18/11/2010

Nossos parabéns a Alan Moore!


Alan Moore nasceu no dia 18 de novembro de 1953, na cidade inglesa de Northampton. Mago praticante, artista performático, letrista, escritor, desenhista eventual, pai de duas filhas, casado com a desenhista Melinda Gebbie, este escorpiano é sobretudo o mais influente roteirista da história dos quadrinhos. Sem ele, os trabalhos de Neil Gaiman, Grant Morrison, Warren Ellis, Mark Millar, entre outros roteiristas de quadrinhos, não seriam os mesmos, ou em alguns casos talvez nem mesmo existissem. Ao longo de trinta anos de carreira, Moore influenciou os rumos dos quadrinhos ocidentais de inúmeras formas e em pelo menos dois momentos principais (primeiro com Marvelman, Swamp Thing e Watchmen, mais tarde com 1963, Supremo e a linha ABC), dedicando-se nos últimos tempos a trabalhos mais autorais (como From Hell, Lost Girls e Liga Extraordinária).

De longe o autor sobre o qual mais escrevi para o Mais Quadrinhos, no dia de seu aniversário aproveito para fazer um apanhado de meus principais textos sobre suas obras:

Revista Warrior:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2007/11/warrior-25-anos-de-uma-revista.html

Marvelman:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2009/03/marvelman-e-recriacao-genial-dos-super.html

Monstro do Pântano:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2007/11/razes-e-frutos-de-um-monstro-do-pntano.html
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2007/12/monstro-do-pntano-em-merecida-edio-de.html

Miracleman:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2009/12/o-inovador-livro-i-de-marvelman.html
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2009/12/o-irregular-livro-ii-de-marvelman.html
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2009/12/o-incomparavel-livro-iii-de-miracleman.html

Watchmen:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2009/03/watchmen-absolutamente.html

Piada Mortal:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2007/11/insana-relao-entre-batman-e-coringa.html

In Pictopia:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2009/04/in-pictopia-uma-pequena-joia-de-alan.html

Spawn:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2008/04/spawn-origem-vol2-rene-mcfarlane-moore.html
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2008/04/com-assinatura-mas-no-o-talento-de-alan.html

1963:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2010/07/1963-uma-serie-que-marcou-epoca-e-virou.html
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2010/07/1963-uma-serie-que-marcou-epoca-e-virou_08.html

Supremo:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2008/03/alan-moore-repete-receita-para-boas-hqs.html
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2008/08/chega-s-lojas-o-ltimo-volume-de-supremo.html

Liga Extraordinária:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2009/07/liga-extraordinaria-de-alan-moore-e.html
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2009/07/liga-extraordinaria-chega-ao-seculo-20.html

Promethea:
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2007/12/promethea-beleza-magia-e-quadrinhos.html
http://maisquadrinhos.blogspot.com/2008/08/coletnea-traz-os-primeiros-captulos-de.html

(Para os fãs do mago de Northampton, há ainda outros textos e várias entrevistas que falam dele e de sua influência nos quadrinhos. Para conhecer todos, basta clicar no marcador logo abaixo.)

12/11/2010

As fantásticas aventuras de Tristán Karma.


Creio que foi em 1991 ou 1992. Um amigo chamado Fernando, fã do Homem-Aranha e dos Novos Titãs, mas que colecionava também alguns quadrinhos mais alternativos, como Groo e MAD, mostrou-me uma edição original da revista Heavy Metal. Nela, em meio a histórias de ficção científica e aventura, HQs em cores e em P&B, encontrei uma verdadeira joia: “The Adventures of Tristan Karma: Zoo”. Com belíssimas páginas, temas quase mitológicos, algum erotismo e uma referência ao filme A Marca da Pantera, a obra me fascinou no primeiro instante. Somando 46 páginas e assinada por Beroy, aquela era uma das histórias em quadrinhos mais interessantes e originais que eu tinha visto até então (e continua sendo, passados quase vinte anos!).

Começou aí uma verdadeira saga: não encontrando outro exemplar para comprar, iniciei um persistente trabalho de convencimento para que Fernando me vendesse ou trocasse comigo seu exemplar. Triunfei ao final e fizemos uma troca não sei pelo quê. O que importa é que aquela Heavy Metal passou a fazer parte de minha coleção. Recentemente, visitando um dos blogs do amigo Ismael Marfull, descobri que o autor daquela fascinante HQ, José Maria Beroy, é espanhol (e não francês como eu imaginava). Quis então conhecer a versão original de Las Aventuras de Tristán Karma: Zoo, a qual Ismael gentilmente comprou e me enviou de España (gracias novamente, Ismael, e não me esqueci de que estou te devendo alguns quadrinhos!).

