25/04/2012

HAMLET em quadrinhos: mais personagens.


Para completar esta pequena prévia do álbum Hamlet de William Shakespeare, mais alguns personagens no traço de Alex Shibao.

O álbum será lançado no segundo semestre pela editora NEMO.

HAMLET em quadrinhos: alguns personagens.


Um dos trabalhos nos quais estou envolvido atualmente é a adaptação para os quadrinhos da peça Hamlet de William Shakespeare. O roteiro está na fase final e a HQ conta com os desenhos do talentoso Alex Shibao.

O álbum será lançado no segundo semestre pela editora NEMO. E enquanto ele não chega, confiram acima alguns dos principais personagens da história.

20/04/2012

O show de Bob Dylan.

A primeira vez que reparei de fato no nome Bob Dylan, deve ter sido quando li Watchmen, já que Alan Moore cita músicas dele (“Desolation Row” e “All along the watchtower”) ao final de dois capítulos da série. Uns 10 anos depois, em 1997, eu estava numa loja de discos e, numa gaveta de CDs em promoção, tinha um recém-lançado do Dylan, importado, a “preço de banana”. Comprei, cheguei em casa, escutei, e não gostei muito. Ainda bem que a gente evolui com o tempo...

Passados alguns anos, em 2001, depois de levar um pé-na-bunda homérico de uma namorada, fiquei sem rumo na vida (tadinho!). Resolvi, então, “descobrir o rock”. Fiz uma lista de cantores e bandas, e fui à Galeria do Rock em BH comprar uns CDs. Na lista estava algum disco de Bob Dylan que tivesse “Like a Rolling Stone”. Naquele dia, comprei uns cinco CDs (eu estava sem namorada, então tinha um dinheirinho sobrando...), incluindo Sex Pistols, The Clash, Lou Reed e mais alguém de quem não me lembro (do Leonard Cohen eu me tornaria fã um pouco mais tarde).

De todos,The Best of Bob Dylan foi o que fez mais sucesso comigo. Nas semanas e meses seguintes, peguei as complexas letras para traduzir, corri atrás dos discos originais (em CD ou em vinil), comprei seu ótimo MTV Unplugged, li sua biografia, reportagens... Enfim, tornei-me fã absoluto de seu trabalho. Tudo bem que não cheguei a ter pôsteres pregados na parede, nem camisetas com suas fotos. Mas seu estilo único de cantar era presença em quase todos os meus dias, e sua poesia genial e singular não saía de minha mente. Para mim, só faltava ir a um show do Dylan...

No meio dessa história toda, lembrei do CD que eu tinha comprado “a preço de banana” em 1997. Resolvi escutar. Passados 4 anos, o CD continuava o mesmo, mas sua música tinha se tornado profunda, única, significativa! Ainda bem que a gente evolui com o tempo... Em 1997, eu não tinha ainda capacidade para perceber que grande disco era Time out of Mind, ganhador de três Grammy Awards, incluindo “Álbum do Ano”. Mas, em 2001, aquele disco simplesmente ressoou em mim, e me ajudou a curar o “coração partido” (valeu, Dylan!).

Time out of Mind foi o primeiro disco de inéditas dele em muito tempo e, depois de mergulhar no Blues e em outras raízes musicais norte-americanas, Dylan retornava em grande estilo (e em um novo estilo). Seguiram-se então Love and Theft, Modern Times, Together Through Life, além de um disco de Natal e de várias coletâneas com apresentações ao vivo e sobras de estúdio (sem falar em DVDs com documentários e apresentações). Creio que este texto já comprovou o quanto sou admirador dele, mas o fato é que Dylan se tornou uma forte influência até em meu trabalho como autor de quadrinhos (não é à toa que ele é citado nos agradecimentos de Quantum e Apócripha). Só faltava para mim, é claro, ir a um show dele. E isso aconteceu ontem!

Uma boa regra na vida, para não se decepcionar, é não criar expectativas. Então, não criei expectativas sobre o show de Bob Dylan no péssimo Chevrolet Hall (um ambiente que está mais para quadra de colégio do que para casa de espetáculos). Para mim, bastava ir lá e ver o cara cantando algumas de suas músicas (embora eu dispensasse a falta de respeito das pessoas que resolveram fumar num lugar fechado, e daquelas que simplesmente queriam abrir caminho aos empurrões). Meus amigos, eu não criei expectativas, mas mesmo que tivesse criado eu teria ficado plenamente satisfeito: foi um showzasso!!!

Acompanhado de sua fantástica banda, Dylan tocou alguns dos grandes clássicos de sua carreira e também músicas dos novos CDs. Tudo, é claro, no vocal “rouco” e grave dos discos mais recentes, com palavras às vezes cuspidas ou aceleradas, e muito "som pesado" em algumas canções, além dos solos de sua famosa gaita em vários momentos. A acústica do lugar não ajudava, então, mesmo alguém que conhece praticamente todas as canções dele teve dificuldades para reconhecer duas ou três músicas (inclusive porque nos shows Dylan e banda tocam num ritmo diferente do que temos nos discos). Para completar a performance, "a lenda do Rock" não dispensou expressões faciais engraçadas, poses teatrais, trejeitos, olhares e outras peculiaridades dylanianas.

