30/04/2010

Quais as melhores atuações / caracterizações em filmes de super-heróis?


Já propus algumas listas opinativas aqui no Mais Quadrinhos e elas sempre rendem vários comentários de vocês que acompanham o blog, o que é sempre muito legal! Então, aproveitando a estreia no Brasil de Homem de Ferro 2, bolei uma nova pergunta para saber a opinião de vocês. Convido a todos então para postarem um comentário com sua lista das atuações e/ou caracterizações preferidas em filmes de super-heróis. Vocês podem, é claro, aproveitar para comentar a minha lista ou a de outros leitores, especialmente se não concordarem com algo, pois um pouquinho de discussão é sempre divertido. Minha lista é a seguinte:

1. Patrick Stewart (X-Men – O Filme e X-Men 2): tendo uma aparência ideal para o papel, nos dois primeiros filmes dos heróis mutantes o ator inglês está perfeito como o Professor Charles Xavier. Para mim, sua atuação é a melhor versão do personagem, incluindo os quadrinhos.

2. Christopher Reeve (Superman – O Filme): se ficasse simplesmente parado, vestido na fantasia colorida do Super-Homem, o ator norte-americano já seria a melhor encarnação do personagem. Mas se sua caracterização do Homem de Aço é perfeita no clássico de 1978, sua atuação dupla como Kal-El e Clark Kent consegue a façanha de convencer que uma troca de roupa e uma mudança de postura seriam capazes de esconder a identidade secreta de um super-herói.

3. Heath Ledger (O Cavaleiro das Trevas): é quase unânime a opinião de que o ator australiano realizou a mais impressionante encarnação que o Coringa já teve, sendo o ponto alto do segundo filme do Homem Morcego dirigido por Christopher Nolan. Ele só não ocupa um lugar melhor em minha lista por ter mais reinventado do que propriamente encarnado o personagem dos quadrinhos.

4. Hugh Jackman (X-Men – O Filme e X-Men 2): embora não seja baixinho nem mal-encarado, o ator australiano ficou bem convincente como Wolverine nos dois primeiros filmes dos heróis mutantes. E se sua carreira deve muito a esse papel, grande parte do carisma dos dois filmes dirigidos por Bryan Singer se deve à sua presença.

5. Michelle Pfeiffer (Batman – O Retorno): eu já era fã desde O Feitiço de Áquila, e ao vê-la vestida naquela fantasia de Mulher-Gato... O segundo filme do Batman dirigido por Tim Burton é bem legal. Mas se não fosse, ele já valeria a pena pela vilã mais linda dos filmes de super-heróis e seu delicioso “miau”.

27/04/2010

Chega às livrarias uma ótima biografia em quadrinhos.


Embora predominem as produções mais comerciais, como as revistinhas infantis, as HQs de super-heróis e os mangás japoneses, é nas obras autorais que a arte dos quadrinhos mostra sua maior diversidade e qualidade. Publicadas na forma de álbuns ou livros, nas últimas décadas tiveram destaque obras que inauguraram ou estabeleceram novos gêneros, como no caso dos quadrinhos jornalísticos de Joe Sacco (Palestina, Área de Segurança Gorazde, etc.). Outra vertente ainda mais difundida é a das obras biográficas ou autobiográficas, como o importantíssimo Maus de Art Spiegelman e alguns dos trabalhos de Will Eisner (para ler resenhas sobre vários desses trabalhos, basta clicar no marcador abaixo). Chega agora ao mercado brasileiro, numa competente edição do selo Galera da editora Record, a biografia em quadrinhos de Kiki de Montparnasse, personagem marcante no circuito cultural da Paris dos anos 20 e 30.

Ganhador de importantes prêmios na Europa, Kiki de Montparnasse tem roteiro de José-Louis Bocquet e desenhos de Catel Muller. A edição soma mais de 300 páginas de quadrinhos, acompanhadas de uma cronologia da personagem e de biografias de importantes figuras presentes na história, além de uma bibliografia. Fica logo evidente, pelas seções de texto ao final e especialmente pela extensão da obra, que se trata de um trabalho que requereu dedicação e pesquisa. Ao mesmo tempo, o estilo cartunizado e a narrativa diversificada fazem da HQ uma leitura leve e envolvente. A história começa em 1901, no vilarejo francês de Châtillon-sur-Seine, com o nascimento de Kiki, ou melhor: de Alice Ernestine Prin (seu nome verdadeiro). Filha de uma tipógrafa com um homem casado, a menina cresceu sem a presença do pai. E quando sua mãe se muda para Paris, ela fica aos cuidados da avó e na companhia de vários primos órfãos.

