30/08/2010

Homem-Aranha: dos quadrinhos para a telona.


Uma produção cinematográfica com o Homem-Aranha estava nos planos da Marvel Entertainment há bastante tempo, tendo sido adiada por limitações técnicas e problemas legais. Mas, no ano 2000, os executivos da empresa puderam enfim voltar suas atenções para o herói aracnídeo; o resultado foi uma “verdadeira sensação”! Com produção executiva de Avi Arad e Stan Lee, direção de Sam Raimi, Homem-Aranha estreou em maio de 2002, precedido por uma esmagadora campanha publicitária. No elenco, o razoável Tobey Maguire como protagonista, a esquisitinha Kirsten Dunst no papel Mary Jane e o intenso Willem Dafoe como Norman Osborn / Duende Verde (além de boas atuações nos papéis coadjuvantes de J. Jonah Jameson, Tio Ben e Tia May). Com efeitos visuais convincentes, uma ótima fantasia para o Aranha e interpretações que não comprometiam, o filme foi bem recebido, batendo recordes na estreia.

Algumas situações e cortes ecoam outras produções com super-heróis (como Superman – O Filme de 1978 e Batman – O Filme de 1989). Mas o primeiro longa do Aranha tem caráter próprio, o que se deve especificamente ao que ele pegou dos quadrinhos. A começar por elementos adaptados da primeira HQ escrita por Stan Lee, como a personalidade de Peter Parker, o desafio de luta livre, o acidente no laboratório e a participação indireta na morte do Tio Ben (que no filme é quem diz a versão mais corrente da frase célebre: “Com grande poder vem grande responsabilidade”). Dos quadrinhos clássicos, também saiu a amizade com Harry Osborn, a luta com o Duende Verde sobre uma ponte de Nova York (na qual se trocou Gewn Stacy por Mary Jane) e ainda a morte do vilão. Já da versão Ultimate de Bill Jemas e Brian Michael Bendis, o filme tomou emprestado a ideia de uma aranha geneticamente alterada, o fato de ser um animador de luta livre quem bola o nome para o herói, além de mais algumas cenas.

Mas o longa também trouxe suas contribuições originais, como a boa sequência com a descoberta dos poderes (que seria "citada" no segundo filme do herói e parodiada em outras produções). A alteração mais significativa da versão cinematográfica, em relação aos quadrinhos, é o fato de o Aranha de Sam Raimi produzir biologicamente sua teia, que sai de seus pulsos (estando ausentes, portanto, os atiradores de teia sintética das HQs). Embora o final seja excessivamente violento (para um filme que, na certa, seria assistido por crianças), Homem-Aranha foi um sucesso de bilheteria. Com isso, diretor e elenco ganharam a chance de fazer um trabalho ainda melhor numa continuação. Lançado em junho de 2004, Homem-Aranha 2 foi aguardado ansiosamente pelos fãs do herói e por todos que haviam assistido ao primeiro filme. E dando continuidade à história iniciada dois anos antes, a nova produção correspondeu às expectativas, superando em qualidade seu antecessor.

A história começa com Peter às voltas com as dificuldades de conciliar trabalho, estudo e a vida-dupla como super-herói. Sempre atrasado e correndo atrás de uns trocados, ele tem ainda que lidar com o ressentido amigo Harry (que culpa o Homem-Aranha pela morte de seu pai) e com seu próprio amor reprimido por Mary Jane (da qual se afastou por temer que algum vilão pudesse lhe fazer mal). Se não bastasse, seus poderes começam a falhar e sua amada aceita o pedido de casamento do filho de J. Jonah Jameson (este, aliás, continua sua campanha difamatória contra o Aranha). Para completar, um acidente de laboratório transforma o físico Otto Octavius no vilão Dr. Octopus (interpretado pelo ótimo ator Alfred Molina). Tantas complicações acabam sendo demais para nosso herói, que decide pendurar a máscara; mas isso até sua amada ser capturada pelo supervilão, agindo em acordo com Harry Osborn.

No final, o herói triunfa, vence o vilão, salva a cidade e fica com a mocinha. Já para os que foram ao cinema em 2004, ficou a sensação de um filme de ação que valeu a pena! Pois se continua a história e até se inspira no longa anterior, Homem-Aranha 2 também traz uma evolução, encontrando seu estilo e sua linguagem própria. Os acertos já começaram na escolha do Dr. Octopus para o vilão, o que acabou rendendo cenas interessantes com seus tentáculos e nas lutas contra o Aranha (embora às vezes os bonequinhos de computação gráfica estraguem a ilusão). Com mais espaço para os ótimos coadjuvantes Tia May (Rosemary Harris) e J. Jonah Jameson (J.K. Simmons), para o desenvolvimento de personagens e para sequências dinâmicas, a continuação superou em muito o primeiro filme. Com isso, criou-se uma grande expectativa para a terceira parte da “trilogia”; expectativa esta que, infelizmente, não foi correspondida.

Lançado em abril de 2007, Homem-Aranha 3 pecou pelo excesso. Vilões demais, tramas paralelas demais, autorreferências demais, draminhas demais (como se para superar o que foi feito antes bastasse empilhar mais e mais informações). A história começa de forma oposta ao filme anterior: o Aranha é agora um herói amado e aclamado pelos habitantes de Nova York, enquanto a carreira teatral de Mary Jane passa por uma péssima fase. A situação não melhora quando Gwen Stacy entra em cena, o vingativo Harry Osborn assume a identidade do novo Duende Verde e surge o Homem de Areia (que teria tido uma participação na morte do Tio Ben). Somos apresentados então ao lado sombrio de Peter e à versão cinematográfica do "uniforme negro", que irá assumir as características do vilão Venon. No final, o herói e seus oponentes se enfrentam numa luta, tendo (mais uma vez) a vida de Mary Jane por um fio.

