O personagem Monstro do Pântano foi criado pelo roteirista Len Wein e pelo desenhista Berni Wrightson, aparecendo pela primeira vez em junho de 1971, na revista House of Secrets n°92. Sua estréia, uma HQ de 8 páginas ambientada no século 19, teve ótima repercussão entre os leitores, motivando a editora DC Comics a lançar no ano seguinte a revista Swamp Thing, totalmente dedicada ao personagem.
No primeiro número da nova série, o Monstro do Pântano ganhou outra origem e identidade. Transportado para a década de 1970, ele passou a ser Alec Holland, um cientista que pesquisava uma fórmula para acelerar o crescimento das plantas. Vítima de um atentado, Holland é ferido mortalmente, sendo lançado às águas de um pântano. Meses depois, surge uma estranha criatura coberta de lodo e musgo, que passa a se vingar daqueles que causaram o desaparecimento do cientista.
Trazendo elementos tradicionais dos filmes e livros de terror e ficção científica, as dez primeiras edições da revista Swamp Thing foram um sucesso. Os roteiros criativos de Len Wein e os expressivos desenhos de Wrightson renderam à série vários prêmios, e em poucos anos a condição de clássico dos quadrinhos. Porém, com a saída da dupla, a qualidade das HQs caiu e a revista acabou sendo cancelada em 1976. Em 1982, porém, foi lançada uma nova série: The Saga of the Swamp Thing, que também teria desaparecido se não fosse o talento de um pouco conhecido roteirista, chamado Alan Moore.
Convidado pelo então editor Len Wein a assumir a revista, Moore estreou em janeiro de 1984. Como se tornaria comum em seus trabalhos, o brilhante roteirista inglês não se contentou em continuar de onde seu antecessor (Martin Pasko) havia parado. Assim, em sua primeira história (“Pontas Soltas”), Moore literalmente limpou o terreno para implantar as mudanças que planejava. E elas não demoraram, pois na história seguinte (“A Lição de Anatomia”) o roteirista já empregava sua abordagem “desconstrutivista”, reformulando completamente o Monstro do Pântano. Tendo seus poderes e horizontes ampliados, o personagem (que fôra um herói existencialista nos anos 70) transformava-se numa entidade natural que atuaria na conscientização e luta pelo meio-ambiente.
Partindo da origem proposta por Len Wein em 1972, Moore buscou as raízes “frankensteinianas” do personagem, desenvolvendo (como fizera com o herói britânico Marvelman) uma explicação pseudo-científica para sua origem e seus poderes. Porém, à medida que a trama avança, os leitores são levados numa viagem mística que assume os contornos de uma iniciação ao universo do xamanismo. Mas, sem dúvida, a abordagem metafísica proposta por Moore não teria sido tão bem-sucedida sem os competentes desenhos de Steve Bissette e John Totleben (que também colaboravam com idéias e elementos para alguns roteiros). Privilegiando texturas, luzes e sombras, a dupla de artistas conseguia valorizar a ambientação e a carga emocional propostas pelo roteirista, dando às histórias uma expressividade e uma qualidade narrativa raramente vistas nos quadrinhos comerciais.
A verdade é que as primeiras HQs do Monstro do Pântano criadas por Moore, Bissette e Totleben inauguraram uma nova fase nos quadrinhos norte-americanos. Tanto é que Swamp Thing foi a primeira série de uma grande editora a circular sem o selo de aprovação do “Código de Ética dos Quadrinhos", desde sua instauração nos anos 50. Tratando de temas como a devastação do meio ambiente, relações humanas e sexualidade, dependência de drogas ou violência contra a mulher, Alan Moore levou ao extremo o processo de amadurecimento dos comics. Misturando política, misticismo, mistério e poesia, em suas HQs para o Monstro do Pântano, o roteirista inglês deu um importante passo para a revolução qualitativa de meados dos anos 80.
Embora Moore não tenha sido o primeiro quadrinista inglês a trabalhar no mercado norte-americano, sem o sucesso da Swamp Thing provavelmente não aconteceria a chamada “invasão britânica”. Não teria surgido John Constantine, personagem que acabou ganhando uma revista própria, escrita pelo também inglês Jamie Delano. Sem a inspiração da Swamp Thing, o escocês Grant Morrison não teria criado suas HQs para o Homem-Animal, e a dupla inglesa Neil Gaiman e Dave McKean não teria criado a minissérie Orquídea Negra, que possibilitaria o surgimento de The Sandman. E foram os bons desempenhos e a aclamação crítica das revistas com o Monstro do Pântano, John Constantine, Homem-Animal e Sandman que levaram à criação do selo Vertigo, que reúne os “quadrinhos adultos” da DC Comics, sob o comando de Karen Berger (editora que substituiu Len Wein na supervisão de Swamp Thing).
Quando Alan Moore chegou, The Saga of the Swamp Thing estava a caminho de ser cancelada. Quando ele a deixou, três anos depois, a revista havia recebido os principais prêmios do mercado norte-americano e inglês, além de suas vendas terem alcançado o patamar de cem mil exemplares por mês. Criando e reinventando personagens, enriquecendo a narrativa e a temática, Moore e seus colaboradores abriram caminho para a revolução qualitativa que originaria uma das melhores fases dos quadrinhos.