Os autores aproveitam para estabelecer aí uma oposição entre a figura soturna do pai biológico de Alice e a presença carinhosa de seu padrinho, um contrabandista de bebidas apaixonado por sua mãe. Não muito interessada pela escola e preferindo furtar frutas dos quintais vizinhos, desde cedo a menina demonstrou uma inclinação por desafiar as normas e convenções. Assim, aos dez anos ela já tinha experimentado vinho (algo não muito incomum para crianças na época) e realizado sua primeira apresentação musical numa taverna do vilarejo. Contudo, desejando assegurar o futuro da filha, sua mãe lhe faz enviar a Paris, onde aos treze anos ela começa a trabalhar. Alice, porém, não permanece muito tempo nos empregos e, em 1916, um desentendimento com a mãe a leva a uma rotina de pobreza, fome, frio e troca de favores sexuais por dinheiro, cama ou comida. Mas isso é só o começo da história!

Com a chegada da década de 1920, novos ventos sopram na Europa e o clima de liberdade comportamental e experimentação artística terão em Alice, já apelidada como Kiki, uma de suas musas e personalidades femininas mais marcantes. Começam então a aparecer na história personagens como o pintor Amadeo Modigliani, o fotógrafo Man Ray, o dadaísta Tristan Tzara, o surrealista André Breton, o poeta Jean Cocteau e o gênio das artes Pablo Picasso. Modelo para pintores e fotógrafos, cantora e dançarina de cabaré, presença em filmes de arte, inspiração para diversas criações e até pintora, Kiki teve uma vida boêmia, passada em hotéis e pontuada de várias paixões e um grande amor. Contudo, após décadas de excessos, trocando a noite pelo dia, muito afeita ao álcool e viciada em cocaína, sua saúde começou a declinar. Assim, sua história de vida intensa chegou ao fim em 1953, num tom melancólico.

A obra de Bocquet e Catel apresenta a vida de Kiki sem julgamentos nem moralismos, com seus elementos de humor e de drama, seu brilho sedutor e sua dimensão autodestrutiva. Tratando-se de uma HQ para adultos, cenas de sexo e o uso de drogas dividem espaço com discussões estéticas e disputas artísticas. Apesar de dois ou três “pulos”, o roteiro inteligente trabalha bem o diálogo entre texto e imagem. Embora alguns quadros pudessem ser mais bem trabalhados, o desenho é expressivo e compõe um visual agradável. Usando uma narrativa que simula pinturas, fotografias, cartas e cenas de filmes, o álbum traduz um pouco da efervescência artística da época. Propondo-se a contar a história da “Rainha de Montparnasse”, roteirista e ilustradora debruçaram-se numa pesquisa bibliográfica e documental que originou uma ótima obra em quadrinhos, comprovando a adequação dessa linguagem artística ao gênero das biografias.

Num momento em que predominam no mercado as pirotecnias digitais e as tramas megalomaníacas, com inteligência e sensibilidade o premiado álbum de Bocquet e Catel nos mostra um outro caminho para a arte dos quadrinhos. Uma HQ recomendada para leitores e (especialmente) leitoras interessados em obras tematicamente adultas e visualmente poéticas, a edição brasileira de Kiki de Montparnasse tem 416 páginas no formato 17cm x 24cm, sendo vendida pelo preço de R$54,90. Vale muito conferir!

24/04/2010

Editoras olham para o passado em busca do sucesso.


No primeiro semestre de 1999, começaram a ser publicadas duas séries que apresentavam versões alternativas de heróis dos quadrinhos dos anos 30. Ao serem lançadas, Tom Strong de Alan Moore e Chris Sprouse e Planetary de Warren Ellis e John Cassaday deram uma ambientação contemporânea e uma abordagem metaficcional a personagens do tradicional gênero das HQs de aventura. Enquanto a série de Moore e Sprouse recriava heróis da Nedor Comics, a obra de Ellis e Cassaday trazia versões disfarçadas de personagens dos quadrinhos e da literatura pulp. Foi assim, por exemplo, que Doc Strange tornou-se Tom Strong e que Doc Savage serviu de modelo para o Doutor Axel Brass.

A qualidade das revistas e o sucesso entre os leitores garantiram que o visual bem-cuidado e a trama metaficcional de Tom Strong e Planetary influenciassem diversos trabalhos nos últimos anos. Mas mais que isso, essas séries chamaram a atenção das editoras para a extensa galeria de personagens clássicos disponíveis para serem relançados numa roupagem contemporânea. Assim, ao adquirir os direitos de publicação sobre as obras de Will Eisner, a DC Comics não apenas relançou as HQs originais do Spirit, mas também produziu uma nova série com o personagem, escrita e desenhada por Darwyn Cooke (mas vale lembrar que Moore já havia homenageado a obra de Eisner ao criar com Rick Veitch o detetive Grey Shirt para a Tomorrow Stories).