Com orçamento multimilionário e bons efeitos visuais, a terceira aventura cinematográfica do Homem-Aranha tinha tudo para ser um ótimo filme de ação. Mas, dividido entre vilões saídos dos anos 60, 70 e 80, o longa se arrasta e dá voltas em torno de si mesmo, até um final sentimentalista. Mas Homem-Aranha 3 teve ótimo retorno financeiro, o que asseguraria a realização de um quarto (e até um quinto) filme da série, também dirigido por Sam Raimi e com o mesmo elenco principal. A produção chegou a ser iniciada, porém, diretor e estúdio entraram em desacordo e o filme acabou sendo cancelado. Com o anúncio do encerramento da série de Raimi, o Marvel Studios deu partida numa nova sequência de aventuras cinematográficas do Aranha, com um novo diretor e um novo elenco. Informações dão conta de que o novo filme, agendado para 2012, terá como base a revista Ultimate Spider-Man. É aguardar para ver...

25/08/2010

Homem-Aranha: o super-herói mais popular dos quadrinhos (II).


Entre o final dos anos 70 e o início dos 80, a qualidade e relevância das revistas tinham diminuído, mas a popularidade do Homem-Aranha só crescia internacionalmente. Ganhando um filme e um seriado para tevê e, mais tarde, novas séries de animação, o herói tornou-se de vez o “garoto-propaganda” da Marvel (talvez apenas rivalizado pelo Hulk, que em 1978 também ganhou um seriado). Incrivelmente popular entre as crianças, o Homem-Aranha deu origem a uma infinidade de produtos, que iam de superalmanaques e álbuns de figurinha, a diferentes bonecos e fantasias (a minha roupa de super-herói, porém, era do Batman). Não faltavam ainda paródias em programas como Os Trapalhões, ou a versão satírica do tema de abertura do desenho, em que cantávamos no lugar da letra original: “Homem-Aranha, Homem-Aranha... nunca bate, só apanha...” (na época, tudo era mais simples, mas nós nos divertíamos!).

Nos quadrinhos, em 1984, o herói ganhou uma de suas mais tocantes histórias: “O garoto que colecionava o Homem-Aranha”, produzida por Roger Stern e Ron Frenz. Contudo, tendo perdido espaço para outros personagens (em particular para o mais violento Wolverine), pela primeira vez o Aranha teve que correr atrás da popularidade. Com uma participação central na minissérie Guerras Secretas, ele ganhou um visual mais moderno e menos simpático: o “uniforme negro”. Como efeito colateral, em 1988, surgiria o vilão Venon, que estreou pelo traço de Todd McFarlane (que fizera sucesso na revista do Hulk). Com seu estilo arrojado de desenhar o herói e sua teia, o desenhista conquistou os leitores, revitalizando a revista The Amazing Spider-Man. Transformado num astro dos quadrinhos, em 1990 McFarlane ganhou a série Spider-Man, para a qual escreveria e desenharia as HQs e com a qual bateria recordes de vendas.

No meio do caminho, houve o ridículo casamento de Peter com Mary Jane; mais adiante, lançaram a estúpida “Saga do Clone”, que deu início ao ponto mais baixo da trajetória do herói. Aí, eles ressuscitaram o Duende Verde original. Então, eles mataram a Tia May e também mataram a Mary Jane. Mas, no fim, tudo se revelou uma enganação e tanto uma quanto a outra apareceram sãs e salvas. Essas trapalhadas editoriais e autorias minaram o importante pacto ficcional entre personagem e leitores, fazendo o antes mais popular super-herói dos quadrinhos tornar-se uma figura sem rumo e totalmente desinteressante. Tanto que, ao longo dos anos 90, o que se viu de mais interessante com o personagem foi sua versão futurista, criada por Peter David e Rick Leonard, para a linha alternativa Marvel 2099. Em 1998, houve uma malfadada tentativa de recomeço, com a fraca Homem-Aranha: Capítulo Um de John Byrne.

Desacreditado e tendo perdido grande parte de seus leitores, o Aranha precisava desesperadoramente de uma renovação. E essa veio no ano 2000, com o lançamento da revista Ultimate Spider-Man (que deu início à linha alternativa com versões atualizadas dos heróis Marvel). Idealizada pelo então chefão da editora, Bill Jemas, roteirizada por Brian Michael Bendis e desenhada por Mark Bagley, a nova série partiu de elementos das histórias originais do Homem-Aranha, recriando o personagem para o público e a realidade do século que se iniciava. Deixando de lado décadas de “cronologia” e não tendo que lidar com os equívocos dos anos 90, a nova série partiu da história que lançou o personagem em 1962, alterando alguns elementos, expandindo e incorporando outros. Com isso, a “história de origem” básica, que os primeiros leitores do Aranha tinham lido numa HQ de onze páginas, foi recriada em sete edições.

Sem a narração grandiloquente de Stan Lee ou o estilo peculiar de Steve Ditko, a origem Ultimate do Homem-Aranha chegou como um quadrinho moderno convencional (explorando a narrativa visual e alguns efeitos de colorização digital). Diferenças de estilo à parte, a mudança mais significativa entre uma versão e outra está no acidente que deu poderes a Peter: sai a aranha radioativa e entra uma aranha geneticamente alterada; sai o ambiente universitário e entra o laboratório das empresas Osborn (o que liga a origem do Aranha àquele que será seu principal inimigo, o Duende Verde). Além do protagonista e de seu antagonista, a edição de estreia também traz as versões Ultimate de Tio Ben e da Tia May, de Mary Jane e de Harry Osborn. O resultado foi um sucesso comercial que durou mais de cento e trinta edições e deu origem a diversas coletâneas, motivando também a Marvel a expandir a linha Ultimate.

