20/02/2011

25 anos de quadrinhos!


Quando trabalhamos com aquilo de que gostamos, mal percebemos o tempo passar, não é? Aí, quando vamos ver, já se passaram 25 anos!

Vivi boa parte do último quarto de século lendo, folheando, colecionando, comprando, vendendo, trocando, criando, editando, lançando, distribuindo, divulgando, resenhando, pesquisando e defendendo os quadrinhos.

As HQs influenciaram minha escolha de qual curso superior seguir e foram o tema de minhas pesquisas de mestrado e doutorado. Já escrevi sobre quadrinhos para jornais e programas de tevê, coordenei cursos de quadrinhos por vários anos, produzi e produzo revistas educativas. Criei centenas de páginas autorais e mais de duas dezenas de edições independentes, além de livros e álbuns para editoras. Nesses 25 anos, jamais trabalhei com qualquer coisa que não tivesse pelo menos uma ligação direta com os quadrinhos.

A verdade é que eu amo essa (ainda desprestigiada) forma de comunicação e linguagem artística! Mas eu nem precisaria afirmar isso, pois este blog é a prova mais eloquente dessa paixão. Não posso reclamar: tem sido uma boa caminhada! E pensar que tudo começou despretensiosamente, por diversão, em 1986...

Foi naquele ano que bolei e desenhei minha primeira HQ: uma saga espacial de 20 páginas, intitulada “X – A Batalha Final” (eu ainda não conhecia os X-Men, mas qualquer semelhança com o subtítulo de um antigo seriado da tevê não é mera coincidência!). Embora eu tivesse revistas e superalmanaques por perto desde criança, na época eu ainda não lia ou colecionava quadrinhos, mas estava naquela fase em que os adultos começam a implicar para que larguemos de vez os brinquedos. Bom, acho que o “tiro saiu pela culatra”: parei de brincar com bonecos Comandos em Ação e Transformers, mas passei a brincar no papel, desenhando HQs.

A qualidade daqueles primeiros trabalhos? Vocês podem julgar pela imagem que ilustra esta postagem (a capa de “X – A Batalha Final”). Não era nenhuma obra-prima, mas para mim aquele foi o começo do caminho; foi o início da aprendizagem de que, para se fazer uma boa HQ, imaginação e vontade são apenas o impulso para o trabalho criativo propriamente dito, que inclui muita reflexão, pesquisa, produção, revisão e mais produção.

Quando desenhei minha primeira HQ aos 11 anos de idade, eu não poderia suspeitar que os quadrinhos se tornariam parte fundamental de minha vida. Hoje, posso me orgulhar de estar colaborando com a gênese de um projeto editorial muito bacana, que valorizará os quadrinhos de qualidade e privilegiará a produção nacional.

Ao completar 25 anos de produção de quadrinhos, só posso olhar para trás e agradecer pela oportunidade de estar vivendo a aventura de minha vida. E olhar para frente, convidando a todos para acompanhar a bela história que estamos começando a contar...

10/02/2011

Como tenho trabalhado...


Os leitores do Mais Quadrinhos já viram aqui páginas de meus roteiros desenhados para as adaptações de Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro de Machado de Assis. No caso desses trabalhos, como de todos os meus roteiros anteriores, os esboços das páginas foram feitos a mão com lápis e caneta sobre papel, para depois serem escaneados. Mas, há algum tempo atrás, fiquei sem escaner, o que complicou um pouco a entrega de roteiros para desenhistas que não morem em BH.

Nessa mesma época, surgiu um novo trabalho no qual eu teria como parceiro o desenhista Will, que mora em SP. Então, em vez de arrumar um novo escaner, resolvi arrumar um novo esquema. Em vez de desenhar no papel com lápis e caneta, passei a desenhar direto na tela do computador, utilizando os “avançadíssimos” recursos à minha disposição: um mouse e o programa Paint. Embora eu tenha passado a gastar um pouco mais de tempo para desenhar uma página, a solução digital funcionou e possibilitou o uso de cores para diferenciar personagens, cenários e balões, às vezes até para colorir a cena mesmo.

O primeiro roteiro que produzi no novo modelo digital foi “O Nosso Lar”, que Will e eu produzimos para a coletânea MSP + 50. Para mim, foi uma solução prática, inclusive porque alguns minutos após um roteiro estar pronto, ele já pode ser lido pelo desenhista, sem eu ter que gastar tempo e dinheiro com a alternativa do xérox e envio pelo correio. Will, aliás, é até agora o desenhista que mais trabalhou comigo a partir deste novo modelo de roteiro. Até agora ele não reclamou e os roteiros digitais têm rendido belos frutos, como a história com o personagem Astronauta de Maurício de Sousa.

O trabalho mais recente dessa nova safra digital é nossa graphic novel para crianças, da qual vocês puderam conhecer o personagem principal na postagem anterior e podem ver aqui uma página do roteiro digital. Aguardem, pois o álbum será lançado em alguns meses!