A onda do resgate de antigos heróis não parou por aí. Mais recentemente a Dynamite lançou Project Superpowers, série concebida por Alex Ross, que relança diversos personagens que estavam em domínio público (como os próprios heróis da Nedor Comics, anteriormente revividos nas páginas da Tom Strong). Com capas pintadas por Ross, a séria chega a seu segundo volume, trazendo para os dias de hoje heróis como Doc Strange, Black Terror e Fighting Yank (que podem ser vistos em sua versão original aqui). A Dynamite também lançou uma série com o Green Hornet (Besouro Verde no Brasil) escrita por Kevin Smith a partir do roteiro do filme que ele não realizou com esse herói mascarado (que pode ser visto em sua versão original aqui).

Em março, foi a vez de a DC Comics lançar seu “universo pulp” com a minissérie First Wave, escrita por Brian Azzarello e desenhada por Rags Morales. A HQ começa com uma perseguição num “território desconhecido” da (exótica e ameaçadora) América do Sul, prosseguindo num tom de mistério e com um tratamento visual que faz lembrar as ilustrações de capa das publicações pulp. Após a aparição de um robô retrô, entram em cena personagens mais conhecidos, como Doc Savage e The Spirit (no que vemos mais um passo para a incorporação do detetive de Central City ao “Universo DC”). Embora o Batman apareça na capa da revista, nas páginas internas ele não dá o ar de sua graça, sendo substituído por uma aparição dos Falcões Negros ao final.

Além da minissérie em seis partes, que lança as bases de seu “universo pulp”, a DC está publicando duas novas séries pertencentes à linha First Wave, uma para Doc Savage e outra para o Spirit. Mas, a julgar pelas prévias disponibilizadas pela editora, as duas revistas seguem uma linha bem mais comercial. Podemos também colocar em questão o quão rentável pode vir a ser essa estratégia para os padrões de uma grande editora, uma vez que se está adaptando um modelo que deve ter funcionado para os padrões de uma pequena editora como a Dynamite. De qualquer forma, olhar para o passado em busca de modelos editoriais ou personagens que fizeram sucesso é, quando trabalhada adequadamente (como no caso de Tom Strong e Planetary), uma estratégia que gera bons frutos.

22/04/2010

Uma nova onda nos quadrinhos de super-heróis (complemento).


No momento, o mais bem-sucedido autor na linha da violência hiperrealista e das situações polêmicas é Mark Millar, roteirista da série Kick-Ass (que está chegando às telas dos cinemas). Neste trabalho, ilustrado pelo talentoso John Romita Jr., vemos muita morte, tortura, ossos quebrados, sangue jorrando e o uso de drogas, tudo associado a um par de heróis mirins. Já no recém-lançado Nemesis, desenhado pelo também talentoso Steve McNiven, o roteirista escocês criou para o selo Icon da Marvel uma versão Coringa do Batman, ou vice-versa (o que rendeu uma reclamação da DC Comics em relação à imagem que ilustra esta postagem, que lembra o Coringa encarnado por Heath Ledger).

Em Kick-Ass e em Nemesis fica evidente a influência de mangás como Preto e Branco ou Akira. Mas há também uma indisfarçável sombra de Watchmen ou mesmo de V de Vingança (sendo Millar um autor britânico, torna-se ainda mais difícil escapar da “escola Moore” de roteiros). Mesmo assim, as HQs do roteirista escocês têm uma marca própria, devendo muito à ótima qualidade dos desenhos de Romita Jr. e McNiven. Ou seja: são histórias de crime, com bastante violência e ótimos desenhos. Para quem ficou interessado, o lançamento de Kick-Ass pode acompanhar a chegada do filme aos cinemas brasileiros, enquanto a publicação de Nemesis deve demorar algum tempo.

20/04/2010

Uma nova onda nos quadrinhos de super-heróis.


A partir dos anos 80, falou-se muito sobre HQs de super-heróis realistas. Mas falar em “realismo” nesse gênero de quadrinhos é praticamente uma contradição em termos. Afinal, algo que se chame de “realista” pressupõe que se tenha como parâmetro o que chamamos de “mundo real”. Portanto, não haveria em princípio nada muito realista numa obra que tem como protagonistas personagens que voam pelos céus, disparam raios de suas mãos ou se transformam em monstros superpoderosos. Neste sentido, o caráter extraordinário e fantasioso dos quadrinhos de super-heróis asseguraria que esse gênero não incluísse algo que pudéssemos chamar estritamente de “realista”.

Ainda assim, entre a segunda metade da década de 1970 e a primeira metade da década seguinte, começaram a surgir HQs de super-heróis que buscavam uma abordagem mais realista das situações envolvendo os personagens. O auge dessa tendência viria em meados dos anos 80, com a publicação de O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller e Watchmen de Alan Moore e Dave Gibbons. Nessas duas obras, o gênero super-heróis ganhou contextualização política e social, além de dimensão psicológica e histórica. Ao mesmo tempo, esses trabalhos se destacaram por inovar a linguagem dos quadrinhos de super-heróis, influenciando até a forma como eles passariam a ser comercializados nos Estudados Unidos (como minisséries de luxo e graphic novels).