O Homem-Aranha Ultimate foi a mais bem-sucedida versão em quadrinhos do personagem nos últimos dez anos, chegando a influenciar o filme Homem-Aranha de 2002 (do qual falarei na próxima postagem). Enquanto ela experimentava uma longa regularidade criativa e comercial, a versão tradicional do personagem contou com os bons desenhos de John Romita Jr., mas atolava em tramas absurdas, como “Um dia a mais” que apagou anos de HQs como se elas simplesmente não tivessem existido (não é à toa que essa história causou a fúria de muitos leitores!). Atualmente, o Homem-Aranha faz parte do grupo Vingadores, ao lado de Wolverine, Capitão América, Thor e Homem de Ferro, todos personagens que já ganharam ou ganharão versões cinematográficas nos próximos anos (uma prova de que cada vez mais os quadrinhos da Marvel são vistos como uma ponte para ou uma extensão das produções cinematográficas).

(CONTINUA)

20/08/2010

Homem-Aranha: o super-herói mais popular dos quadrinhos (I).


Foi na revista Amazing Fantasy n°15, de meados de 1962, que surgiu um dos super-heróis mais populares da história dos quadrinhos: o Homem-Aranha. Com roteiro de Stan Lee e desenhos de Steve Ditko (além de uma controversa participação inicial de Jack Kirby), a HQ de estreia do “Cabeça-de-Teia” teve apenas onze páginas. Mas elas foram o bastante! Ali, somos apresentados a Peter Parker, um adolescente tímido e franzino, sempre alvo da perseguição de seus colegas, mas também dos cuidados de seus tios Ben e May. Um dia, ao presenciar uma demonstração num laboratório, ele é picado por uma aranha radioativa. Para seu espanto, Peter descobre que adquiriu habilidades e força proporcional à de um aracnídeo. E o que ele faz então? Veste uma fantasia para combater o crime? Não! Ele decide usar seus poderes em algo nada heroico: conquistar fama e dinheiro, começando por num desafio de luta livre.

Depois, já vestindo a fantasia de Homem-Aranha e munido dos atiradores de teia sintética que havia desenvolvido, o jovem faz uma exibição de poderes na tevê. Ao final, ele é cercado por repórteres com pedidos de entrevistas e até por um produtor de cinema com a proposta para participar de filmes. Pouco depois, é um policial que lhe pede ajuda para parar um ladrão em fuga. O sucesso, porém, havia lhe subido à cabeça, e ele nada faz. Mas essa escolha individualista terá seu preço: numa ironia do destino (digna de heróis clássicos), aquele mesmo ladrão que ele deixara escapar irá assassinar seu querido Tio Ben. Após prender o assassino de seu tio e descobrir a terrível verdade, Peter fica arrasado pela culpa, terminando sua primeira HQ com lágrimas nos olhos. No último quadro, vemos sua figura pequenina, sob a sentença que se tornaria célebre: “com grande poder também deve vir grande responsabilidade!”.

Verdadeiramente profética seria a frase seguinte, que fecha a HQ: “E assim nasce uma lenda e um novo nome é adicionado à lista daqueles que fazem o mundo da fantasia o mais emocionante de todos!”. O fato é que, contrariando as expectativas de seu editor, aquele novo herói de poderes aracnídeos tornou-se um sucesso imediato. Mais “humano” que outros super-heróis, falível e limitado como todos nós, o Homem-Aranha foi desde o início um personagem muito popular. Um de seus grandes trunfos, na certa, estava em sua peculiar fantasia que escondia a identidade de Peter Parker, mas poderia também esconder as feições de qualquer um de seus leitores (em grande parte adolescentes, como o personagem). O sucesso da história de estreia do Aranha levou a Marvel Comics a lançar, no início de 1963, a revista-solo The Amazing Spider-Man. Com ela, o herói alcançaria o Olimpo dos quadrinhos norte-americanos!

Na nova revista, edição após edição, surgia uma variada galeria de vilões (que rivalizaria com a do Batman), na qual se destacam Dr. Octopus, Duende Verde, Homem de Areia, Abutre e Lagarto. Além de estranhos (e às vezes insanos) inimigos, o Homem-Aranha fez jus ao apelido de “Amigo da Vizinhança” prendendo bandidos comuns e praticando boas-ações. Em essência um cara de bom coração, embora muitas vezes incompreendido e sempre perseguido pelo editor do Clarim Diário, J. Jonah Jameson, ele ganhou a simpatia do público também por seus problemas. Falta de grana para pagar os estudos (ou comprar os ingredientes do “fluido de aranha”) e dramas pessoais fizeram dele um personagem mais crível, com o qual os leitores continuaram a se identificar na medida em que amadureciam. E com sua teia superresistente, que lhe permite capturar vilões e balançar pelos prédios, o herói conquistou também as crianças.

Não demorou para o Homem-Aranha se tornar o campeão de vendas da Marvel e um verdadeiro ícone cultural, o que seria amplificado em 1967, com o lançamento de sua primeira série de animação. Enquanto isso, nos quadrinhos, começava uma das fases mais aclamadas do personagem, com histórias desenhadas por John Romita e uma crescente dramaticidade nos roteiros. Já então um estudante universitário, Peter terá como melhor amigo o problemático Harry Osborn, filho de Norman Osborn, o Duende Verde. A conquista da namorada, Gwen Stacy, e a venda de fotos do Aranha para o Clarim Diário trarão algum alívio, mas a vida nunca foi moleza para ele. Refletindo a cultura de seu tempo e amadurecendo junto com seu público, a única coisa segura para nosso herói era o sucesso comercial (que lhe rendeu novos títulos mensais, edições especiais e participações em revistas de outros personagens).