No primeiro número da nova série, o Monstro do Pântano ganhou outra origem e identidade. Transportado para a década de 1970, ele passou a ser Alec Holland, um cientista que pesquisava uma fórmula para acelerar o crescimento das plantas. Vítima de um atentado, Holland é ferido mortalmente, sendo lançado às águas de um pântano. Meses depois, surge uma estranha criatura coberta de lodo e musgo, que passa a se vingar daqueles que causaram o desaparecimento do cientista.
Trazendo elementos tradicionais dos filmes e livros de terror e ficção científica, as dez primeiras edições da revista Swamp Thing foram um sucesso. Os roteiros criativos de Len Wein e os expressivos desenhos de Wrightson renderam à série vários prêmios, e em poucos anos a condição de clássico dos quadrinhos. Porém, com a saída da dupla, a qualidade das HQs caiu e a revista acabou sendo cancelada em 1976. Em 1982, porém, foi lançada uma nova série: The Saga of the Swamp Thing, que também teria desaparecido se não fosse o talento de um pouco conhecido roteirista, chamado Alan Moore.
Convidado pelo então editor Len Wein a assumir a revista, Moore estreou em janeiro de 1984. Como se tornaria comum em seus trabalhos, o brilhante roteirista inglês não se contentou em continuar de onde seu antecessor (Martin Pasko) havia parado. Assim, em sua primeira história (“Pontas Soltas”), Moore literalmente limpou o terreno para implantar as mudanças que planejava. E elas não demoraram, pois na história seguinte (“A Lição de Anatomia”) o roteirista já empregava sua abordagem “desconstrutivista”, reformulando completamente o Monstro do Pântano. Tendo seus poderes e horizontes ampliados, o personagem (que fôra um herói existencialista nos anos 70) transformava-se numa entidade natural que atuaria na conscientização e luta pelo meio-ambiente.
Partindo da origem proposta por Len Wein em 1972, Moore buscou as raízes “frankensteinianas” do personagem, desenvolvendo (como fizera com o herói britânico Marvelman) uma explicação pseudo-científica para sua origem e seus poderes. Porém, à medida que a trama avança, os leitores são levados numa viagem mística que assume os contornos de uma iniciação ao universo do xamanismo. Mas, sem dúvida, a abordagem metafísica proposta por Moore não teria sido tão bem-sucedida sem os competentes desenhos de Steve Bissette e John Totleben (que também colaboravam com idéias e elementos para alguns roteiros). Privilegiando texturas, luzes e sombras, a dupla de artistas conseguia valorizar a ambientação e a carga emocional propostas pelo roteirista, dando às histórias uma expressividade e uma qualidade narrativa raramente vistas nos quadrinhos comerciais.
A verdade é que as primeiras HQs do Monstro do Pântano criadas por Moore, Bissette e Totleben inauguraram uma nova fase nos quadrinhos norte-americanos. Tanto é que Swamp Thing foi a primeira série de uma grande editora a circular sem o selo de aprovação do “Código de Ética dos Quadrinhos", desde sua instauração nos anos 50. Tratando de temas como a devastação do meio ambiente, relações humanas e sexualidade, dependência de drogas ou violência contra a mulher, Alan Moore levou ao extremo o processo de amadurecimento dos comics. Misturando política, misticismo, mistério e poesia, em suas HQs para o Monstro do Pântano, o roteirista inglês deu um importante passo para a revolução qualitativa de meados dos anos 80.
Embora Moore não tenha sido o primeiro quadrinista inglês a trabalhar no mercado norte-americano, sem o sucesso da Swamp Thing provavelmente não aconteceria a chamada “invasão britânica”. Não teria surgido John Constantine, personagem que acabou ganhando uma revista própria, escrita pelo também inglês Jamie Delano. Sem a inspiração da Swamp Thing, o escocês Grant Morrison não teria criado suas HQs para o Homem-Animal, e a dupla inglesa Neil Gaiman e Dave McKean não teria criado a minissérie Orquídea Negra, que possibilitaria o surgimento de The Sandman. E foram os bons desempenhos e a aclamação crítica das revistas com o Monstro do Pântano, John Constantine, Homem-Animal e Sandman que levaram à criação do selo Vertigo, que reúne os “quadrinhos adultos” da DC Comics, sob o comando de Karen Berger (editora que substituiu Len Wein na supervisão de Swamp Thing).
Quando Alan Moore chegou, The Saga of the Swamp Thing estava a caminho de ser cancelada. Quando ele a deixou, três anos depois, a revista havia recebido os principais prêmios do mercado norte-americano e inglês, além de suas vendas terem alcançado o patamar de cem mil exemplares por mês. Criando e reinventando personagens, enriquecendo a narrativa e a temática, Moore e seus colaboradores abriram caminho para a revolução qualitativa que originaria uma das melhores fases dos quadrinhos.
2 comentários:
Quando tive contato pela primeira vez com as histórias do Monstro do Pântano escritas por Moore fiquei chocado como poderiam ser diversificadas as histórias em quadrinhos, hoje ele faz muita falta nas histórias do personagem, foi uma identificação profunda demais ao ponto de ser lembrada até hoje pelos fãs.
É interessante observarmos como também Moore foi influenciado pelos fatos da época, pois as histórias rondavam sobre os temas mais em voga no mundo durante a década de 80.
Por fim, gostei muito do seu blog, tanto que o adicionei ao meu, veja em davisonalves.wordpress.com
Abraços.
Valeu pela divulgação e pelo comentário! Essas primeiras HQs do Monstro do Pântano escritas por Alan Moore simplesmente me ensinaram como se conta uma história em quadrinhos. Falarei mais sobre elas em breve.
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