Em entrevistas da época, ao ser perguntado se sua obra e a de Miller haviam salvo o gênero super-heróis, Moore respondeu que o que fizeram estaria mais para um “trabalho de assassinato”. O fato é que O Cavaleiro das Trevas e Watchmen foram obras tecnicamente inovadoras que se tornaram marcos na história dos quadrinhos, mas que também disseminaram uma concepção negativa e violenta dos super-heróis. Sucesso de público e crítica, essas HQs acabaram dando origem a várias cópias, que imitavam alguns elementos de sua narrativa revolucionária, mas que muitas vezes apenas mimetizavam os aspectos mais sombrios e sanguinolentos da abordagem de Miller e Moore.

Foi naquela época que Wolverine, por exemplo, foi assumindo um comportamento ainda mais violento e que o Justiceiro deixou de ser um antagonista do Homem Aranha para ganhar suas próprias séries. Mas talvez o produto mais marcante dessa fase tenha sido Spawn de Todd McFarlane. A série copiava os quadros em forma de tela de tevê e as massas de sombras características de O Cavaleiro das Trevas, além de depender muito das cenas de violência, embora não contasse com o sentido psicológico ou político visto em Watchmen. Assim, em muitos casos, o resultado da influência de Miller e Moore acabou sendo muito sangue e pouquíssima qualidade artística.

Nos últimos anos, tem surgido uma nova onda de HQs de super-heróis repletas de violência explícita (e também com algumas cenas de sexo quase explícito). Voltadas a “leitores maduros” e ambientadas numa realidade similar ao chamado “mundo real”, essas publicações não poupam em palavrões e parecem ter como um de seus objetivos centrais causar algum ultraje. Um melhor exemplo é a série The Boys, criada pelo polêmico Garth Ennis e editada em 2007 pelo selo Wildstorm da DC Comics até seu n°6, quando a editora cancelou sua publicação devido a seu conteúdo. A série então passou a ser publicada pela Dynamite e acaba de chegar ao Brasil numa coletânea pela Devir.

Pegando uma carona na linha After Watchmen e para promover o primeiro encadernado da série (The name of the game), a Dynamite relançou o n°1 da série, pelo preço de $1.00. Como não sou um fã do estilo excessivamente cínico e propositalmente polêmico de Garth Ennis, não comprei a coletânea original e nem pagarei R$39,50 pela edição da Devir. Mas, para saber do que se tratava, adquiri a edição promocional e posso dizer que Ennis correspondeu às expectativas! Ou seja: logo de saída vemos um super-herói tendo o crânio esmagado, um rapaz destroçando sua namorada contra um muro, um pouco de sexo depois, bastante cinismo e alguns palavrões.

Um autor, é claro, tem todo direito de escrever o que quiser e, se há justificativa, sexo e violência podem fazer parte de uma HQ de super-heróis (basta citar o fantástico Miracleman: Olympus, que traz as duas coisas de forma justificada e contextualizada). Para mim, o problema no trabalho de Ennis é a gratuidade com que o sexo e a violência aparecem. Como se causar polêmica e ultrajar aqueles que acham que revistas de super-heróis não devem trazer sexo e violência fosse a razão de ser de seu trabalho. Mas há, é claro, quem goste muito dos quadrinhos desse roteirista irlandês. E para estes leitores, The Boys: O nome do jogo pode ser a publicação que estavam esperando!

(CONTINUA)

18/04/2010

Editoras investem em revistas promocionais.


Nos dias de hoje, parece predominar a regra do “pra quê criar, quando se pode copiar” (a melhor prova disso é o filme Avatar, que alcançou a maior bilheteria da história do cinema copiando a história de outro filme e o visual de HQs e video games). A verdade é que, na indústria cultural como um todo, repetir ideias e formatos que fizeram sucesso, gerando padrões e modelos a serem seguidos, sempre foi um expediente dos mais praticados. Claro que o resultado imediato pode até compensar para quem copia, porém, a longo prazo acabamos mergulhando mais e mais em padrões e modelos reprisados (basta lembrarmos das séries de super-heróis e novelas da tevê).

Mas se a lógica da cópia tende a ser prejudicial no que diz respeito aos conteúdos culturais veiculados, em alguns casos ela pode até ter suas virtudes ao ser aplicada aos formatos de veiculação e às formas de distribuição. Um bom exemplo disso acaba de acontecer nos Estados Unidos, envolvendo as duas líderes do mercado, Marvel e DC Comics. Em 2009, pegando a onda publicitária em torno da adaptação cinematográfica de Zack Snyder, a DC lançou a linha de edições promocionais After Watchmen ...what’s next?. A campanha começou com uma revista promocional gratuita trazendo páginas descritivas de alguns de seus principais títulos voltados a “leitores maduros”.