O que para muitos é a melhor fase do Homem-Aranha culminou em 1973, numa história em duas partes escrita por Gerry Conway e desenhada por Gil Kane. Nela, o Duende Verde causa a morte de Gwen Stacy, sendo depois morto por seu próprio foguete alado, ao tentar atingir o herói pelas costas. Assim, abalados pela dramática morte da namorada do Aranha, os leitores tiveram na morte do vilão uma catarse raras vezes alcançada nas HQs de super-heróis (afinal, aquele era um tempo em que os personagens eram vistos como portadores de uma vida ficcional quase real, e não apenas como “franquias”). Os acontecimentos daquelas edições abririam uma nova fase para o herói, em que a personagem Mary Jane Watson torna-se proeminente e quando seu vingativo amigo Harry Osborn assume a identidade do Duende Verde (nada, porém, com a dramaticidade e a relevância alcançadas pelas HQs de 1973).

(CONTINUA)

18/08/2010

Onde estará Brás Cubas?


Algumas pessoas têm me perguntado sobre quando será o lançamento da adaptação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, que produzi em parceria com o desenhista e amigo J.B. Melado. Segundo informações iniciais da Desiderata (selo da editora Agir do grupo Ediouro), nosso álbum com a obra-prima de Machado de Assis ficaria pronto no final de julho e seria lançado agora em agosto, na Bienal do Livro de São Paulo.

Não tive a confirmação dessa informação, mas, para minha surpresa, no final de semana o Blog dos Quadrinhos noticiou que o livro está em exposição num estande da Bienal (como se vê na foto que ilustra esta postagem, feita pelo jornalista Paulo Ramos). Além disso, numa rápida busca por livrarias virtuais, descobri que nossa HQ já está disponível para venda.

Assim, embora não tenha ainda visto o livro pronto, posso responder à pergunta que dá título a esta postagem: caros leitores e leitoras, nosso Brás Cubas enfim saiu do limbo!

(Para quem quiser saber um pouco mais sobre o processo de produção dessa HQ machadiana, basta clicar no marcador abaixo.)

15/08/2010

O lançamento do MSP + 50!


Interrompemos nossa sequência de postagens sobre os quadrinhos da Marvel para um importante comunicado...

Na Bienal do Livro de São Paulo, aconteceu o lançamento do álbum MSP + 50. O livro segue a linha do MSP 50 e traz HQs com os personagens de Mauricio de Sousa, escritas e desenhadas por diferentes autores de quadrinhos.

A edição deste ano inclui a história de cinco páginas “O Nosso Lar”, produzida por mim em parceria com o desenhista Will. Para marcar o lançamento do álbum, Will nos brindou com uma bela ilustração comemorativa, publicada originalmente em seu blog.

Não deixem de conferir o álbum que promete ser tão ou mais bacana que o primeiro!

12/08/2010

Para os fãs dos X-Men.


Como falei numa postagem anterior, embora tivesse revistas em quadrinhos desde criança, foi em janeiro de 1987 que comecei a ler e colecionar HQs. A revista que deu início à minha coleção foi a Heróis da TV n°91, na qual fui capturado por uma página com uma reunião de heróis desenhada por John Byrne. Não demorou para eu começar a colecionar todas as revistas da Marvel e pouco depois as da DC Comics também (na época, as revistas eram relativamente muito mais baratas do que hoje, e seria viável colecionar todas as edições mensais da Abril apenas com o dinheiro de uma modesta mesada). A primeira edição de Superaventuras Marvel que comprei foi a n°57, de março daquele ano. E com ela veio a primeira história dos X-Men que eu li.

Apesar de a edição trazer na capa o personagem Mestre do Kung Fu, além de uma HQ e um texto sobre o herói Demolidor, o que chamou minha atenção foi a história dos X-Men (que então pronunciávamos “xis-mem”). Nela, os heróis mutantes enfrentavam um grupo de vilões vestindo roupas de época, que atendiam pelo nome de Clube do Inferno. Além da importante participação de Tempestade e Rainha Branca, tinha destaque um certo herói baixinho e de garras afiadas, que eu então ainda não conhecia (por incrível que pareça, há não muito tempo atrás, era possível que um adolescente jamais tivesse ouvido falar do Wolverine ou mesmo dos X-Men...). As revistas seguintes trouxeram histórias menos interessantes para mim, mas isso logo mudaria.

Enquanto eu acompanhava a marcante minissérie Wolverine, de Chris Claremont e Frank Miller, nas páginas da Superaventuras Marvel começavam a ser publicadas as HQs ligadas à “Saga da Ninhada”. Embora os desenhos de Dave Cockrum não fossem dos meus preferidos, a temática futurista e a ambientação espacial dos roteiros de Claremont me agradavam em cheio. E se eu já me tornava um fã dos X-Men, fui conquistado de vez quando as revistas passaram a ser desenhadas pelo excelente Paul Smith, com sua primeira aventura dos heróis mutantes publicada na Superaventuras Marvel n°70. A edição seguinte, inteiramente dedicada aos X-Men e desenhada por Smith, foi uma das melhores daquela célebre revista e é, na certa, minha preferida.

Nos anos seguintes, acompanhei a minissérie e a revista própria dos X-Men, lançadas pela editora Abril. Em 1990, passei a acompanhar também as edições originais da Uncanny X-Men, então desenhadas por Marc Silvestri. No entanto, a queda na qualidade dos roteiros e a superexploração das “super-sagas” levou à minha progressiva perda de interesse por aqueles personagens. O visual interessante ainda me fez comprar as revistas desenhadas por Jim Lee, Whilce Portacio e John Romita Jr., além de algumas edições desenhadas por Joe Madureira. Mas, naqueles meados dos anos 90, meu interesse estava mais voltado para séries como Swamp Thing ou The Sandman e também para os quadrinhos de autores como Moebius, Hugo Pratt e Flavio Colin.

