduzido para este terceiro volume tem mais a ver com o trabalho da editora Devir, que havia publicado dessa forma os dois primeiros volumes da série. Somam-se a isso alguns equívocos de tradução.

Authority - Terra Infernal e outras histórias tem 176 páginas em formato 16,5cm x 25,5cm, ao preço de R$19,90, enquanto Authority - Choque de Realidades Parte1 tem 72 páginas em formato 17cm x 26cm, ao preço de R$9,90. Escritas e desenhadas por autores como Mark Millar, Garth Ennis e Frank Quitely, as duas edições concentram-se em catástrofes humanitárias, matanças sem-fim, pancadarias sem sentido e muitos desenhos ruins. Páginas e mais páginas de quadrinhos que não valem o papel em que são impressos. O tipo de HQ que, nos tempos sombrios da Image, eu costumava chamar de lixo cultural.

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