Abrindo com a divulgação das três versões disponíveis da obra de Alan Moore e Dave Gibbons (capa cartonada, capa-dura e edição definitiva), a revista busca associar Watchmen a outras publicações. Seguem-se então as divulgações de V de Vingança, Monstro do Pântano, A Piada Mortal e Liga Extraordinária, escritas por Moore, mas também de HQs de outros autores, como Y: O último homem de Brian K. Vaughan, Planetary de Warren Ellis, Preacher de Garth Ennis e All-Star Superman de Grant Morrison. O trabalho de marketing da editora continuou então numa sequência de revistas com os primeiros capítulos dessas e de outras obras. E todas com o preço de capa de $1.00!

O grande trunfo está, é claro, não apenas na associação do prestígio de Watchmen àquelas obras, mas na disponibilização dos primeiros capítulos por um preço convidativo para novos leitores em potencial. (A linha promocional da DC continua neste ano, rebatizada apenas What’s next?, com os n°1 de Batman and Robin e Flash: Rebirth.) Outras editoras norte-americanas já publicaram edições de estreia por $1.00 (a Dynamite, por exemplo, no relançamento de The Boys de Garth Ennis); mas para realizar algo nos moldes da linha lançada pela DC, só mesmo os recursos e o acervo de sua maior concorrente, que lança agora a série Marvel’s Greatest Comics.

Uma produção milionária do cinema, neste caso o novo filme do Homem de Ferro, também deu o pontapé inicial para a nova linha de revistas promocionais. Distribuída gratuitamente em março, Invincible Iron Man n°1 traz o primeiro capítulo da HQ de Matt Fraction e Salvador Larroca. Claro que, com a proximidade da estreia de Homem de Ferro 2, era de se esperar que os esforços publicitários da editora se voltassem ao personagem. Mas a linha Marvel’s Greatest Comics também prestigia outros heróis da “Casa das Ideias”, oferecendo revistas a $1.00 com aventuras do Capitão América, Wolverine, Thor, Justiceiro, Hulk, Vingadores, Homem Aranha e X-Men, entre outros.

O fato de a Marvel ter imitado de forma tão evidente a iniciativa de sua principal rival é um sinal de que a linha de revistas promocionais da DC deve ter sido um enorme sucesso. Ao copiar o modelo de edição e distribuição de After Watchmen, a Marvel’s Greatest Comics serve, sobretudo, para divulgar os produtos da editora. Mas, ao fazer isso, a linha de revistas promocionais também beneficia o público que poderá ler quadrinhos por um preço muito acessível. E isso nos faz pensar (mesmo considerando as enormes diferenças entre o mercado norte-americano e o brasileiro): será que a Panini não poderia também copiar essa ideia, oferecendo no Brasil uma linha de revistas a R$2,00?

Num momento em que os preços das revistas sobem e as tiragens declinam, encontrar formas de conquistar leitores e manter seu público é uma questão vital para o mercado de quadrinhos. Pois se cada vez mais as HQs encontram lugar nas livrarias brasileiras, na forma de livros e álbuns, os preços das edições mais volumosas ou luxuosas (R$45,00 / R$60,00 / R$90,00 / R$150,00!) é bastante proibitivo para boa parte do público-alvo dessas mesmas edições. O que também nos faz pensar: nosso mercado comporta tantas publicações em capa-dura e preços exorbitantes? Ou seria melhor edições com boa qualidade gráfica, textos bem-cuidados e preços mais acessíveis?

15/04/2010

Uma “revolução”!?


Na última semana, muito se comentou sobre preços e formatos de revistas, em resposta à divulgação pela Panini do que vinha sendo chamado de “revolução editorial” (à qual a editora tem se referido oficialmente como “a mudança”). Muitos leitores foram pegos de surpresa ao constatarem que as transformações que prometiam mudar sua forma de consumir quadrinhos não passavam de um rearranjo editorial, com troca de títulos, diminuição de páginas em uns, acréscimo em outros (leitores mais experientes já viram algo similar nos tempos em que a Abril publicava os super-heróis Marvel e DC). No fim, não houve nada parecido com uma “revolução” e tudo não passou de “muito barulho por nada”. Ou quase nada...

Em seu comunicado oficial, a multinacional que domina atualmente o mercado de quadrinhos no Brasil afirma: “Tanto as revistas mensais da Marvel quanto as da DC Comics assumem uma nova estrutura, visando deixá-las mais baratas e acessíveis ao novo leitor, e também àqueles já veteranos no mundo dos comics”. O comunicado dá a entender que os leitores sairão ganhando com as mudanças, pois pagarão menos pelos quadrinhos que lerão. Mas isso é, na melhor das hipóteses, um sofisma. A razão é simples: a diminuição no número de páginas foi maior que a diminuição no preço das revistas; ou seja, os leitores vão pagar menos, mas vão levar muito menos. Aí vem a pergunta: por que recorrer a esse tipo de retórica, em vez de ser direto e claro com os leitores?