Só recentemente voltei a ler revistas dos heróis mutantes da Marvel, com o intuito de escrever resenhas aqui para o Mais Quadrinhos. Assim, somando textos que eu havia escrito para jornais ainda nos anos 90 e esses novos textos que passei a escrever, o resultado é um razoável arquivo de informações, que traça boa parte da trajetória dos X-Men. Então, para os fãs dos X-Men que acompanham este blog, preparei uma relação dos principais textos sobre os heróis mutantes, numa ordem cronológica das edições abordadas:

A história dos X-Men (1963-1976).
A história dos X-Men (1977-1982).
A história que definiu o futuro dos X-Men.
A marcante minissérie do Wolverine.
A história dos X-Men (1983-1986).
A história dos X-Men (1987-1992).
A verdadeira origem e história do Wolverine.
O melhor dos X-Men no cinema.
Os Novos X-Men de Grant Morrison (2001-2002).
Os Novos X-Men de Grant Morrison (2002-2003).
Os Novos X-Men de Grant Morrison (2003-2004).
Os Novos X-Men de Grant Morrison (2004).
Os X-Men por Joss Whedon e John Cassaday (I).
O pior dos X-Men e do Wolverine no cinema.
Os X-Men por Joss Whedon e John Cassaday (II).
Um novo começo para os X-Men?
O primeiro “arco” dos X-Men de Warren Ellis.
Um novo “crossover” mutante da Marvel.

Fica então o convite, para aqueles que ainda não conhecem os textos ou queiram relê-los numa forma ordenada.

09/08/2010

Os X-Men por Joss Whedon e John Cassaday (II).


Começando em tom nostálgico, mas também trazendo situações novas (que acabariam no filme X-Men – O Confronto Final), a revista dos heróis mutantes produzida por Joss Whedon e John Cassaday logo conquistou a predileção dos fãs. As coisas melhoram no segundo conjunto de histórias, que coloca em cena uma entidade de inteligência artificial, revelando ao final um complô envolvendo Emma Frost. E é exatamente com essa trama, que liga a antiga Rainha Branca ao Clube do Inferno e à terrível Cassandra Nova, que Astonishing X-Men n°13 se inicia.

Considerando o histórico e os poderes dos vilões envolvidos, jogos mentais e situações ilusórias não poderiam deixar de fazer parte do pacote. Com isso, a trama principal segue uma linha mais psíquica, concentrando-se na personalidade e conflitos pessoais do líder dos X-Men, Ciclope. E enquanto a história prossegue, os pontos mais memoráveis dessas HQs ficam por conta de uma “aula” sobre combate que tem (o não muito pedagógico) Wolverine como professor, e o aguardado encontro a dois de Kitty Pryde e Colossus (cujo “clímax” leva a um momento inusitado e engraçado).

Explorando bem a relação entre os personagens e pontuando o drama com doses de humor, o terceiro conjunto de histórias da Astonishing X-Men chega à metade com os X-Men (de novo) prestes a serem destruídos. E com integrantes mais poderosos e agressivos neutralizados, é Kitty Pryde quem assume o centro da ação. Ao final, porém, tudo se resume a um grande jogo mental, que deixa uma sensação de que não apenas os personagens foram ludibriados. Além disso, essa utilização de um recurso ficcional batido se soma a uma condução às vezes truncada, levando a uma conclusão abrupta.

Na verdade, o que acaba tendo mais relevância ali é a história paralela que vinha sendo narrada, com a qual as tramas iniciais (envolvendo o alienígena Ord e a entidade tecnológica Perigo) se intercalam, abrindo caminho para o que será o conjunto final de histórias de Whedon & Cassaday. Neste último ato, os X-Men são levados por Abigail Brand a Breakworld, um mundo alienígena onde a violência e a destruição dos inimigos são as leis principais. Lá, um antigo oráculo teria profetizado que o planeta seria destruído por um dos X-Men, o que acaba colocando em risco a existência do planeta Terra.

Com alguns momentos tranquilos (como as cenas de amor de Kitty Pryde e Colossus) e muitas sequências de luta (com destaque para Wolverine e Armadura), a história caminha para o fim, culminando no disparo de uma bala gigante contra a Terra. Embora a trama se embole um pouco no meio do caminho, os leitores recebem sua dose de ação e emoção. Então, não bastando as revistas que completam o quarto conjunto de seis histórias, Astonishing X-Men ganhou uma edição final dupla, com a participação de outros heróis, como Quarteto Fantástico, Dr. Estranho e Homem de Ferro.

Giant-Size Astonishing X-Men n°1 encerrou um trabalho que já somava vinte e quatro edições e se iniciara quatro anos antes. E embora comece numa página dupla com o Homem-Aranha e traga outros figurões da Marvel, a HQ enfoca dois personagens que provavelmente não figurariam numa lista de possíveis salvadores do mundo. O primeiro é Colossus, que protagoniza a única luta realmente relevante nessa revista e que, ao final, salva o Breakworld da destruição. A outra é Kitty Pryde, verdadeira protagonista dessa fase da revista, que no último instante sacrifica-se para salvar a Terra.

Desde sua primeira edição à frente da Astonishing X-Men, Joss Whedon “jogou para a torcida”. Privilegiando a nostalgia e resgatando elementos que haviam feito o sucesso dos X-Men no início dos anos 80, o roteirista soube explorar a personalidade e as interações dos personagens. Sem desconsiderar as contribuições trazidas pela New X-Men, seus roteiros seguiram mais a linha do entretenimento, com ação e ambientes de ficção científica. Algo que deveria ter sido evitado é a monotonia narrativa, causada às vezes por um excesso de páginas divididas em quadros horizontais de mesmo tamanho.