Se eu já adorava a HQ no formato magazine, gostei ainda mais ao conhecê-la em sua versão original, no formato álbum europeu. Las Aventuras de Tristán Karma: Zoo tem como figura central o personagem que lhe dá título, um jovem garçom mudo que parece ter a sorte de atrair pessoas e situações fantásticas. Mas, como em muitas das melhores HQs, o protagonista não é exatamente o personagem central das histórias, as quais ele testemunha ou lhes são narradas por outros. Sua primeira aventura envolve uma mulher-pantera e um casaco enfeitiçado; na seguinte, ele descobre um segredo envolvendo magia e antigos baleeiros; no próximo capítulo, entram em cena baratas gigantes e lixo radioativo; no que se segue, vemos marionetes trágicas e um pássaro espectral.

Nas partes finais, temos o retorno de personagens e um desfecho em que os fios narrativos se cruzam. Neste, a atmosfera onírica e a temática ecológica da HQ assumem o primeiro plano, entretecendo um diálogo entre texto e imagem. Antes deste encerramento, porém, a obra de Beroy já conduziu o leitor por um deleite visual, com um estilo predominante, mas diversas variações nas técnicas. Se a base é o traço arte-finalizado, sobreposto por tons e volumes cromáticos, os capítulos trazem outros tratamentos de pintura, colagem e aerógrafo, que ressaltam as diferenças temáticas e o clima de devaneio. Composta de consciência crítica, precisão técnica, inventividade narrativa, sombras e sonhos, Zoo pode ser definida como a mais pura poética em quadrinhos!

Se você é fã da série The Sandman ou gostou de trabalhos como Mr. Punch, essa singular HQ espanhola também irá te encantar. Bela e inteligente, literária e cinematográfica, clássica e contemporânea, Las Aventuras de Tristán Karma: Zoo é (em diferentes sentidos) uma obra rara. Como eu disse anteriormente, uma verdadeira joia dos quadrinhos que merecia continuações e, há quase duas décadas, espera por reedições e também por uma edição brasileira!

08/11/2010

The Ultimates 2, a continuação da melhor série de super-heróis da década.


Idealizada como um filme de orçamento milionário, a revista The Ultimates de Mark Millar e Bryan Hitch surpreendeu por sua qualidade e originalidade. Tornando-se um sucesso de público e de crítica, seus treze capítulos merecem o título de melhor série de super-heróis da década, influenciando outros quadrinhos e os novos filmes da Marvel. Com toda essa repercussão, a obra de Millar & Hitch não poderia ficar sem uma continuação. E esta veio entre 2005 e 2007, quando foram publicadas as treze edições de The Ultimates 2, que contaram com arte-final de Paul Neary e cores por Laura Martin.

A história começa como na primeira série: com o Capitão América numa missão a serviço do Tio Sam. Mas, desta vez, ao invés de destruir uma arma secreta nazista, o herói patriótico entra em ação para salvar reféns norte-americanos no Iraque (situação ficcional que ecoa incidentes passados e contemporâneos envolvendo os Estados Unidos e países da região). A trama então passa a se desenrolar a partir das relações e conflitos entre os membros de Os Supremos. A revelação pública de que Bruce Banner é o Hulk e seu julgamento pela morte de mais de 800 pessoas em Nova York ocupam a maior parte das primeiras edições dessa “segunda temporada”. Mas há também espaço para o romance entre Homem de Ferro e Viúva Negra, para a revelação da existência de um traidor no grupo de heróis e para a crescente tensão política envolvendo o Thor.

Este, aliás, é a figura central do primeiro grande momento de The Ultimates 2, quando vemos a trama arquitetada por seu meio-irmão Loki levar a um violento confronto contra Os Supremos e seus superaliados europeus. Se as cenas de luta são muito bem trabalhadas por Hitch & Cia., toda a sequência ganha mais dimensão com as referências feitas por Millar à história de Jesus Cristo (uma vez que, segundo suas próprias palavras, Thor teria sido enviado por seu Pai para salvar o mundo). No capítulo seguinte, o imaginário cristão e a dimensão mítica dão lugar a algo mais mundano, quando entram em cena Os Defensores, um grupo de super-heróis chinfrins, cuja cruzada contra o crime tem um desfecho tragicômico. Mas as coisas assumem um tom grave, quando o complô contra Os Supremos leva ao aparente assassinato de um herói e de sua família.

Após “ataques preventivos” a países do Oriente Médio e tendo que lidar com a crise de seu relacionamento com Vespa, Capitão América é envolvido pelas destrutivas ações do traidor. Quando se chega à metade de The Ultimates 2, todas as peças estão no lugar e os movimentos de bastidores dão lugar ao enfrentamento direto quando o traidor é revelado e uma invasão de super-humanos internacionais devasta Nova York e Washington. Com robôs gigantes e super-seres chineses, russos, norte-coreanos e muçulmanos aterrorizando os cidadãos norte-americanos e destruindo monumentos como a Estátua da Liberdade, o que vemos é o dia da retaliação dos povos oprimidos e do ataque oportunista de inimigos históricos (alegoria política que só é atrapalhada pelo fato de os agentes internacionais falarem em inglês, a língua de seu suposto opressor).