Se eu fosse um consumidor dos produtos da Panini, eu preferiria uma abordagem mais sincera, explicando que as mudanças se devem à diminuição nas vendas das revistas e aos aumentos nos custos gráficos. Porque aí sim as medidas da editora tornam-se mais compreensíveis, como uma opção de reestruturação dos títulos, em vez de um aumento automático nos preços praticados até então. Porém, ao tentar disfarçar o remanejamento da sua linha editorial com a retórica de “uma nova era” (ou de “uma revolução”), a Panini acabou angariando a desaprovação da mídia especializada e dos próprios leitores que, é claro, não demoraram muito para perceber a manobra. O que talvez ainda falte a muitos perceber é que, no fim das contas, não há realmente o que lamentar.

Como venho dizendo há muito tempo neste blog, a maior parte dos quadrinhos mensais da Marvel e DC Comics não passa hoje, na melhor das hipóteses, de mero produto comercial descartável (ou de mero lixo cultural, como eu dizia em outros tempos). Embora muitos fãs falhem em perceber, por baixo da camada brilhante e dinâmica, das cenas bombásticas e dos desenhos detalhados, não há muito que se aproveitar. Falta história, falta habilidade narrativa, falta originalidade, falta o que realmente faz de uma HQ algo que deva ser lido e mereça ser lembrado. Nem sempre foi assim e nem sempre é assim, pois já se fizeram muitas e ainda se fazem algumas revistas mensais de qualidade. Mas então o que falta à Panini para fazer uma verdadeira revolução editorial?

Não sei os detalhes dos contratos que a multinacional e seus representantes no Brasil assinaram com a Marvel e a DC Comics. Não sei que obrigações e que limitações esses contratos impõem. Contudo, reservo-me o direito de uma pequena especulação: em vez de republicar quase tudo que as editoras norte-americanas lançam, não seria mais interessante, para o mercado de quadrinhos e para os leitores de super-heróis, se a Panini selecionasse mais o material, lançando apenas os produtos mais relevantes e de melhor qualidade? Os meios para essa seleção já estão dados no próprio processo de publicação, já que as HQs chegam às bancas com meses de diferença em relação à sua publicação original, o que permitiria se saber o que teve ou não uma boa repercussão.

Contudo, realizar tal seleção dá mais trabalho que simplesmente publicar quase tudo que se tem à disposição (talvez a última vez que os quadrinhos norte-americanos passaram por uma seleção editorial no Brasil tenha sido com a Pixel Magazine). Uma revolução de fato no mercado brasileiro seria a Panini lançar uma linha de quadrinhos brasileiros. Mas isso jamais acontecerá (infelizmente!). A editora tem ao menos o mérito de publicar a Turma da Mônica, que vende mais que qualquer quadrinho estrangeiro em nosso mercado (felizmente!). E foi com a marca de Panini que chegou às bancas a Turma da Mônica Jovem, a versão mangá dos personagens de Maurício de Sousa, que fez escola editorial e é provavelmente a série mais vendida em nosso mercado hoje.

Desde que assumiu a publicação dos super-heróis Marvel e DC Comics, a Panini teve alguns acertos louváveis (como a publicação de volumes com HQs clássicas), mas também cometeu equívocos imperdoáveis (como erros de revisão em publicações de luxo). Ao continuar inundando as bancas com revistas de baixa qualidade, a editora pode estar cometendo um erro definitivo. Afinal, os quadrinhos continuam sendo um segmento editorial ameaçado por crises periódicas e pela progressiva diminuição de seu público. Neste sentido, a verdadeira “revolução” será feita sempre por aqueles que publicarem HQs de qualidade a preços justos, contribuindo assim para a formação de novos leitores e a permanência dos atuais. Pois só desta forma, conquistando novos leitores e cativando os atuais, os quadrinhos irão se manter uma arte relevante também no século 21.

12/04/2010

Um novo “crossover” mutante da Marvel.


Até meados dos anos 70, talvez ninguém apostasse que os X-Men se tornariam um dos títulos mais populares da história dos quadrinhos. Afinal, apesar do começo promissor pelas mãos de Stan Lee e Jack Kirby, e de uma boa fase com Roy Thomas e Neal Adams, na primeira metade daquela década os heróis mutantes passaram pelo pior momento de sua trajetória. As vendas caíram e, em 1970, a revista The X-Men passou a reeditar antigas histórias.