Quanto ao visual, pode-se dizer que muitos elementos das histórias não teriam funcionado ou não seriam tão efetivos se não fosse o ótimo trabalho de John Cassaday e da colorista Laura Martin (sua parceira também em Planetary). Apresentando grande regularidade ao longo da série, suas páginas privilegiam a ambientação e a caracterização, somando um traço fino e detalhado a uma colorização luminosa e repleta de efeitos gráficos. O resultado é um visual belo e dinâmico, não raras vezes impressionante e sempre capaz de imergir o leitor na sequência de imagens, promovendo a ilusão de realidade das histórias.

Embora tenha levado quatro anos para ser concluída, a história contada por Whedon e Cassaday se passa ao longo de poucas semanas. Com histórias concatenadas e tramas interligadas, as vinte cinco edições dessa fase privilegiam, assim, uma leitura em conjunto. Aclamada entre os leitores, a série ajudou a firmar a popularidade dos heróis mutantes, conquistada com os filmes lançados em 2000 e 2003. Um dos melhores exemplos da inteligente estratégia que levou a Marvel ao topo do mercado de revistas nos Estados Unidos, a fase de Joss Whedon e John Cassaday na Astonishing X-Men foi e continua sendo um grande sucesso comercial.

Após publicar os dois volumes com as doze edições iniciais, a Marvel lançou as coletâneas Torn e Unstoppable, também reunidas num volume estendido em capa-dura (embora os leitores brasileiros ainda aguardem o lançamento de Os Surpreendentes X-Men Volume 2). Em 2009, essa aclamada fase da Astonishing X-Men ganhou uma omnibus edition de 670 páginas. A Marvel lançou ainda uma versão montion comics de Gifted, que ganhará em breve uma edição de luxo, no DVD de estreia do selo Marvel Knights. Provas sucessivas de que os quadrinhos ainda são um ótimo negócio!

06/08/2010

Os X-Men por Joss Whedon e John Cassaday (I).


Uma característica dos quadrinhos de super-heróis é a identificação dos leitores com determinado personagem (há aqueles que são fãs do Super-Homem ou do Homem-Aranha, outros do Batman ou do Hulk). Além disso, muitas vezes os leitores elegem suas fases favoritas, nas quais determinada equipe de autores ficou a cargo de uma revista. Um bom exemplo disso foi a fase em que a revista The Uncanny X-Men foi produzida por Chris Claremont e John Byrne. Por sua qualidade e importância, muitos consideram este período, entre 1977 e 1981, como o melhor dos heróis mutantes da Marvel.

Mais recentemente, outra fase dos “filhos do átomo” recebeu uma atenção especial dos leitores. Escrita por Joss Whedon (o criador do seriado Buffy, a caça-vampiros) e desenhada por John Cassaday (desenhista da série Planetary), a revista Astonishing X-Men foi lançada no primeiro semestre de 2004. E bem antes de a primeira edição chegar às lojas, os nomes dos autores envolvidos já causavam expectativa entre os fãs dos heróis mutantes. O que se viu, nas vinte e quatro edições e na revista dupla que fechou esse trabalho, correspondeu e até superou as expectativas dos leitores.

Pegando o fio da história de onde Grant Morrison havia deixado em New X-Men, a nova série começou com os heróis lidando com os desdobramentos do afastamento do Professor X e da morte de Jean Grey. Com Ciclope no comando do grupo e Emma Frost na coordenação da escola, um clima não muito amistoso predomina. Mas também há uma boa dose de nostalgia com o retorno da popular Kitty Pryde e de seu dragão Lockheed, além de algum estranhamento com o surgimento do vilão alienígena Ord. Para complicar um pouco mais as coisas, é anunciada uma “cura” para a condição mutante.

Filas de mutantes à frente do laboratório que desenvolveu a vacina genética (que foram parar mais tarde no filme X-Men – O Confronto Final), brigas entre os X-Men e dúvidas por parte do Fera dão a tônica dos primeiros capítulos da história. O herói Colossus, outro personagem popular entre os antigos leitores, ressurge dos mortos, enquanto as personagens Armadura e Abigail Brand fazem sua estreia. Em meio ao tumulto, a intervenção da S.W.O.R.D. desvenda a trama interplanetária envolvendo o alienígena Ord, enquanto a atuação dos X-Men neutraliza a ameaça, encerrando a sequência inicial de HQs.

As seis primeiras edições de Astonishing X-Men têm como característica principal o retorno de personagens e a volta a elementos tradicionais desses heróis (incluindo o “lançamento especial” em que Colossus arremessa Wolverine, e até imagens tiradas de antigas HQs). O próximo conjunto de histórias começa de forma incomum, com o supergrupo enfrentando um lagarto gigante. A ação faz parte do esforço de Ciclope para que sua equipe seja mais bem vista pelo público em geral, o que inclui o uso de uniformes com um pouco mais de cor (deixando para trás a fase do couro preto da série New X-Men).

Claro que a intromissão dos X-Men num “nicho de mercado” alheio não passa despercebida, e o Quarteto Fantástico logo aparece para marcar presença. Não demora para que os dois grupos de heróis unam forças e, já que “a união faz a força”, um simples monstrengo verde não é páreo para eles. Quando a poeira abaixa, comentários sarcásticos sobre os canadenses e, mais tarde, sobre Paris Hilton dão um gostinho extra à leitura. Mas, como não existe tranquilidade para os heróis mutantes, logo a Mansão X é atacada por um robô sentinela a mando de uma entidade tecnológica chamada Perigo.