Os pontos altos da noite: "Things have changed", "Thunder on the mountain", "Ballad of a thin man", "Desolation Row", “All along the watchtower” e o climax: Dylan, banda e nós, o público, APAVORANDO em "Like a rollng stone" (cujo famoso refrão era entoado por todos mais ao ritmo da interpretação dos Stones, que propriamente na versão de seu compositor). Pode ter passado despercebido para a maioria das pessoas, mas no canto direito do palco, sobre uma grande caixa, como alguma espécie de colar pendente em volta, estava uma estatueta dourada, uma espécie de amuleto que Dylan deve levar em seus shows pelo mundo; nada menos que o Oscar que ele recebeu pela música "Things have changed", tema do filme Garotos Incríveis.

Provavelmente, quem foi ao show esperando ver o Bob Dylan da década de 1960, deve ter se decepcionado, pois, aos 70 anos, ele continua criando novas músicas e não canta mais as antigas no timbre e com os arranjos de cinquenta anos atrás. Já eu não tenho do que reclamar! Fui a um dos melhores shows de minha vida (apesar do ambiente), e em ótima companhia (pois é, meus jovens: um amor se vai, para dar lugar a outro que vem)! No mais, valeu Dylan: pelo grande show de ontem, e pela grande música e inspiração vida afora!

07/04/2012

Xingu, um filme que vale muito ser visto!


O motivo desta postagem é deixar a dica para todos irem ao cinema assistir a Xingu – O Filme, produção da O2 dirigida por Cao Hamburger.

Minha dica vai, em primeiro lugar, porque se trata de um ótimo filme! Mas, em especial, porque ele narra uma grande aventura brasileira que mais pessoas deveriam conhecer: a história de como os irmãos Leonardo, Cláudio e Orlando Villas-Bôas ajudaram a promover um contato mais respeitoso e pacífico com as nações indígenas do Brasil central. O filme também mostra como essa aproximação singular possibilitou a preservação dos ambientes naturais e também das identidades culturais presentes no Parque Nacional do Xingu, criado em 1961 graças ao trabalho dos Villas-Bôas.

Xingu – O Filme teve, para mim, a força e a emoção de contar a história de pessoas que estão entre meus heróis pessoais. Pois quem conhece meus quadrinhos sabe que a cultura e os mitos indígenas são um tema precioso, que tem estado presente em HQs como o recente álbum Ciranda Coraci. Em 1997, essa temática já tinha aparecido na revista Caliban, que em seu primeiro número teve uma história do herói Solar em homenagem ao trabalho dos irmãos Villas-Bôas, que permitiu que tivéssemos acesso ao fantástico mundo dos índios do Xingu. Na verdade, boa parte da história de Solar se baseia em situações paralelas às que são narradas em Xingu – O Filme.

Filho de uma antropóloga com o líder espiritual de uma tribo amazônica, a explicação para os poderes de Solar está diretamente ligada aos mitos indígenas. Além disso, na história do personagem, a aldeia de seu pai é destruída num ataque de invasores de terras. A nota triste é que essa passagem da HQ não tem nada de ficção, e continua a ocorrer ainda hoje; pois, como diria a mãe de Solar num trecho publicado na revista Caliban n°2: é a mesma velha história desde Cabral... o branco chega e expulsa o índio, que se resiste leva bala. Os que não morrem de tiro, morrem de doença...

Claro que, publicada em revistas em quadrinhos independentes de pequenas tiragens e impressas em P&B, a história por trás do personagem Solar não alcançou a ressonância que merece. Felizmente, na tela grande do cinema, em cores e movimento, a mensagem do respeito às populações indígenas e da preservação dos ambientes naturais poderá chegar agora a muito mais pessoas.

Então, fica aqui a dica: não deixem de assistir ao ótimo Xingu – O Filme!

05/04/2012

Novidades de NEMO: A Garagem Hermética!


Totalmente autoral, um tanto caótica, delirante, cômica e poética, A Garagem Hermética é uma das obras mais conhecidas e celebradas do genial Moebius. Uma aventura singular que mistura elementos do faroeste e da ficção científica, dos quadrinhos de super-heróis e do misticismo. Neste quarto volume da Coleção Moebius, essa HQ clássica chega numa edição mais completa, com nova tradução, introdução do autor, capa dura, papel de alta qualidade e formato europeu original. Uma obra essencial para os leitores de quadrinhos e os fãs de ficção científica.

120 páginas em P&B + capa dura, formato 24cm x 32cm