A situação só começaria a mudar em 1975, quando o roteirista Len Wein e o desenhista Dave Cockrum lançaram uma nova versão do grupo de heróis, no especial Giant-Size X-Men #1. Introduzindo personagens como Tempestade, Noturno, Colossus e Wolverine, esses autores revitalizaram a série, abrindo espaço para o sucesso que viria em seguida, quando a revista passou a ser escrita por Chris Claremont. Dois anos depois, seria a vez de o desenhista John Byrne se juntar ao título, dando início a uma ascensão que levaria os X-Men à liderança no mercado norte-americano. O fato é que, na virada para os anos 80, os mutantes eram os personagens mais populares das HQs de super-heróis.

Surgiram então minisséries como Wolverine (que marcou o sucesso astronômico desse herói) e novas revistas como The New Mutants (com uma nova geração de heróis), X-Factor (com a primeira geração de pupilos do Professor X) e Excalibur (misturando ex-X-Men e heróis britânicos em aventuras interdimensionais). Nessa época, a Marvel passou a investir em crossovers e super-sagas que interligavam várias revistas, reunindo seus principais personagens contra uma ameaça comum. Os mutantes, é claro, não ficaram de fora dessa onda. Assim surgiram, a partir de 1985, histórias como Guerras Asgardianas, Massacre dos Mutantes, A Queda dos Mutantes e Inferno.

O sucesso dos primeiros crossovers mutantes garantiu a repetição da fórmula no início dos anos 90, com Dias de um Futuro Presente e Agenda da Extinção. Contudo, logo viria uma das piores fases desses personagens. Com a Marvel beirando a falência, o ritmo dos grandes encontros diminuiu, embora tenham sido publicados a super-saga Massacre e o crossover A Era do Apocalipse. O que se seguiu então foram estreias e retornos, mortes e ressurreições de personagens, muitos equívocos e manipulação editorial, que minaram a popularidade dos heróis. Seria necessário o sucesso de X-Men – O Filme para que os heróis mutantes retomassem sua relevância.

Tornando-se novamente um título (ou como se diz hoje: uma “franquia”) muito rentável, os X-Men voltaram a multiplicar-se em diferentes revistas mensais, especiais e crossovers. Essa retomada levou, entre 2005 e 2007, às histórias House of M, Decimation e Endangered Species, nas quais a raça mutante é colocada em risco de extinção. Reduzidos a poucas centenas, os mutantes lutam agora para sobreviver e se adaptar à nova realidade, como se vê em Messiah Complex, Divided We Stand, Manifest Destiny e outras histórias de nome pomposo, publicadas entre 2007 e 2009. E tudo isso culmina, segundo os editores, em X-Men: Second Coming, o crossover mutante de 2010.

A exemplo do que fez com Siege, a Marvel promoveu o lançamento de Second Coming com uma revista gratuita. Além de um prólogo em tom lúgubre, que sugere que um dos heróis morrerá logo no primeiro capítulo, a edição traz listas de coletâneas dos X-Men, páginas com esboços das ilustrações de capas, anúncios de edições, informações sobre a personagem Fênix e uma listagem das revistas e especiais que formarão o novo crossover mutante. O título da história, com sua ressonância apocalíptica que remete à “segunda vinda" de Cristo, refere-se ao retorno da mutante Hope, a primeira criança a nascer depois que o gene mutante foi “desligado” pela Feiticeira Escarlate.

Embora sua distribuição gratuita não deixe muita margem para reclamações, X-Men: Second Coming Prepare não deixa uma sensação de “quero mais”, e sim de que faltou algo, de que ela poderia ter instigado mais o interesse do leitor. Para os fãs dos "filhos do átomo", fica a promessa de mais um crossover que adicionará novos acontecimentos à complexa trama dos heróis mutantes da Marvel. Já para alguém que acompanhou várias outras histórias do gênero, fica a certeza de algumas edições inteiramente dispensáveis e bastante drama superficial que não acrescentará muito à história dos quadrinhos.

09/04/2010

Siege, a mais nova super-saga Marvel.


Desde o sucesso comercial de Guerras Secretas (1984) e Crises nas Infinitas Terras (1985), as grandes editoras norte-americanas, Marvel e DC Comics, vêm repetindo a fórmula da “super-saga”. Com pequenas variações de trama e elenco, basicamente as histórias giram em torno de uma grande ameaça ou complô orquestrado por um supervilão, o que leva à ação mais ou menos conjunta dos principais heróis. Muito badaladas, as super-sagas tendem a gerar edições especiais, além de interligar todos os títulos da editora em questão, com a promessa de que “depois deste evento, nada mais será como antes”.

Mas, descontando uma ou outra morte contornável (Flash, Super-Moça) ou uma ou outra mudança passageira (o uniforme negro do Homem-Aranha), as super-sagas são, na verdade, uma fórmula mercadológica que deu certo, sendo repetida à exaustão nas últimas duas décadas. Embora ninguém precisasse de Guerras Secretas II ou de Zero Hora: Crise no Tempo, elas vieram para explorar um pouco mais da boa-fé dos leitores e empurrar um pouco mais os quadrinhos de super-heróis para o abismo criativo em que estiveram por boa parte dos anos 90 e do qual não se reergueram completamente.