É a partir da oitava edição que as coisas realmente “esquentam” em Astonishing X-Men; os capítulos que se seguem são pura luta entre os heróis e a inimiga de inteligência artificial. As boas sequências de combate são acompanhadas de uma pertinente narração em texto, e a resolução do conflito inclui o Professor X e uma discussão sobre a relação criador x criatura (que lembra bastante o que se vê no excelente Blade Runner). O encerramento deste segundo conjunto de HQs revela ocultos nas sombras os integrantes de um novo Clube do Inferno, que vêm arquitetando um ataque, através de Emma Frost.

Reeditadas nos Estados Unidos nas coletâneas Gifted e Dangerous, em seguida numa edição estendida em capa-dura, as doze primeiras edições de Astonishing X-Men foram publicadas no Brasil nas páginas de X-Men Extra e depois reunidas pela Panini na coletânea em capa cartonada Os Surpreendentes X-Men Volume 1. O conjunto de edições, que vinha se tornando cada vez mais interessante e empolgante a cada número, não se encerra ao final de Astonishing X-Men n°12, ficando em aberto o misterioso complô que será o tema central na sequência de HQs seguinte.

(CONTINUA)

04/08/2010

Chega às bancas a nova Ultimate Marvel da Panini.


Enquanto aguardava a estreia de X-Men – O Filme e em meio à pré-produção de Homem-Aranha, a Marvel preparou-se para lançar a linha Ultimate, com versões atualizadas de seus personagens. Não pertencendo à “cronologia” tradicional da editora, Ultimate Spider-Man (2000) e Ultimate X-Men (2001) não dependiam de conhecimentos prévios para serem lidas, privilegiando o público jovem e os novos leitores que chegariam aos quadrinhos através das produções cinematográficas. O resultado foi um grande sucesso comercial que motivou a editora a investir em versões alternativas de seus heróis tradicionais. Assim vieram The Ultimates (2002) e Ultimate Fantastic Four (2004), além de outras series limitadas, como Ultimate Iron Man (2005) e Ultimate Human (2008).

A qualidade média superior da linha alternativa, em comparação às revistas do “Universo Marvel” tradicional, garantiu sua publicação por uma década. No final de 2008, porém, os editores decidiram que chegara a hora de um novo começo. Para revitalizar o “Universo Ultimate”, a Marvel decidiu realizar um grande evento que atingiu os principais títulos, mudando trajetórias e (ao menos aparentemente) matando alguns de seus principais heróis. Assim foi Ultimatum, que a Panini publicou neste primeiro semestre. Como resultado prático, o que foi intitulado equivocadamente no Brasil como “Marvel Millennium” passa a ter o nome mais adequado de Ultimate Marvel, com uma nova revista mensal.

Trazendo o primeiro capítulo de Ultimate Comics: Spider-Man, Armor Wars e Avengers, a nova revista conta com o trabalho de três dos mais renomados roteiristas dos quadrinhos de super-heróis na atualidade: Brian Michael Bendis, Warren Ellis e Mark Millar. Quanto ao visual, as HQs variam em estilo, mas seguem a linha comercial predominante, com colorização por computador que cria uma ambientação “cinematográfica”. O resultado geral deve agradar aos fãs da linha Ultimate e dos quadrinhos Marvel em geral, embora fique devendo em termos de história, se considerarmos os roteiristas envolvidos.

Ultimate Homem-Aranha começa seis meses após os catastróficos eventos de Ultimatum. Com sua heróica atuação durante a devastação de Nova York, Peter Parker experimenta um incomum prestígio social. Mas, tentando conciliar a carreira de combate do crime com as obrigações de estudante e um emprego numa rede de fast food, o Homem-Aranha terá ainda que lidar com novos e misteriosos vilões e anti-heróis. Sendo uma introdução à trama que Bendis pretende contar, essa primeira HQ se destaca mais pelo bom visual cartunizado, produzido por David Lafuente e Justin Ponsor.

Ultimate: Guerra das Armaduras traz um traço mais acadêmico e também de pior qualidade. Mas, apesar de limitado, o trabalho de Steve Kurth, Jeffrey Huet e Guru eFX acaba servindo para o roteiro de Ellis, no qual basicamente vemos escombros, cadáveres e lugares abandonados. A HQ se passa pouco após o maremoto que varreu Nova York, e mostra o Homem de Ferro numa tentativa de reaver um de seus importantes inventos. Entram em cena então uma bela ladra com superpoderes e um misterioso ladrão vestindo uma armadura ultratecnológica, que parece ter sido inspirada na do herói.

Fechando a edição, Ultimate Vingadores traz um visual mais realista, produzido por Carlos Pachaco, Danny Miki e Justin Ponsor. O clima “filme de ação” é reforçado pelo roteiro de Millar, que se resume a Capitão América e Gavião Arqueiro enfrentando um grupo de agentes da I.M.A. que acabam de roubar um invento do Sr. Fantástico (o que repete o tema dos roubos tecnológicos da HQ anterior). Entra em cena a versão Ultimate do vilão Caveira Vermelha, que traz uma surpreendente revelação para o Capitão América. Nick Fury é então reconvocado para formar outro grupo de heróis.

Para quem quiser conferir, Ultimate Marvel tem 76 páginas, sendo vendida ao preço de R$6,50. E para saber mais sobre quadrinhos da linha Ultimate da Marvel, basta clicar no marcador abaixo.

01/08/2010

Hulk enfrenta Thor e Wolverine em animações do Marvel Studios.