Embora pudesse se esperar que algum dos “vilões” da história arrancasse a cabeça do então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, essa catártica cena não acontece. Afinal, trata-se de uma HQ norte-americana e, como esperado, a “cavalaria” chega no último instante para salvar o dia. Com isso, quem acaba executado é o líder muçulmano da força invasora, e assim toda a catarse fica para os leitores norte-americanos. Mas antes deste primeiro desfecho, o que vemos nessa segunda metade de The Ultimates 2 é uma das batalhas mais titânicas das revistas de super-heróis. E tudo é amplificado pelos quadros de página inteira e pelas páginas duplas ilustradas de forma magistral, que originaram cenas panorâmicas absurdamente detalhadas (superando a concepção do widescreen comics com algo ainda mais impactante).

No último ato, após doze capítulos empolgantes, os quadrinhos panorâmicos de Millar e Hitch guardam uma última surpresa para os leitores. De início, temos uma sequência emprestada da trilogia O Senhor dos Anéis, quando uma horda de trolls e gigantes a serviço de Loki entra em cena. Segue-se então o contra-ataque dos heróis, numa sequência de oito páginas que formam num único quadro gigantesco, publicado na coletânea em capa-dura como uma peça que se desdobra tendo quatro pranchas de cada lado (que, nos comentários ao final da edição, Millar chamou de “o maior quadro publicado na história dos quadrinhos”). O que vem depois é uma rápida superação da ameaça e um epílogo que amarra as pontas soltas, estabelecendo uma nova condição para o principal grupo de heróis da linha Ultimate Marvel. Na última página, um beijo hollywoodiano.

The Ultimates 2 é uma HQ de super-heróis acima da média; contudo, a história que ela conta é bastante convencional. Nela, os papéis do “mocinho” e do “bandido” são ocupados por figuras tradicionalmente representadas dessa forma nos filmes de Hollywood e nas revistas de super-heróis. Embora traga uma explícita crítica à agressiva política externa dos Estados Unidos durante a “era Bush”, a série acaba identificando os vilões da história como “terroristas” a serem exterminados. Para um autor que se diz crítico e liberal, nessa continuação de seu melhor trabalho, o escocês Millar não se deu ao trabalho de esconder que “jogava para a torcida” norte-americana. Uma prova de que, por melhores que sejam, os quadrinhos de super-heróis são escritos de uma perspectiva ideológica específica, não devendo ser lidos como mera distração.

(Para quem quiser saber mais sobre os trabalhos de Mark Millar e Bryan Hitch ou sobre a linha Ultima Marvel, basta clicar nos marcadores abaixo.)

03/11/2010

A “primeira temporada” de Urbanoide reunida!


Como previsto no início do projeto, as seis primeiras revistas da série educativa Pratique Gentileza foram reunidas numa coletânea com todas as HQs e capas lançadas entre outubro de 2009 e julho de 2010. Na “primeira temporada” dessa iniciativa da Rádio Itatiaia com patrocínio da Fiat e Unimed-BH, foram distribuídas 60 mil revistinhas, em locais e eventos ligados à educação e à cidadania. Com esta coletânea, teremos 2 mil volumes distribuídos para bibliotecas de escolas de Belo Horizonte, reunindo as 44 páginas de quadrinhos e as seis capas das edições originais.

Geralmente produzidas pouco antes de entrar em circulação, as revistas possibilitaram uma comunicação bastante próxima ao que acontecia em Belo Horizonte, cidade-tema do projeto. Trazendo histórias criadas por mim, com desenhos de Luhan Dias e cores de Cleber Campos, as seis primeiras revistas mostraram o nascimento de Urbanoide, o robô gentil, e trataram de temas importantes como a cultura da paz, os cuidados com a saúde, o bem-estar no ambiente de trabalho, a defesa do meio ambiente e a educação para o trânsito.

Um dos trabalhos profissionais mais gratificantes que produzi, a série Pratique Gentileza chegou a crianças e adultos levando informações e dicas para todos termos uma vida mais saudável e um ambiente urbano mais cordial. Com humor, desenhos bacanas, cores vivas e informação de qualidade, nossas revistinhas deixaram de lado a didática chata, em favor de uma comunicação educativa.

Deixo, por fim, meu agradecimento aos idealizadores e patrocinadores do projeto Pratique Gentileza e também a meus parceiros neste trabalho tão bacana. No mais, meus votos de vida longa ao simpático Urbanoide!

02/11/2010

Estórias Gerais e outros sertões no Clarín!


Com a eleição presidencial deste domingo, dia 31 de outubro, o Brasil foi destaque em jornais do mundo inteiro. Com isso, eu e o álbum Estórias Gerais acabamos pegando carona numa matéria publicada nesta segunda-feira, no jornal argentino Clarín. O texto associa o álbum desenhado pelo saudoso mestre Flavio Colin ao nordeste de nosso país, embora a história se passe no norte de Minas Gerais. Mas o fato é que as duas regiões têm uma realidade socioeconômica semelhante.

Para quem ficou interessado, a matéria pode ser lida na imagem acima, ou clicando aqui. No mais, meus agradecimentos ao jornalista Francisco Zárate pelo destaque dado a nossos quadrinhos.