O fato, porém, é que as super-sagas costumam dar lucro para as editoras, e estas não vão “largar esse osso” tão cedo. E enquanto a DC chega aos momentos finais da badalada Blackest Night de Geoff Johns (da qual já falei brevemente aqui), a Marvel põe em andamento Siege (Cerco), o mais recente plano do traiçoeiro Loki para derrotar os heróis, ou ao menos angariar o rico dinheirinho dos incautos leitores. Quanto a mim, preferi não gastar minhas economias numa das edições dessa nova super-saga Marvel, mas consegui um exemplar de Origins of Siege, revista gratuita que a editora lançou para promover a minissérie.

A tática de oferecer aos leitores uma edição introdutória de graça é inteligente e certamente compensatória para as editoras. Distribuída gratuitamente no Free Comic Book Day de 2009, Blackest Night #0 deixou felizes os fãs fiéis, ao mesmo tempo em que angariou novos leitores para a DC. Da mesma forma agora, Origins of Siege deve atrair o público, com a promessa de ser “sua primeira olhada no evento em preparação há sete anos”. Com 32 páginas mais capa, boa impressão e HQs com pintura ou colorização digital, oferecida pelo preço de capa de $0.00, a revista até que não decepciona.

Um prólogo, produzido por Brian Michael Bendis e Lucio Parrillo, abre a revista e traz o deus Loki explicando a Norman Osborn a “verdadeira” estrutura do Universo (que inclui reinos da mitologia nórdica e personagens que parecem saídos de O Senhor dos Anéis). A seguir, temos uma exposição das motivações que movem o deus das trapaças (ligadas ao fato de o Reino de Asgard encontrar-se agora flutuando em algum lugar de Oklahoma). Embora estejam bem ao gosto de muitos leitores hoje, as páginas em pintura digital desse prólogo são um tanto estáticas para o que se espera de uma HQ da Marvel.

Melhor e mais dinâmica é a prévia de seis páginas, retirada da própria minissérie escrita por Brian Michael Bendis e ilustrada por Olivier Coipel e Mark Morales. Nela, vemos um diálogo em “off” de Loki e Osborn, em que aquele revela como pretende colocar seu plano em prática. No centro da ação está o deus Vostag, que, após uma atuação policial, acaba às voltas com um quarteto de vilões saídos de antigas HQs do Hulk. Completam essa revista promocional doze páginas muito bem ilustradas, com as “origens” de diversos personagens-chave (como Capitão América, Homem de Ferro, Homem-Aranha e Wolverine).

Ao que parece, para os leitores viciados nas HQs dos heróis Marvel, Siege traz a promessa de bastante diversão, numa complexa trama interligada (já que, além dos quatro números da minissérie, a história também inclui edições especiais e revistas regulares). Já para os leitores mais experientes, talvez essa nova super-saga da Marvel traga um gosto de história requentada, de Guerras Asgardianas ou Atos de Vingança. Fica, é claro, a critério de cada um pagar para ver, ou poupar seu dinheiro para gastar em quadrinhos mais interessantes e artisticamente relevantes.

01/04/2010

O Astronauta e o MSP + 50.


31/03/10

Para quem ainda não visitou o fotolog do Will, reproduzo aqui a versão do Astronauta que ele criou para nossa participação no MSP + 50. Estamos com tudo quase pronto e o trabalho está ficando bem legal! Aguardem...

08/03/10

Agora que uma primeira divulgação oficial já foi feita, posso compartilhar com todos minha alegria por ter sido convidado a participar do livro MSP + 50. Essa segunda coletânea de HQs com os personagens de Maurício de Sousa, escritas e desenhadas por outros autores, deve ser lançada no início do segundo semestre, trazendo a participação de grandes feras de nossos quadrinhos.

Quando o amigo Sidney Gusman me ligou em fins de janeiro para fazer o convite, dizendo que eu poderia escolher qualquer personagem, não pensei duas vezes e logo propus escrever uma HQ para o Astronauta. Também não levei mais de um segundo para imaginar qual o colaborador ideal para a HQ: o talentosíssimo Will.

E como escrever quadrinhos é a grande paixão de minha vida, poucos dias depois o texto da HQ de 5 páginas "* ***** ***" já estava na caixa de e-mails do Sidney. Aprovado o texto, finalizei o roteiro e passei o trabalho para o Will. Por coincidência, vi hoje o primeiro esboço das páginas e ficará um trabalho muito bacana! Agora é aguardar o lançamento de MSP + 50...

Para encerrar, não posso deixar de expressar aqui meu agradecimento a Sidney por ter se lembrado de mim para a seleção de autores desta nova edição. Valeu, Sidão!