Estou numa “fase Marvel”. Durante muito tempo, dei preferência aos quadrinhos da DC (em especial da Vertigo e da Wildstorm), mas desde que reassisti ao primeiro filme do Homem de Ferro (para escrever a resenha para o Mais Quadrinhos), tive o interesse renovado pelas HQs da editora do Homem-Aranha. Como consequência direta, quem acompanha este blog tem visto textos sobre quadrinhos como Iron Man: Extremis ou The Ultimates (e em breve poderá ler a resenha da Astonishing X-Men de Joss Whedon e John Cassaday).

Por esses dias, passando por uma loja, vi num expositor o DVD Hulk Vs., que não conhecia ainda. Embora fosse meio desconfiado das animações produzidas pela Marvel (ainda mais após ter assistido a Os Supremos – O Filme e à sua continuação), as imagens na embalagem mostravam um estilo e uma qualidade bastante interessantes, trazendo o Hulk frente a frente com Thor e Wolverine. Eram dois filmes de animação, somando pouco mais de 80 minutos, por um preço bem razoável... Como estou passando pela tal “fase Marvel” e estava mais ou menos de férias, comprei o DVD. E não me arrependi!

Ao se iniciar o DVD, pode-se escolher por qual das animações começar. Escolhi "Hulk vs. Wolverine", o que foi uma boa opção. Antes de se ver qualquer imagem, ouve-se a frase já tradicional copiada da minissérie de Cris Claremont e Frank Miller: “Eu sou o melhor no que faço, mas o que faço não é muito agradável”. Após essa introdução, logo na primeira cena fica claro que não se trata de um desenho animado para crianças, já que vemos o herói com a boca escorrendo sangue e em seguida colocando um ombro deslocado de volta ao lugar (ao estilo de Mel Gibson nos filmes da série Máquina Mortífera).

Entram então os primeiros créditos, acompanhados de interessantes esquemas e diagramas que sugerem os processos que levaram à criação do Wolverine e do Hulk, concluindo com dois letreiros estilizados que formam o título da animação. Quem assistiu a Homem de Ferro deve se lembrar de algo semelhante nos créditos finais do filme. E a sequência imediata do desenho também faz lembrar a produção estrelada por Robert Downey Jr., pois vemos Logan sentado num helicóptero militar, tendo à sua frente um soldado que timidamente lhe faz uma pergunta.

O que se segue é uma animação comercial de qualidade, repleta de referências e personagens saídos dos quadrinhos. A base inicial é a própria HQ de estreia do herói mutante, na qual ele encarou o Hulk (e o monstro Wendigo) nas florestas do Canadá. Nos próximos 10 minutos do desenho, o “Golias Verde” mói Wolverine na pancada, mas também leva alguns rasgos e arranhões. O enfrentamento, porém, acaba interrompido pela intervenção de vilões ligados ao passado do herói mutante: Dentes de Sabre, Lady Letal e Ômega Vermelho, além do ambíguo Deadpool. Com a entrada em cena desses personagens mais moderninhos e ainda mais violentos, o desenho poderia ter se perdido.

Contudo, o que vem a seguir acaba sendo uma das partes mais interessantes dos 37 minutos de animação, com sequências em flashback inspiradas na excelente HQ Arma-X de Barry Windsor-Smith. É claro que o restante do desenho é violência, lâminas, sangue e mutilações. Pelo menos, o Hulk ainda ganha seus momentos de estrelato, concluindo sua participação numa cena pós-creditos (e por falar neles, o Marvel Studios aproveitou-os, de forma muito justa, para reproduzir as capas das principais revistas que inspiraram o desenho). Se o roteiro não é dos mais brilhantes, o visual estilizado, a qualidade técnica e a dinâmica de animação valem uma conferida no bom "Hulk vs. Wolverine".

Compartilhando o mesmo DVD, "Hulk vs. Thor" tem características bem distintas. Há violência também, mas nada tão sanguinolento quanto na outra animação. O próprio visual segue um estilo mais Disney, com meio-tons, sombreamentos e uma atmosfera luminosa. A história começa com uma narração em off numa entonação de “contos de fadas”, falando sobre a gloriosa Asgard e o poderoso Odin. Repletas de deuses nórdicos, gigantes do gelo, trolls e valquírias, as cenas iniciais do desenho têm um caráter mitológico e logo mostram um ataque que parece inspirado na trilogia O Senhor dos Anéis. Mas é claro que, tendo o Hulk por perto, o estilo mitológico dá lugar a uma abordagem mais “direta”.

Como de costume, quem está por trás da confusão é Loki, o invejoso meio-irmão de Thor, sempre em busca da destruição do deus do trovão. E como também acontece geralmente, os planos do deus das trapaças acabam não dando muito certo. O resultado é que um incontrolável Hulk passa a pôr em risco não apenas a existência de Thor, mas também a de Odin e da sagrada Asgard. Uma viagem aos domínios da deusa da morte será necessária para resgatar uma alma humana e trazer de volta a paz ao reino dos deuses nórdicos. Em seus 45 minutos, este outro desenho tem um roteiro um pouco mais elaborado que o do outro (embora não seja exatamente original), não se baseando em HQs específicas.

Mas já contei demais e não quero estragar a graça de quem anime a assistir esse DVD do Marvel Studios. Para mim, são os mais bem produzidos desenhos animados já feitos com os personagens da editora (que, enfim, conseguiu igualar a qualidade das animações de sua concorrente DC Comics). E cada vez mais são os quadrinhos de super-heróis integrados a outras mídias e servindo de base para a criação de novos produtos, enquanto se consolida um público que lerá as revistas e assistirá aos filmes e animações. Agora é torcer para que a qualidade se mantenha e esperar pelos próximos lançamentos, como a nova série de animação com os Vingadores, que estreia em breve nos Estados Unidos.