Como
já fizeram muitos autores, podemos comparar a vida a um livro dividido em
capítulos. Começa-se engatinhando pelas páginas lúdicas da infância, depois se
marcha para os intermináveis parágrafos dedicados à escola, que nos levam às
aventuras e paixões da adolescência e juventude. Se prosseguirmos bem, chegamos
à idade adulta com um enredo já encaminhado e, em muitos casos, outras obras a
nos fazerem companhia.
Se
mantivermos a metáfora da vida comparada a um livro, há uma coisa que apenas no
caso deste é possível fazer: pular páginas, capítulos ou, no afã de descobrir o
destino do protagonista, trapacear na leitura e dar uma espiada no final do
volume. Na vida, não. Na vida, é claro, temos que ler frase por frase, momento por
momento. E, se a passagem do tempo me ensinou algo, é que o melhor é mesmo não
querer acelerar o andamento dessa história, é viver inteiramente cada uma de
suas linhas.
Mas
há uma coisa que, assim como os livros, a vida também nos permite, pelo menos
àqueles que mantêm diários detalhados, colecionam fotos ou têm uma boa memória
autobiográfica. Como nos livros, também podemos, através de nossas lembranças,
voltar a páginas passadas, reviver momentos, entender melhor trechos que não
nos foram muito claros na primeira leitura, ou até reencontrar personagens que
participaram do enredo, mas que depois saíram da trama.
Se
pensarmos bem, como o futuro ainda não existe e o passado sempre dá lugar ao
que vem depois, o que temos de fato é o presente. É desta perspectiva, em
movimento a cada instante, que vivenciamos a vida, olhando para trás e vendo o
caminho que traçamos, olhando para frente e tentando acertar o passo com os
rumos que a vida nos traz. Com seus acertos e erros, fins e recomeços, a vida
de cada um de nós é singular. A história de cada um de nós é “obra única”, que,
mesmo compartilhada com vários coadjuvantes, só é conhecida na íntegra por seu
protagonista.
Não vivemos no passado nem devemos viver dele. Porém, nossa memória e seus auxiliares, diários, cartas, fotos, vídeos, têm o incrível poder de tornar presente algo que já passou. Como num livro, em que só se pode ler uma frase de cada vez, também a vida, com toda a sua imprevisibilidade, só pode ser vivida a cada instante. E o que podemos fazer é torcer e trabalhar para que ela nos reserve belas frases; ou, utilizando outra metáfora, que ela nos dê de presente muitas “horas douradas”, para guardarmos com carinho na memória.
(Para a autora da foto, com quem compartilhei muitas "horas douradas", meu desejo de que a vida lhe traga muitas mais!)
Não vivemos no passado nem devemos viver dele. Porém, nossa memória e seus auxiliares, diários, cartas, fotos, vídeos, têm o incrível poder de tornar presente algo que já passou. Como num livro, em que só se pode ler uma frase de cada vez, também a vida, com toda a sua imprevisibilidade, só pode ser vivida a cada instante. E o que podemos fazer é torcer e trabalhar para que ela nos reserve belas frases; ou, utilizando outra metáfora, que ela nos dê de presente muitas “horas douradas”, para guardarmos com carinho na memória.
(Para a autora da foto, com quem compartilhei muitas "horas douradas", meu desejo de que a vida lhe traga muitas mais!)
2 comentários:
Olá, eu sou a D e adoro literatura, poesia e textos bem escritos. Também sou fanática por fotografia .
Sou fã incondicional do Corto Maletese, e no mês passado consegui finalmente os 4 livros do 3º Testamento :)
Gostei bastante e fiz-me seguidora
Xi-<3 D
http://acontarvindodeceu.blogspot.pt
Olá D,
Legal que tenha gostado do texto e do blog. Tem postagens sobre Corto Maltese e Hugo Pratt aqui.
Abraço!
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